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Novos Caminhos...

ALGUNS DIAS ANTES de mudar de cidade e chegar enfim no Colégio Grupo, meu pai teve a brilhante ideia de me fazer uma festa assim que chegássemos na nossa nova cidade. Eu havia falado à ele que não precisava, até porque realmente não havia necessidade para aquilo, já que; 1; nunca fui o tipo de cara que curte festas, 2; não tinha sequer uma lógica para fazer uma festa na minha nova cidade, chamar os alunos da minha nova escola que nem ao menos eu saberia quem são. Mas mesmo assim ele insistiu, e por fim acabei cedendo. Não por querer, mas sim para continuar fazendo o que eu mais faço nesses últimos anos, agradar meu pai.

  Desde que minha mãe morreu ele haverá cuidado de mim esse tempo todo, e apesar da saudade que tenho dela, tenho total noção da minha sorte por ter um pai como ele, que quer sempre estar presente na minha vida e que quer saber de tudo, absolutamente tudo. Ele nunca fora um pai que tivesse vergonha de falar de assuntos... Hm... Que interessam os homens comigo. (Sem tirar o fato de que minha primeira vez foi com uma garota que ele mesmo me apresentou, na verdade todas as garotas que ele me apresentava que eram, na maioria, filhas de amigas do meu pai, eu já as levei para a cama.)

  Não me acho o pegador nem machista, apenas sei que garotos têm necessidades. Sexo é uma delas.

  Naquela noite a festa deu no que tinha que dar. De manhã fora minha primeira aula no Colégio Grupo, não tinha conhecido ninguém ainda, só olhava de relance para algumas pessoas e percebia que, algumas delas também faziam o mesmo.

  Um. Dois. Três minutos exatos encarando um grupo que estavam sentados em uma das mesas azuis do pátio comendo sei lá o que. Deixei a timidez de lado e fui até eles.

  "Oi" falei enquanto parava em frente deles. Todos dali me olharam, o que me causou um certo incomodo já que nunca gostei de ser notado.

  "E aí." uma garota de cabelo preto e curto falou comigo. Ela parecia ser gótica. "É aluno novo, né?"

  "Tá muito óbvio?" perguntei sorrindo.

  A garota iria responder, mas uma outra que estava ao seu lado foi mais rápida:

  "Você tem covinhas, que fofo!"

  "Valeu." falei, envergonhado.

  "Pode se sentar com a gente, não latimos." a garota do cabelo preto disse. "Mas eu mordo"

  Ri com seu comentário e me sentei com eles e foi assim que iniciamos uma conversa. A conversa durou o intervalo todo, e algumas pequenas partes da aula. Samantha, a garota que havia falado das minhas covinhas quando me via confuso sobre o que o resto do grupo falará, ela me explicava sobre o que se tratava. Outras vezes ela não se dava ao trabalho de explicar pois não havia o quê para explicar exatamente vindo da Lica (esse é o nome da garota do cabelo preto), já que ela, desde essas horas que passamos juntos ela foi muito objetiva em suas palavras. Me perguntei se ela sempre foi assim.

  Alguns minutos depois (vários na verdade), a aula tinha acabado. Já havia me socializado o melhor que eu consegui já que (1) não sou bom em fazer amigos, (2) a maioria, na verdade todas, as pessoas no qual falo, ou são parentes da minha família ou são os amigos do meu pai que em todas as quartas feira vão lá para casa para assistirmos juntos futebol. Agradeço pelo grupo ter feito essa parte de socialização por mim.

  Caminhamos até o parque do Colégio, como os estudantes de lá costumam chamar já que há algumas árvores e vários bancos para os alunos se sentarem. Enquanto caminhava, senti algo passar pelo meu braço e olhei rapidamente.

  "Desculpa" disse Samantha, que estava tentando dar os braços comigo.

  "Não. Tá tudo bem." falei e sorri, e ela passou o seu braço pelo meu novamente. Continuamos a caminhar pelo parque nos sentando num dos bancos. "Vou dar uma festa hoje à noite." resolvi falar, pois queria eles na minha festa. "Vai ser um prazer receber vocês lá, e se quiserem podem chamar outros amigos seus também." dei de ombros.

  "Opa!" MB exclamou. "Se tem festa tem Maurício Bernardo também!" disse ele passando o braço pelo ombro da Lica que revirou os olhos.

  Lica não era a única incomodada com o gesto do Maurício, quer dizer, o MB. Vi de relance Felipe que ficava sempre calado na dele, fechar o punho e respirar fundo como se estivesse se controlando para não partir pra cima de MB e tirá-lo de perto de Lica.

  "Pode deixar Gutinho, estaremos lá!" Samantha disse. Sorri. "Topa ir numa lanchonete aqui perto?" perguntou ela. Fiz que sim com a cabeça.

  "Eu vou junto." disse Lica. "Preciso falar com as meninas, chamar elas também para a sua festa."

  "Também quero ir." Jota, um garoto também falou.

  "Hm, tá doido pra ver a Ellen né?" disse Lica, rindo. "Fica ligado que ela tem namorado, hein?"

  "Fica na sua aí Heloísa." disse Jota.

  "Vamos logo, ou vamos ficar enrolando?" perguntou Samantha.

  E demoramos mas fomos.

Ao Seu Lado {Gunê} Onde histórias criam vida. Descubra agora