Capítulo 7

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BELLANNE

Jah sabe como cheguei em casa. Sentia-me dissolver rapidamente e foi com essa sensação que me atirei na cama. Meu corpo estava em combustão e eu tive vontade de me bater, de verdade. O que deu em mim? Onde eu estava com a cabeça quando disse que não poderia ir com ele? Cada célula minha estava desesperada pelas mãos de Erik. Apenas algumas células rebeldes e loucas, alojadas irregularmente no cérebro, eram contra essa ideia e sabotaram meu organismo. Deve ter sido isso!

Mas só de pensar em estar nua, deitada com aquele homem igualmente nu, me tocando, me enlouquecendo, já fazia meu estômago dar cambalhotas e meu coração disparar com o prenúncio de um ataque de pânico. Aquilo era totalmente novo para mim. Já havia sentido isso sim, quando o grande fotógrafo, Sebastião Salgado, me convidou para uma reunião em sua casa; ou quando estava lá na África, depois de horas sob uma barraca de lona, aguardando o momento perfeito para a fotografia e dois hipopótamos surgiram inesperadamente; ou quando precisei arrancar o ciso. Mas com um homem?! Jamais!

Virei-me na cama, alcancei a bolsa e peguei o celular. Eram quase duas horas da manhã.

Dane-se! Amiga é pra essas coisas. Abri o aplicativo de mensagens e digitei: "Preciso falar com você. Preciso falar com alguém! Me ligue assim que puder".

Mandei para Letícia, porque Tatiana nunca iria me perdoar por estar, na cabeça dela, traindo o Alex.

Esperei, esperei e nada de resposta. Então, virei para o outro lado e me enrosquei em posição fetal. As últimas coisas das quais lembrei antes de apagar, foram a mão de Erik em minha nuca e seus lábios, colados aos meus.



— Obrigada, Mari.

Pousei o café fumegante sobre a mesinha de canto.

— Coloquei pouco açúcar e uma gota de leite, como você gosta.

Sorri para ela. Mariana era sempre muito dedicada e atenciosa. Fiz uma anotação mental para dar-lhe um aumento, antes de viajar com Lucien para Ibiza.

Estávamos sentados em um confortável sofá — alugado pela Drakkar, especialmente para acomodar os avaliadores nos testes de fotografia para a campanha — eu, Lucien, Carol e André, da agência de publicidade. À nossa frente, três jovens bonitas estavam prontas para os testes. Estávamos fazendo em baterias de três candidatas por horário. A ideia era ver como essas jovens se sairiam, transformando-se de mulheres comuns em atividades corriqueiras, para mulheres glamorosas.

Já estávamos na quarta bateria, com apenas duas escolhidas, quando André deu por encerrados os testes do dia e partiu com Carol em seu encalço. Eu estava exausta e agradeci por isso. Não demorou muito e Letícia chegou com Tatiana e algumas caixas de comida chinesa.

— Ei! Você deixa um recado daquele no meu celular e depois não atende ao telefone. Quer me matar de susto?

Letícia veio até mim já reclamando, mas me abraçou, perguntando ao pé do ouvido se eu estava bem. Assenti.

— Eu precisava falar com você naquela hora, mas não foi nada grave.

Tatiana se aproximou e me deu um beijo na bochecha, já começando a distribuir as caixinhas de comida.

— Bell, venha comer logo, está quase fria. — Tati chamou.

Nos sentamos, eu e Lucien no sofá, Tati e Mari nos dois puffs e Let no chão. Conversamos sobre os testes e as ideias para as fotos, e quando Tatiana e Mari levaram as caixas de comida e tudo mais para a copa, Letícia sentou ao meu lado, deixando-me no meio, entre ela e Lucien.

Bellanne-se! - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora