Alguns minutos depois desmontou e guardou todo seu equipamento na mochila, apagou o cigarro e se dirigiu para a outra extremidade. Conforme caminhava tirava algumas fotos e anotava em um bloco de papel para posterior identificação das mesmas. Caminhando pela praia descobriu um ponto que poderia ser o ideal como posto de observação. Ficava no lado sul do complexo turístico e do lado oposto onde se encontrava agora. Era um morro onde havia alguma vegetação o cobrindo parcialmente.
O sol estava forte e ele sacou a garrafa de água mineral que carregava em um bolso lateral da mochila. Ás águas européias e asiáticas tem um gosto peculiar e notava não terem o mesmo gosto da sul-americana. Apesar de que muitos diziam estar localizada na China a mais pura fonte de água do mundo, imaginou que talvez as engarrafadoras usassem alguma substância química. Lembrara-se de Ter lido na " Science & Fiction", um tablóide americano que circula no Wiscousin, que devido aos testes nucleares feitos no pacífico e em outras regiões a água potável desses locais ou adjacências poderia estar contaminada. Segundo especialistas os lençóis freáticos desses locais se localizavam em regiões onde haveria perigo de contaminação.
Não teve dificuldades para ler as placas que diziam ser aquela a praia mais limpa do Brasil, no entanto observou que ainda assim, em alguns pontos da praia havia água que escorria de canais em direção ao mar e também o lixo se acumulava em algum desses locais.
Pessoas passaram perto dele. Argentinos. Fugiu à vontade de trocar algumas palavras, na tentativa de entabular conversa e conhecer um pouco mais sobre o interior do Resort. Teria tempo para isso mais tarde.
Poderia ter se alojado mais próximo mas temia causar suspeitas e um pouco distante, poderia trabalhar mais á vontade.
Ao ver os Portenhos Lembrara-se da última vez que estivera ao norte da Argentina, na provincia chamada Gran Chaco, na divisa com o Paraguai, arrumando as coisas para um exportador argentino com problemas com um desembargador. Foi um serviço rápido e fácil. Em uma semana tudo estava resolvido. Como o homem gostava de pescaria não estranharam encontrar o corpo do desembargador, ou o que sobrou dele, em um rio cheio de piranhas. Seu nome jamais foi ligado ao caso.
Na área em que trabalhava quanto menos se sabia sobre a pessoa melhor este era, pois o silêncio e a completa falta de suspeitas eram a marca da qualidade profissional.
Chegou finalmente em frente ao majestoso complexo hoteleiro que se erguia como se fosse uma espécie de fortaleza medieval cercada por um muro com quase dois metros de altura. Contemplou os arredores. Havia guardado a camêra fotográfica. Uma camêra a tiracolo poderia parecer coisa de simples turista, mas ao mesmo tempo corria o risco de algum segurança implicar com isso, e depois seu rosto poderia ser facilmente identificável.
Havia um restaurante em frente ao mar, ainda dentro do Resort, e ao lado deste estava a entrada para o hotel. Não havia seguranças no portão. Talvez fosse muito cedo para isso. Faltavam ainda trinta dias para o encontro. Logo em frente ao restaurante alguns hóspedes descansavam estirados em suas cadeiras de praia sob a sombra de um guarda-sol. Seria muito fácil adentrar no recinto naquele momento, mas no dia do evento haveria ali uma centena de seguranças e agentes.
Ele observou atentamente o local, procurando não despertar suspeitas. Sentou por um instante na areia e ficou a olhar o mar. Na verdade sua mente esquadrinhava os arredores e fazia mentalmente um mapa, delineando os contornos e entornos do local.
Caminhou em direção ás pedras no costado direito do mar e que não ficavam distantes mais que trinta metros do Hotel. O Costado de pedras ia dar em um morro que circundava o local. Escolheu este como seu posto de observação. O morro se erguia ao lado esquerdo do complexo, completamente colado a este. Percorrendo o costão havia uma nova construção sendo erguida. Era o local onde seria inaugurado o Hotel Internacional. Parecia algo grandioso. Contou cerca de 120 apartamentos em um prédio de apenas três pavimentos. Concluiu que a Obra já estava em sua fase final. Alguns operários estavam trabalhando e olharam em sua direção com curiosidade. Ficou um pouco preocupado, mas logo percebeu que eles dirigiam o olhar para algumas garotas que estavam deitadas sobre as pedras, se expondo ao sol e aos olhares dos curiosos.
Caminhou por uma pequena trilha aberta por pescadores que contornava o morro até certo ponto, então olhando ao redor para certificar-se de estar sozinho, galgou para dentro da pequena mata na tentativa de obter um ponto isolado e que melhor lhe aprouvesse.
A vegetação era alta o suficiente para encobrir um homem, porém havia muitos arbustos que cortavam a pele e em pouco tempo viu suas pernas verterem alguns arranhões. Resolveu memorizar o caminho pois teria que voltar ali mais vezes e em uma delas teria que trazer equipamentos.
