O primeiro patriarca

madrugada

Tudo estava quieto, havia passado um tempo que a lâmpada foi apagada, mas Alice estava inquieta:

_Vida, você está acordado?- disse enquanto mexia em Manske.

_Huum? Oi, que...- Sonolento Manske vira as costas para ficar de frente com Alice.

_Eu tô pensando nas palavras do nosso menino.

_ Hãm?Como assim mulher?

_Eu pensei que ele adoraria viajar... mas essa idéia dele....

_Amor ele é uma criança, isso vai passar.

_Será que passa?

_Ele é um Manske, em suas veias corre metal e fogo.

_Mas é meu filho também, se puxou algo de mim é a teimosia. - respondeu Alice com o tom de ofendida.

Manske chegou mais perto e puxou Alice pela cintura, sentindo o hálito dela disse:

_ Nosso filho amor, nosso ...

_Eu sei...Mas se ele quiser realmente ser algo que não pode?

O homem sente a voz dela trêmula, preocupada..

_Minha querida, quando ele ver como realmente funciona a forja, o instinto vai falar mais alto, só precisa de incentivo.

_Mas....

_Deixe isso comigo tá bom?

_ Eu fico preocupada, ele pode se machucar... nunca vi um cavaleiro que tenha sido ferreiro...

_Alice, eu já falei não se preocupe,  vamos apenas viver o momento.

_Mesmo assim vida...- ela suspira profundamente.

Manske entende os sentimentos de sua mulher, tendo apenas um único filho, fruto de um casamento tardio, recairia muitas responsabilidades, expectativas...

_Amor, se for o destino dele ser ferreiro, cavaleiro ou o que for, ficarei orgulhoso dele.

_Serio vida?

_Juro por minha vida!

Neste momento Alice abraça Manske.
Ele sente o cheiro do cabelo dela, sente o peito dela junto ao dele.

_Amor, vamos aproveitar o momento, viver o agora.. e  agora estamos acordados, que tal aproveitarmos esse momento?

_ Mas e se ele acordar?

Ele começa a despir Alice no escuro, e diz mordiscando o ouvido dela:

_Amor, ele tem outro traço meu, dorme feito pedra...

ZZZZZZ

Manske acorda por instinto, apenas escuridão e sons de pássaros madrugadores.

Tateando a cabeceira, encontra uma lâmpada a óleo, senta na beira da cama fazendo o mínimo de barulho, usa a pederneira e isqueiro.
A luz é fraca , bocejando ele levanta da cama.

Olhando para a cama vê sua companheira  deitada, coberta com uma manta de peles com os ombros desnudos,  dormindo profundamente.

Seus cabelos longos e soltos, espalhados parecem fios de ouro puro, sob a luz da lâmpada.

"Minha doce Alice."- pensa ele.

A vida deste homem, antes de casar era simples.
Vivia na forja, como o pai dele, como o avô dele enfim a muitas gerações de sua família.

Era chamado de velho, por causa de seu cabelo que estava com fios brancos e por passar da idade de casar.

Sua paixão desde pequeno era de aprimorar sua capacidade de forja, enquanto os jovens casavam e tinham filhos.