(Bônus - P.O.V Paul - parte 2)

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- Se você tivesse se transformado em humana seria bem mais fácil te trazer. Bem menos pesada aliás. - brinco.

Silêncio.

- Eu trouxe roupas e comida, uma coberta, se precisar...

Silêncio novamente.

- Aliás, você poderia se transformar agora também, seria mais fácil conversar.

Então ela olhou para si mesma e fez uma expressão de dor, mas começou a se remexer em cima da mesa onde eu a havia colocado, e acabou caindo dali.
Seu rosto se contorce, e sinto meu corpo todo doer subitamente. Tenho certeza que é por ela ter caído e sua dor ter refletido em mim. Era sempre assim agora.

- Ei, vai com calma, faça a mutação primeiro. - falei meio preocupado, ela estava muito estranha ainda. - Você vai ficar me ignorando agora? Olha, eu já pedi desculpas. - tentei conversar, mas parecia que ela havia sido afetada pelo sonho, ou então queria me castigar por eu tê-la confundido com a Taylor, talvez, nunca sei o que se passa pela mente dela - Não precisa conversar comigo, só que vai ser muito mais fácil cuidar de você sem esse pelos aí. - tento de novo, um pouco mais apreensivo.

De repente, ela solta um rosnado bem fundo que me deixa "bastante" apreensivo agora. O que ela está fazendo afinal?

Ela uiva alto para mim, como se quisesse me avisar de algo, e eu resolvo então me transformar para conversar, já que assim está impossível. Tiro minhas roupas para me transformar e faço a mutação.

- O que você está fazendo? Tá ficando ainda mais arisca? - falo pra ela assim que estou em contato com ela. Se ela não resolve, eu dou um jeito né?

- Claro que não seu bobo. Eu não estou conseguindo fazer a mutação, se você não percebeu ainda.

Finalmente ela está dizendo alguma coisa. Aleluia. Mas não faz sentido, como não consegue voltar a forma humana?

- Como assim? - eu pergunto, tentando entender melhor.

- Se eu soubesse já estaria dando um jeito, bonitão! - eu reviro meus olhos para o "bonitão". É bom saber que ela acha isso. Mas nem dá tempo de eu comentar nada e ela continua - Preciso saber quais são as ervas que você usou em mim.

Tento me lembrar se a bruxa disse algo sobre isso, mas não me lembro de ela ter dito nenhum nome, por isso simplesmente digo - Ah, mas eu não sei isso. - e tento fazer uma expressão despreocupada.

Vejo ela arregalar seus olhos.

- Como assim não sabe? Quer dizer que você resolveu pegar qualquer mato e colocar em mim? - ela vem pra cima de mim, uma fera, literalmente. Posso ver sairem faísca de seus olhos - Onde você está com a cabeça?

- Ei, calma, não peguei qualquer mato, foi uma moça que estava passando por aqui quando você desmaiou que me deu essas ervas. Ela disse que já tinha visto você e quis ajudar.

Ela parece um pouco mais aliviada, mas logo sua atenção se volta para mim novamente.

- E o que ela quis em troca? O que ela pediu de pagamento?

Quantas perguntas. O que ala acha? Que vou confiar em qualquer um por aí? Não, imagina! Eu só peguei algumas ervas desconhecidas de uma bruxa desconhecida, que era estranhamente bondosa para uma bruxa, e que mais estranhamente ainda, disse que receberia o pagamento posteriormente, mesmo sem deixar nome ou endereço. É, acho melhor pensar pra falar a próxima frase, ou não sobrevivo a essa noite. Chego a conclusão de que é melhor editar a história...

- Pensando bem, agora que você está perguntando, ela disse que isso seria pago muito em breve. Mas não deixou endereço, nem nome.

E acho melhor também mudar o rumo da conversa, pois se ela resolve fazer mais perguntas, não sei se vou conseguir mentir.

Um caso diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora