MARTIN'S POINT OF VIST
E então não vai ser tão fácil avisar o quão estúpida e ao mesmo tempo incrível a vida dele pode ser. Ele não é o tipo de pessoa que faz amizade facilmente como qualquer garoto da idade dele, não é tão idiota, mas ainda acho que deve ser um pouco. Todos os humanos são, não é opcional.
"Desci" e fui direto pra escola. Caminhei até o garoto de cabelos castanhos, e o mesmo olhou pra mim num olhar cansado, e desviou pra outro corredor, andei mais rápido, mas não corri, porém alcancei Lexam. E cutuquei ele por saber que ele correria se eu tentasse segurar de novo. Depois de uma respiração longa e um olhar quase que até triste, "Lex" perguntou:
- Cara, o que você quer? Na boa? Me deixa! - apesar das palavras, Lexam continuou parado na minha frente esperando uma resposta
- Eu queria ter feito amizade com você, mas acho que fui pelo caminho errado, então... prazer, sou Martin. - estendi a mão para que ele cumprimentasse
- Não posso dizer o mesmo. Definitivamente, não é um prazer te conhecer - apertou minha mão -. Mas não posso abondonar o clichê. Prazer, Lexam Densolo.
Sorri torto tentando amenizar tudo e entrei na sala 4, mas dessa vez não fui eu que puxei o menino, e sim ele que me puxou, já como se me desse uma advertência.
- Eieieieiei, o que ta fazendo na minha sala? Não é porque me cumprimentou e eu aceitei que você já pode entrar na minha sala como se você fosse um ser vivo normal! - ele disse e eu ri baixo
- Esqueceu do que te falei na frente da sua casa? - o moreno arqueou as sobrancelhas e abriu um pouco a boca enquanto olhava pra baixo meio surpreso - É... eu sei, mas eu não tava brincando, sou do mesmo curso, ou seja, da mesma sala que você. - disse e fui sentar em uma das únicas 2 cadeiras vagas, uma com 1 espaço ocupado entre ela e a outra. Então, Lexam se sentaria á uma cadeira de distância de mim. Bom... dessa vez a culpa não era minha.
Do lado dele, sentava um garoto que eu não gostei muito de vista. Sabe quando seu olhar bate em alguém e você simplesmente acha que nunca na vida vão ser amigos? Pois é. Entrou na sala a professora de Latim, língua que eu já conhecia mais do que bem... motivos á parte.
Logo passei a gostar menos ainda do garoto, quando o vi jogar uma bolinha de cuspe em Lexam, mas Lexam conseguiu desviar e toda a sala começou a rir quando ele usou um caderno como um "boomerang que não volta" e atingiu o rosto do garoto. Eu também não poderia deixar de rir da cena. Lexam era calmo, então o garoto já o devia estar o pertubando á algum tempo. Pelo menos tempo suficiente pra que ele reagisse daquela maneira. Coloquei uma mão no ombro dele pra poder chamar sua atenção e então ele virou pra mim, num rosto neutro, mas óbviamente ele estava tentando não jogar mais um "boomerang" mas dessa vez, porém em mim.
- Boa jogada. - falei animado, mas um pouco baixo. E então ele movimentou os lábios em um:
- "Thank you". - na verdade, eu até escutei o "Than-" mas depois disso, apenas movimentos lábiais. Talvez fosse uam mania, já percebi isso algumas vezes. As palavras iniciais podiam ser ouvidas em alto e bom som, e depois, pra ouvir a frase, você tinha que se concentrar um pouco nos movmentos que ele fazia com a boca.
O mais incrível, foi que o garoto insistiu em jogar outra bola de papel com cuspe. A professora havia perguntado como se dizia "vingança" em latim, já que estávamos estudando o livro de Romeu e Julieta, e Páris queria vingança de Romeu. Enquanto a bolinha fazia seu caminho até Lexam, ele respondeu á professora, dizendo:
- "Vindicta" - enquanto ele falou, um vento fraco veio na direção da bolinha de papel que voou de volta pro rosto do menino. Ele soltou um grito de nojo e todos olharam pra bolinha no rosto dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salvation
Ficção AdolescenteA história acontece em volta de Lexam Densolo, um garoto até então comum no colegial, que descobre seu passado através de outro garoto, e através de uma estátua esculpida em nome de uma profecia. Lexam, é na verdade, um anjo adolescente.