― Davi! Você está bem? ― falava com meu filho, mas ele havia adormecido.
― É melhor leva-lo daqui, já que você quer ter tanto mais essa preocupação. o menino já recebeu alta a mais de uma hora, leve-o para o galpão, lá ele dormirá melhor.
― William se levantou e foi para saída. Ele tinha razão, o garoto precisava descansar e eu também.
Já se passavam das três da tarde e desde que Elen havia sido levada pelos médicos e enfermeiros para dentro do hospital eu ainda não tinha nenhuma notícia.
Em Davi, fizeram vários exames. Ele sofreu poucos cortes, precisou de alguns curativos e logo o liberaram. Comprei algumas besteiras que crianças gostam na lanchonete do hospital. Ele comeu, se sujou todo e logo dormiu no banco de espera da sala de recepção, que apesar de ser estofado; era nada confortável. Eu queria levá-lo dali, mas também precisava de alguma informação; qualquer coisa de me deixasse mais tranquilo sobre a situação de Elen. Não dava apenas para abandoná-la sem ao mesmo saber como ela estava.
Após um pouco de relutância da minha parte, um médico me examinou e pediu alguns exames; não constataram nenhum osso quebrado, nem sequer um arranhão. A estranha e espantosa recuperação já havia ocorrido e para a minha sorte as reaçẽos causadas por ela, dessa vez, não foram severas. O médico, um homem moreno e baixo; aparentemente novo para a tal profissão, disse que eu tive sorte de ter saído ileso desse acidente.
Depois de ver meus exames percebeu taxas de algumas substâncias no meu corpo que estavam incomuns, elas estavam surpreendentemente elevadas. Não era algo alarmante, porém ele pediu que eu consultasse um especialista com mais calma o mais breve que eu pudesse.
O hospital estava cheio naquele dia, um outro acidente havia ferindo muitas pessoas e todos estavam bem ocupados para me examinar com mais calma. O que foi um alívio para mim.
Na sala de espera eu estava inquieto e a todo momento o relógio me fisgava e a ansiedade de não ter respostas entre o passar de seus ponteiros era dominadora. De tempos em tempos eu me dirigia ao balcão da recepção para falar com uma mulher de meia idade negra e gorda, que repousava em sua cadeira giratória com seus grandes óculos de aro arredondados. As minhas perguntas eram sempre sobre Elen; ela às vezes fazia algumas ligações e sempre me dava a mesma resposta:
― Ainda não temos uma notícia, aguarde sentado senhor... eles estão fazendo o melhor.
Willian havia ido embora e já contava em torno de meia hora, eu acho.
Descobri assim a inconsistência do tempo e suas variações que estão sempre de acordo com a situação que somos expostos. E nesse momento o tempo estava me colocando num verdadeiro jogo de paciência.
Minhas esperanças de ter notícias de Elen naquele dia, já haviam acabado. Verifiquei se na recepção tinham como me informarem sobre ela caso algo acontecesse, peguei Davi nos braços e fui para rua a procura de um táxi.
Com pouco tempo de espera eu e Davi estávamos acomodados no banco de trás de um táxi, já velho e que a cada manobra fazia um incômodo barulho que arranhava os ouvidos, mas logo nem esse barulho me incomodou.
Eu só consegui pensar naquela mulher que tentou me matar, o rosto dela estava fresco nas minhas lembranças e eu não podia deixar essa situação dessa forma. Com o acidente, comecei a entender qual era a maneira certa que eu deveria está posicionado na minha nova vida.
A descoberta de que alguém queria me ver morto foi um presente, vejo assim pois foi a maneira que tive para me preparar para os desafios que estavam por vir.
Enquanto eu estivesse sendo o alvo do Filipe só haveria uma maneira resolver esse impasse. Acabar com a raiva que me consumia, encontrando o Felipe e o fazendo pagar caro.
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Inimigos Em Primeiro Grau
Mystery / ThrillerAo acordar desorientado em um escuro quarto; um homem tenta lembrar dos últimos acontecimentos de sua vida e ao encontrar Philipe, percebe que está em uma tremenda enrascada e sua vida está em perigo. Sem saber quem são seus inimigos, ele terá que...