Capítulo 18

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Sarah:

Com o fugaz chamado de Jake, a equipe logo chegara para ajudá-lo no manuseio do desfribilador, enquanto que eu entro em total inércia.
- Precisa sair agora, Sarah!!! - Ele grita pela primeira vez comigo e então me retiro do quarto imediatamente.
Já na sala de espera, sinti que não suportaria o peso do meu corpo em pé por muito tempo e então sento-me em uma cadeira. A única possível ação cometida por minha mente era a de fazer breves orações silenciosamente, as esperanças haviam se esgotado e o que restou foi a fé. De alguma forma, busquei me convencer de que se Deus poupasse a vida de Maurício, eu tentaria ser alguém melhor e apagaria de uma vez por todas a armagura que ele me causara, já que nem o tempo fora capaz de tal feito.
Alguns minutos mais tarde, Jake sai do quarto e vai ao meu encontro, seu rosto brilhoso pelo suor era a real consequência da tensão contínua que lhe estava sendo imposta.
- Jake... ele... - A preocupação me impedira de seguir a fala. Procurei veemente não deixar-me levar pela resposta aparente em seu semblante e sim pelas palavras que saíram de seus lábios.
- Ele está... bem! - Diz soltando um suspiro de alívio que me induziu a fazer exatamente o mesmo.
Logo o envolvo em um abraço, não havia nada a ser dito, um agradecimento oral não seria suficiente e estar entre os braços de Jake sempre tinha o poder de transformar cada dor menos pesada.
- Sarah... - Ele sussura próximo ao meu ouvido.
- Não... não diga nada... esse momento é só nosso então...
- Eu menti! - E bastaram duas breves palavras para que o clima acabasse num instante. Eu o afasto, muito angustiada.
- Por favor... diz que ele... que ele não...
- Não, ele está bem, não é sobre isso - Jake afirma, com os olhos marejados - Lembra-se da última conversa que tivemos antes de tudo isso?
Sua pergunta não traz de volta só a lembrança do que havíamos falado, mas também da raiva que o momento me causara.
- Sim - Afirmo, com um tom de voz diferente da Sarah de alguns segundos atrás.
- Era tudo mentira. Não existe esposa, não existe filho morto, eu... menti...
Num impulso, uma de minhas mãos levantam para atacá-lo e o que me impede é a visão de uma criança com a cabeça totalmente raspada caminhando lentamente ao lado de uma mulher, ambas tristonhas. Eu decidi poupá-las de presenciarem semelhante agressão.
- Por que? Me diz, por que fez isso? Por que mentiu se eu te avisei desde o começo que jamais admitiria uma mentira. Talvez a nossa amizade também devesse entrar na lista que você fez na sua última fala, não? - Me aproximei de Jake ao ponto de confundir nossas respirações. - Mas quer saber? Parabéns - Começo a bater palmas baixinho - Pelo menos não é tão inconveniente como médico, achei que fosse uma das pessoas mais repletas de qualidades que eu já conheci, ah, lembrei, isso era mentira também, não é? -
- Sarah... deixa eu te provar que nada do que demonstrei sentir por você foi um engano... por favor! - Ele suplicou, choroso.
- Provar? Não tem o que provar Jake...
- Tem sim, sempre há como provar quando os sentimentos são verdadeiros e tão entregues quanto os meus. Eu só quero uma chance, esquece tudo isso e vem fazer uma breve viagem comigo? - Seu convite termina de vez com a minha coragem de respondê-lo.
- Doutor, precisamos de sua ajuda - Um enfermeiro avisa, nos interrompendo.
- Pensa com carinho e depois você responde, já tenho alguém para cuidar da minha mãe quando estivemos fora - Ele fala, calmamente e depois se retira.
E as recordações ressurgem.

Flashback On:

