Lately I've been waking up alone

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 Presumi o que aconteceu. Eu devia ter caído de lá. Da maldita - seria certo chamar uma referência á um anjo de maldita? - estátua do parque.

 Mas não era culpa minha!

 Bem... pelo menos não totalmente, certo? Não é como se eu tivesse decidido ter visto o resto do meu sonho naquela hora. Tipo... sim, eu queria ver o resto! Mas não naquela hora e acordar num hospital. Um anjo quase me mandou pro céu! E se não fossem dadas essas circunstâncias, isso quase teria soado algo bonito.

 Escutei gemidos e ronronados de sono.

 - Mornin' babe... - disse á Lara, que sorriu fraco pra mim, e olhando pro celular, disse:

 - Na verdade... são quase 9 da noite, e você passou o resto do seu sábado não aproveitando bem como planejava, presumo - dessa vez, sorriu em um tom mais animador. - Acordou bem, anjo?

 Anjo... aquela palavra não tinha mais o mesmo significado ou efeito em mim. Um anjo? Nesse momento já me imaginei flutuando, correndo, e... - agonizei por um segundo - desmaterializando sem poder dar explicações á mais ninguém. Suspirei em desânimo, mas logo mudei pra uma expressão mais animada, e disse:

 - Hm... não poderia estar melhor - ironizei e gargalhei. A gargalhada mudou pra um grito agudo quando senti uma pontada nas costas pela movimentação. - OUCH! - parei de sorrir e fechei forte os olhos, logo vendo Lara desesperadamente apertar com força minha mão.

 - Lara - disse abafado - Apertar assim não vai adiantar muito - disse ainda agonizando, mas por outros motivos óbvios. Realmente não sei. O que é pior? Agonizar por dor, ou agonizar pelo psicológico? Mas me lembrei da minha arma. Realmente a segunda opção. Muitos caras já tentaram me bater, e no final, foram eles que saíram correndo e chorando sem eu ter movido um músculo pra machucá-los. Sua dor física passa, mas cada vez que você se lembrar de algo que te afeta, a dor não é messível. É grande demais pra ser medida, duradoura demais pra ser contada, mas não o suficiente pra você curar com um curativo.

 - Desculpa, desculpa, desculpa - ela disse e eu voltei a rir, mas dessa vez, evitando movimentos. Lara afundou sua cabeça no meu pescoço, e deu um beijo carinhoso no local, me fazendo arrepiar apesar de saber que ela não tinha nenhuma outra intenção. Eu também não tinha... eu acho. Não sei, a conheci ano passado e viramos muito amigos... eu não era do tipo que tinha muitos amigos, mas também, não tentava nem um pouco fazer novos amigos. Os planos eram terminar a escola, depois a faculdade, e depois viver uma vida a qual sonhava, mas que nunca realizaria se eu não tentasse mudar a mim mesmo. Eu me imaginava cercado de pessoas, mas como alguém que não tinha amizades nem na escola conseguiria isso da vida? Até Lara aparecer. Depois disso, minha vida mudou bastante, até porque, tinha alguém que reparasse nas coisas boas e ruins que eu fazia, e ela estranhamente se divertia contando histórias minhas - as que eu permitia - pras pessoas.

 - Vou sair daqui hoje? - sussurrei devido á proximidade. Senti movimentos no meu pescoço. Foi um sim, mas logo mudou pra um não. - Um talvez? - dessa vez ela simplesmente fez que sim, sem mais delongas. - Mas eu quero sair agora...

 - Mas você caiu de muito alto, e por um milagre, só deslocou o braço e o pé, mas te sedaram e colocaram tudo no lugar - estremeci imaginando a cena.

 - Credo - ri

 - Como você ri numa situação dessas, Densolo? Você poderia ter morrido, sabia? - ela disse calma, como se só quisesse brincar, e interpretei na brincadeira mesmo.

 - Jarro ruim não quebra fácil - ri mais alto e ela riu comigo. Uma moça de cabelo preso e uma máscara de boca que estava no pescoço disse:

 - Pelo visto, se recuperou rápido, Alex- - cortei-a

 - LEXAM! - ela deu um pulo ao me ver fuzilando-a pelo olhar

 - O-oc - normalizei a expressão e depois levantei uma sobrancelha

 - Oc? Tipo Dr. Ock do Homem-Aranha?

 - Ok-kay, Lex-am. - soletrou. Como uma enfermeira teria medo de um cara que caiu de uma estátua gigante e deslocou o braço e o pé? Revirei os olhos. Passados alguns segundos de silêncio, ela disse - Acho que você já vai ganhar sua alta.

 - YES! - falei alto, mas senti dor por me movimentar e prendi a boca, sentindo meu rosto inchar por evitar o grito e lágrimas se formaram nos olhos, logo voltando. Se eu não segurasse, nunca sairia dali.

 - Vou pegar os papéis. - a mulher com um crachá escrito 'Sandra E.' se retirou e voltou com os papéis.

 - Al- - ela se cortou - Lexam. Lexam, assine aqui, - apontou pra primeira linha pontilhada da folha, logo depois do meu nome completo - aqui, - apontou pra linha depois de 'o paciente está ciente dos danos recebidos e concorda que está pronto pra ficar em repouso domiciliar' - e aqui - apontou pro final da folha. - E a garota assina as mesmas partes da segunda folha, por ser ela quem te trouxe aqui - me lembrei que ela apareceu no parque e depois desviou. Concordei com a cabeça. Lara havia reparado minha dificuldade pra se movimentar antes e moveu pra bem perto de mim pra que eu assinasse com facilidade. Assinei tudo nos conformes, e Lara também.

-

Voltando pra casa, insisti á Lara que não precisaria me deixar dentro de casa, já que éramos vizinhos. Ela acabou por se render e ir pra própria casa. Mas ao fazer meia volta entre a cerca dela e a minha, uma voz masculina disse:

 - Boa sorte desenhista de escalas - ironizou.

 - Cara, quem é você? - eu disse depois de me virar pro garoto de cabeça baixa e um gorro entre verde e marrom.

 - Sou Martin. Eu liguei pra ambulância enquanto sua amiguinha só reparou em você no parque quando você atingiu o chão.

 - Oh, obrigado. - disse surpreso

 - Não agradeça, só fiquei com pena. - pena. Eu odiava que sentissem pena de mim.

 - Cara. Ta. Tchau - disse tentando não me extressar

 - Nos vemos depois de amanhã. Talvez antes.

 - Como pode ter tanta certeza se nem o rosto mostrou ainda? - argumentei

 - Porque vou ser seu colega no curso de Comunicação Aplicada. - ele finalmente levantou a cabeça. Era ele. O garoto do sonho. O anjo. Arregalei os olhos e andei com pressa de volta pra casa, mesmo doendo um pouco. - Tchau pra você também. - mentalizei que ele tivesse dado de ombros e se virado. Quando olhei de volta, ele estava caminhando normal pra depois da árvore.

N/A: O que estão achando? Estão gostando?

 Bem, o Lexam vai continuar estranhando o Martin, porque a única pessoa que ele confia de verdade é a Lara, mas o Martin vai aparecer na história bastante, até porque ele é o garoto do sonho, como viram, rçrçrç'.

 E o Martin talvez traga problemas pro Lexam e pra Lara também. Talvez não só problemas, mas também desenvolvimento. Mas é isso aí. Comentem, votem, adicionem na biblioteca, e me façam feliz

 Obrigado por lerem,

 Bravery,

 David.

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