Capítulo Trinta e Cinco

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Tudo o que ele disse sobre meus sonhos mexeu comigo, não queria dar o braço a torcer, mas ao agradecê-lo fui sincera, pois precisava que alguém falasse aquilo para mim, precisava ser sacudida para eu acordar para a vida. Nos dias seguintes amadureci a ideia e resolvi colocar em prática, não contei nada ao Daniel, ele mal para em casa, e mal tenho sentido sua falta, dia sim, dia não dorme fora. Graças a Deus que as crianças não repararam.

Passei três dias indo, assim que deixava as meninas e o Davi no colégio, para o centro de Manhattan procurar um galpão para comprar. Não quis contar para ninguém. Contaria ao Daniel quando eu comprasse e começasse a obra. Passei dois dias olhando sem parar, até que entrei em um que me conquistou. Era enorme, três andares e daria exatamente para o que eu queria. Fiz uma proposta com um valor mais real do mercado ao corretor, o mesmo repassou a proposta ao dono que aceitou na hora, estava muito feliz. Apesar de tudo, quis contar ao Daniel. Peguei o celular e descobri que estava descarregado, que droga então pedi para o corretor me emprestar rapidinho o celular e liguei para ele.

–Alô – a voz de uma mulher atendeu.

–Alô gostaria de falar com o Daniel, por favor. – ouvi ela chamá-lo e um barulho de água escorrendo atrás, ele gritou que não podia atender.

–Ele não está podendo falar no momento, quer deixar recado?

–Só fala que a esposa dele ligou então.

–Esposa? – falou com sarcasmo.

–Sim, e mãe dos filhos dele, caso ele não tenha falado. – ficou mudo o telefone.

O meu sangue ferveu, ela desligou na minha cara, muito cara de pau mesmo, e ele é um safado ordinário. Eu já sabia que ele havia me traído algumas vezes, não sou burra, sei que homens têm suas necessidades, mas para que a pessoa atendesse o telefone, é por que já tinha uma certa intimidade e isso me desnorteou. O que fizemos do nosso casamento?

Fiquei arrasada com essa ligação, mas consegui fechar o negócio, então o galpão era meu. Aliás dos meus filhos, coloquei no nome dos três, Graças a Deus meu sonho estava se realizando. Eu contrataria algumas pessoas para me ajudar. No primeiro andar ficaria para aulas de dança: contemporânea, ballet, jazz e sapateado. Segundo andar seria para aulas de teatro, pintura e um espaço vou deixar para pilates e RPG. No terceiro andar ficaria meu escritório e uma biblioteca. Seria um projeto enorme, mas sei que daria certo, não tem muitos desses próximos de onde eu comprei o galpão e tem muitos colégios e prédios residenciais.

Deu o horário do almoço e fui pegar o Davi no colégio, e aproveitei para tirar as meninas do colégio antes da hora, estava ansiosa para mostrar isso a eles. Mandei mensagem para meu pai e para Kamila combinando para me encontrarem no endereço do galpão, só não contei para que, eu estava feliz.

–Mãe, aconteceu alguma coisa? – Helena perguntou preocupada assim que entrou no carro.

–Quero mostrar uma coisa muito importante para mim, a vocês.

–Aí mãe, pensei que tivesse acontecido algo ruim – quem falou dessa vez foi Heloise.

–Desculpa meninas, só estou ansiosa.

–Nossa, deve ser algo importante – Helena disse.

–É sim, e quero dividir isso com meus três filhos.

Enquanto eu falava, Davi ficou me olhando, ele era um menino muito lindo, super amoroso, atencioso e observador. Prefere observar do que falar. Diferente das meninas que sempre foram faladeiras.

–Davi, você almoçou tudo meu filho?

–Sim, mamãe. Aquela chata da tia Juliana falou que eu tinha que comer tudo.

–Ela não é chata, é a nutricionista do colégio, não pode falar assim dela.

–Desculpa mãe.

–Tudo bem, filho. Nós só queremos o seu bem.

–Isso aí pestinha, você tem que comer para crescer e ficar igual ao papai. – Helena sempre mexendo com o irmão.

–Não quero ficar como o papai, eu quero ser diferente. – Davi falou.

–Como assim meu filho?

–Quando eu casar quero ficar com minha esposa. Ele não fica em casa com a gente, ele nunca participa em nada da minha escola. – falou e fez cara de quem queria chorar.

–Você sabe que seu pai é muito ocupado. – eu o olhei pelo retrovisor, ele estava triste, mas não queria e não tinha o direito de colocar o filho contra o pai. – Davi independentemente de qualquer coisa você sabe que eu e seu pai te amamos, não é?

–Sei sim mamãe. – olhei novamente para ele e vi que Heloise o abraçou, se eu não tivesse dirigindo, eu mesma teria o abraçado e teria ninado meu menino, meu doce menino.

–Nada de tristeza vocês dois. Gostaria de dizer que quando a mamãe engravidou da Helena e da Heloise, eu tinha um sonho profissional, porém tive que esperar pois cuidar de dois bebês iria me consumir bastante, mas agora que já estão criadas e o Davi está grande, posso voltar ao sonho.

–Que bom, mãe, fico feliz pela senhora – Helena foi a primeira a se pronunciar.

–Eu também mãe – Heloise falou.

–Também – Davi tinha parado de chorar e já estava feliz, brincando de boneco com a irmã.

Chegamos ao galpão e mostrei a eles e falei tudo que eu gostaria de fazer com o local. Davi correu de um lado para o outro, sem prestar atenção a nada que eu dizia, mas as meninas estavam comigo nesse sonho. Elas falaram que no que puderem ajudar, elas ajudarão, não podia querer nada mais do que isso, apoio das minhas filhas. Pouco tempo depois que eu havia mostrado tudo para elas, meu pai e a Kamila chegaram, então fiz um novo tour para eles também. E mais apoio veio.

–Filha, cadê o Daniel? – meu pai me puxou para longe das meninas e perguntou.

–Ele estava ocupado papai. – falei e baixei o olhar, não sabia mentir para meu pai.

–Você não sabe mentir, não é? – ele falou pegando no meu queixo me fazendo olhá-lo.

–Não sei pai, tentei falar com ele, mas não consegui.

–E o que mais Ollie?

–Uma mulher atendeu o celular dele papai.

–Você acha que é... – ele não ousou terminar a frase.

–Não sei pai e não quero saber, hoje não, quero comemorar com vocês. – me virei para onde os outros estavam e falei – quem quer ir para o restaurante Planet Hollywood?

–Aquele famosão? – Heloise perguntou.

–Sim, esse mesmo o que é todo decorado com coisas de cinema.

–Queremos – todos falaram em uníssono.

Eu estava radiante e todos estavam também por tabela, fomos para o restaurante, sentamos todos em uma mesa enorme e fiquei virada para entrada do local, no decorrer da conversa não deixei de lembrar do John, de quando tivemos ali, enquanto eu pensava nisso meu corpo se arrepiou, achei estranho, mas logo percebi por que de me arrepiar daquele jeito. John estava na entrada do restaurante e olhando diretamente para mim.

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Beijinhus

Decisões (In)corretas: segundas chances são possíveis.Onde histórias criam vida. Descubra agora