Estava saindo da casa de Maurício na noite do desaparecimento de Nick, quando Bridget me surpreende no jardim.
- Sarah... espera... - Ela diz e então me viro para ouvi-la, com Emma dormindo em meus braços.
- Toma, aceite isso para poder levar sua menina para dormir em algum lugar e alimentar ela amanhã - A senhora estende as mãos segurando algumas notas de dinheiro.
- Obrigada Bridget, mas eu não posso...
- Pense nela Sarah, a criança merece se recuperar em um lugar confortável, estou te dando de coração - Ela insiste ainda com as mãos estendidas.
Fico calada por um tempo, racionalmente pensando eu sabia que se não aceitasse, roubaria de minha pequena a tranquilidade que ela necessitava por seu estado de saúde, e acima de tudo, merecia, tais coisas estavam em minhas mãos naquele momento. Então aceito e a abraço, com o coração pesado pelo medo de estar tão sozinha.
- Obrigada Bridget, você foi um anjo que Deus colocou nesse lar de escuridão. Sempre me lembrarei disto. Que Deus te abençoe!
- Não agradeça, você e sua menina não merecem nada disso e mesmo assim, você se mostrou tão corajosa. Te desejo toda felicidade do mundo Sarah. Não se sinta só, querida, Deus estará sempre ao seu lado.
Continuamos unidas por aquele abraço, até um táxi chegar e finalmente, eu partir sem rumo com Emma.
Pedi ao taxista que nos levasse a um hotel qualquer, mas que não custasse tão caro a estadia e ele assim o fez. E então aquela tempestuosa noite passou.
No dia seguinte, levantamos bem cedo  para iniciar a procura por casa e emprego. Qualquer trabalho que aparecesse seria muito para mim, eu o aceitaria sem questionamentos.
Primeiro fomos a um supermercado para comprar alimentos básicos, e no momento em que entro em uma das filas de caixa, olho para os lados e não encontro Emma, até vê-la correndo em minha direção, esbarrando no moço que estava atrás de mim.
- Desculpa moço... mamãe, eu quero! - Ela diz com uma barrinha de chocolate que mal cabia entre suas mãos.
- Filha, não corre assim, você não viu o moço? - Questiono, ainda sem ver o rosto do tal rapaz.
- Tudo bem, não foi nada, não é garotinha? Qual é o seu nome? - A voz atrás de mim contribuí para uma maior curiosidade em descobrir seu dono. Quando o olho, fico boquiaberta.
- Eu sou a Emma, e você?
- Me chamo Jake. E você, moça? - Ele indaga, iniciando um conflito entre os meus pensamento e a realidade.
- Oi? Ah... eu sou Sarah - Respondo, gaguejando e ao mesmo tempo captando cada traço que tornava seu  rosto tão memorável.
- Prazer em conhecê-las. Novas aqui? Me desculpe pela curiosidade, é que o sotaque de vocês me pareceu diferente - A simpatia de Jake era notável apenas com o sorriso que não saía de sua boca em momento algum.
- Sim... somos novas, chegamos ontem - Por algum motivo eu já estava dando explicações a mais do que deveria.
- Vamos procurar uma casa, né mamãe? - Emma parece seguir o meu ritmo, estava claramente encantada.
- Sério mesmo? Não precisam procurar mais. Tenho um apartamento para ser alugado, muito simples, porém bonito e bem localizado aqui na cidade. Se quiser, podemos ir vê-lo agora mesmo.
A sensação de conforto fora inacreditavelmente maravilhosa, jamais imaginaria que seria tão fácil e rápido.
Emma se apaixonara pelo lugar onde moraríamos dali para frente, Jake conheceu nossa história e sugeriu não cobrar aluguel enquanto eu estivesse desempregada, definitivamente isso não aconteceria por muito tempo, então decedi não recusar.
Os dias foram se passando e a cada nova descoberta sobre o amável moço só fazia crescer uma admiração e confiança nos homens que eu havia perdido. Quando Jake me disse que era um médico já formado, lembrei que trabalhar nessa área sempre fora um desejo antigo até então impossível de ser realizado e em meio a esse asunto, ele recorda que um dos hospitais de referência da cidade estava em busca de voluntariados para exercer um breve curso de enfermagem, e sem pensar muito, agarro tal oportunidade. Aos poucos, fui me aperfeiçoando e com alguns meses de estudos, comecei a trabalhar ao lado de Jake.
Minha vida estava perfeitamente estabilizada, tudo se mostrava como um belo encaixe de quebra-cabeça onde a peça faltante era a família que cedo a vida me tirara. Sim, Bridget estava certa, eu não estava sozinha.
Certo dia, Jake e eu saímos para tomar um café e  durante os risos e conhecimentos que trocávamos, o senti me olhar de um jeito diferente.
- O que houve? - Indago, um pouco envergonhada.
- Sua beleza é fascinante - Ele afirma, colocando suas mãos sobre as minhas, acelerando as batidas do meu coração.
- Jake...
- Sua doçura tem despertado sentimentos incríveis que eu jamais soube que existia Sarah... Obrigada por essa nossa linda união, jamais permitirei que ela tenha um fim. Eu te juro!

Flashback off

Maurício:

Desperto lentamente, sentindo breves pontadas na cabeça.
- Oi... - Ouço uma voz serena um pouco distante, abro os olhos completamente e vejo uma linda moça sorrindo para mim.
- Oi... quem... é você? - Pergunto, confuso.

Boa noite pessoal lindo, e aí, gostaram?  Acham que Sarah deve ou vai aceitar o convite de Jake? Deixem seus comentários aqui sobre suas opiniões, e não esqueçam das estrelinhas ao fim da leitura. Espero que tenham gostado!
Boa noite fiquem com Deus beijos ♡♡♡

Seu Amor, Meu Bem MaiorOnde histórias criam vida. Descubra agora