A maldição do Xadrez

Dia 1 - 16 anos

           Olá, meu nome é Isabella. Tudo bem com você? Espero que sim, pois comigo não. Vou lhe contar porquê.

           Hoje é meu aniversário de 16 anos. Se minha vida fosse como a dos outros adolescentes, eu teria tudo para estar feliz hoje, mas ela não é. Hoje completa exatamente 8 anos que meu pai abandonou a mim e a minha mãe. Ele saiu de casa depois da minha festinha de aniversário, sem falar nada diretamente comigo. Deixou apenas uma cartinha dizendo:

"Belinha, papai te ama,

mas, infelizmente tenho que ir,

talvez um dia nos vemos de novo.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Beijos minha pequena bonequinha".

           A coitada da minha mãe, louca de amor, ficou muito mal, tentou esconder isso de mim, mas era evidente a tristeza no olhar dela. Já ouvi ela chorar várias noites, trancada em seu quarto, lamentando a partida do meu pai.

           Desde quando eu nasci, sempre fui muito apegada ao meu pai, adoecia sempre ele viajava a negócios e não podia me levar.

           A cada dia que se passava desde quando ele se foi, um pouquinho do meu amor se se esvaia, dando espaço a saudade e a dor de perder alguém que tanto amava, até que um dia, todo o amor acabou e eu troquei os bons sentimentos, por ódio e raiva.

           Eu não odeio meu aniversário apenas por isso, existem outros motivos que você verá mais a frente.

           06:04 AM, já é hora de me arrumar, não apenas é porque é meu aniversário que eu deva faltar a aula não é mesmo? RSRS. Tomei um banho, escovei os dentes, penteei meus longos cabelos castanhos fazendo um coque, calcei meus tênis adidas, vesti minha calça de moletom cinza claro, o uniforme da escola e uma blusa de frio vermelha com preto por cima, nunca me importei muito com o visual, apesar de minha mãe sempre me dizer que eu era linda e precisava mostrar isso.

           Desci as escadas e fui para a cozinha tomar café com minha mãe.

           - Bom dia, para aniversariante mais linda do dia.

           - Bom dia mamãe. Respondi.

           Minha mãe sempre tão doce comigo, aqueles lindos olhos azuis ( uma das poucas coisas que eu puxei dela) sempre com um brilho de alegria, sua pele macia e lisa como bumbum de bebê, bochechas rosadas, dentes perfeitos, longos cabelos loiros, simplesmente linda, apesar de não querer se relacionar com ninguém, era muito cobiçada, não só por homens.

           - Tenho um presente pra você minha querida! Disse ela com um olhar de empolgação.

           - Mãe, não precisava.

           Apenas de ser apenas eu e ela, nós tínhamos uma situação financeira estável, mas isso não quer dizer que ela não quer dizer que ela poderia ficar gastando atoa comigo.

           - Precisava sim, pegue!

           Peguei o embrulho dourado com um laço azul, era pesado, tentei adivinhar o que era mas não veio nada em mente, finalmente abri.

           - Uau mãe muito obrigada meu Deus como é linda.

           Era realmente muito linda, era uma caixinha de música, em forma de piano e no meio dela havia um casal a girar até o fim da música.

           Dei um beijo na minha mãe. Peguei minha bike preta e fui para escola, já estava muito atrasada.

            Chegando à escola entrei desejando que meu professor (que era bastante rigoroso) não estivesse na sala, pois, ele não me  deixaria entrar e com certeza me daria uma advertência. Para minha sorte ele também havia se atrasado e não havia chegado ainda. Entrei e me sentei na  mesa, coloquei organizei meus materiais e fiquei observando a bagunça na minha classe.