Depois de quase duas horas caminhando na mata do morro chegou a uma pequena clareira onde havia uma pedra saliente, sobreposta como uma mesa, onde poderia melhor posicionar-se, estirado ao chão. Ajeitou a luneta e o suporte desta. Após certificar-se que as pernas metálicas do suporte estavam bem fixas ele tentou obter a melhor vista. Com uma faca cortou alguns galhos e ramos que estavam á sua frente prejudicando a visão. Cortou somente o estritamente necessário, pois tinha que tomar cuidado para não ser visto lá de baixo e também não poderia deixar vestígios de que alguém estivera ali.
Centrou o foco e obteve um Angulo que considerou perfeito. Começou a filmar novamente. O complexo turístico era formado por quatro grandes conjuntos arquitetônicos. Uma fortaleza de muro com mais de dois metros de altura e sobre o muro uma cobertura de mata espinhosa protegiam o Village, o Centro Internacional de Eventos, a Clínica de Spa e o Hotel Internacional, ainda em construção. O Village era voltado para o turismo familiar, com a privacidade e segurança de um moderno condomínio fechado. Eram quatorze vilas sendo que dessas a última unidade ainda estava por terminar, perfazendo um total de 217 confortáveis unidades habitacionais. O Hotel Internacional era o mais próximo do morro onde estava. Ali estavam os operários, que o viram de passagem. Observou suas piscinas e os decks em direção ao mar. Se concentrou em um bloco de construção mais no interior do complexo, O Centro Internacional de Eventos. Que era onde deveria conseguir analisar a maior quantidade possível de pequenos detalhes. O Centro de Eventos ocupava uma área, calculou, de uns cinco a seis mil metros quadrados, onde divisou amplas salas de exposições, restaurantes e lojas além de um enorme pátio para estacionamento. Enquanto a máquina filmava os arredores começou a tirar outra seqüência de fotos.
Prestou atenção no uniforme dos empregados. Com um zoom da potente e poderosa luneta, que era encaixada sobre a camêra onde mais tarde se encaixaria uma arma mortífera, ele identificou os mínimos detalhes do figurino de um homem que estava servindo um cliente á sombra de um guarda-sol. A potência de alcance era tamanha que ele poderia dizer facilmente a cor do esmalte da unha na mão de uma senhora no balcão do restaurante. Novamente a luneta começou a filmar. O homem de Amsterdã fizera um bom trabalho.
Com uma caneta anotou tudo o que observara no pequeno bloco onde já havia anotado a seqüência de fotografias. Prestou atenção especial em pontos que poderiam estar posicionados os seguranças no dia do evento. Tentava imaginar se eles poderiam enxergá-lo lá de baixo. O Angulo e a distância da visão dos prováveis agentes não permitia que vissem além do emaranhado de galhos e folhas. Concluiu que não havia a menor chance disso de alguém lá de baixo, a olho nu, poder avistá-lo.
O local era perfeito. Pelo que sabia jamais chefes de estados se reuniam em locais abertos. No entanto eles teriam que sair das salas uma hora ou outra, e essa seria a oportunidade que ele teria. Única que fosse essa oportunidade, não poderia e não iria desperdiçá-la.
Anotou mentalmente que teria que conseguir uma planta do local e procurar ficar por dentro do esquema de segurança. A policia local já divulgara alguma coisa superficial, mas ele gostaria de saber se a P.F. e a ABIN contariam com alguma ajuda externa. Com certeza teria alguns agentes no local. Mas agentes nunca representaram dificuldades para ele identificar. Todos gostam de roupas bem arrumadas e até mesmo os camuflados são facilmente identificáveis, pois o linguajar e os modos, por mais que tentem disfarçar, sempre são superficiais e fáceis de alguém mais atento perceber.
Ele se antecipara trinta dias ao encontro, e com surpresa constatara que não havia agente algum no local, prevendo a movimentação de algum grupo radical no perímetro. Depois de quase uma hora observando, filmando e anotando resolveu descer. Havia diversas pedras soltas pelo caminho além dos galhos com espinhos pontiagudos. Com cuidado rigoroso e muito equilíbrio desceu pelas pedras. Só o que faltava era ser descoberto por causa de um tornozelo torcido ou um tombo. Estava chegando a areia da praia quando repentinamente um rapaz surgiu de por entre uns arbustos.
--- Ei? Tem trilha lá para cima?....- disse um rapaz sem camisa saindo do mato e vendo o caminho por onde o homem de óculos escuros e boné surgira.
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Morte em Dezembro
Misterio / SuspensoUm homem sem rosto. Um assassino frio e perfeito. Um encontro Internacional em um resort em Florianópolis. Autoridades Federais e Internacionais na caça de um homem cujo objetivo é assassinar o futuro Presidente dos Estados Unidos em visita ao Bras...