Perdida Entre Flocos De Neve

Capítulo 4

No momento eu estou em uma luta sobre chamar ou não o tal morador antigo, estou com medo admito, mas minha curiosidade fala mais alto

-Tem alguém aí?

De dentro da casa escuto uma voz

-Quem ousa vir na minha floresta a essa hora?

Pronto, se faltava alguma coisa para o meu coração parar não falta mais.

O moço sai de dentro da casa  com uma espada em mãos e nesse momento eu provavelmente estou mais pálida que papel

Por algum motivo quando ele me vê larga a espada na hora e se aproxima, vou chegando pra trás até tropeçar em um galho e cair, ótimo momento pra se cair, ele vem até mim e estende sua mão, eu a seguro para levantar-me afinal se for pra morrer agora pelo menos vou morrer sendo educada, estou tão nervosa que já não sei mas o que penso

-Não tenha medo, como se chama?

Ele me olha com certa curiosidade e isso me dá medo

-Mirella, me chamo Mirella

-Mi-mi-mirella?

-Não moço, é apenas um "Mi"

Ótima hora pra se fazer piadinhas, perco tudo menos o humor, eu só posso estar delirando de medo não é possível, me tranquilizo quando escuto sua risada mas logo depois ele recupera sua postura séria

-Você tem o mesmo bom humor que a sua mãe, me chamo Alexander, prazer

Espera, o que?? Ficou tão alarmada que não respondo a sua "saudação"

-O que disse? Você conhece a minha mãe?

-Entre, irei contar-lhe tudo. A propósito cadê sua irmã?

Gente vamos com calma, eu não estou conseguindo raciocinar

-Minha o que?

-Me desculpe, eu não entendo... Eram pra serem duas

-Moço eu que não estou conseguindo te entender, eu não sei absolutamente nada sobre mim, vivi minha vida toda em um orfanato e vim atrás do senhor para obter respostas,pelo visto por sorte ou azar você sabe de algo

-Vamos entre, aqui não é o local apropriado para se falar

Entro em sua casa, ainda em choque por contas das "revelações", mas já que eu já levei um baque mais alguns não vão me matar, eu espero

Ele faz sinal para eu me sentar e assim fiz

-Conte-me tudo o que sabe sobre você

O que eu sei sobre mim?

Penso na resposta e infelizmente nada me vem em mente, então o jeito é apenas contar sobre minha vida no orfanato e o motivo pela minha vinda até sua casa, mas isso eu já lhe expliquei mais ou menos

Conto-lhe novamente sobre a minha vinda só que agora detalhadamente e incluindo minha vida no orfanato

-Você sabe apenas isso?

-Sim

-Aceita um chá? A sua história é bem longa Mirella

-Aceito, por favor

Ele se levanta e eu fico apenas olhando, apenas imaginando as possibilidades de quem são meus pais, irmã e o motivo de terem apenas me abandonado, será que eram camponeses? Será que meu pai era um guarda real?

Saio de meus devaneios ao ser "despertada" pelo sr. Alexander

Ele entrega-me o chá e se senta de frente para mim

-Eu vi você e sua irmã ainda pequenas, na verdade eu que ajudei vocês a escaparem

-Escaparem? Por que? De quem?

-Deixe-me continuar Mirella

-Desculpe, prossiga

-Uma bela moça chegou em sua casa pedindo abrigo, disse que foi abandonada por seus familiares e que não tinha para onde ir, sua mãe sempre foi uma pessoa bondosa e gostava de ajudar a todos, seu pai no início não concordou mas sua mãe conseguiu convencê-lo, você e sua irmã tinha apenas dois anos, eram gêmeas idênticas eu até me confundia sobre quem era quem, passaram-se dois dias desde que a tal mulher desabrigada se mudou para sua casa, em uma noite estavam todos reunidos para o jantar quando ela revelou ser uma feiticeira do gelo, a única ainda viva, seu pai deu ordem de prisão mas ela foi mais ágil e congelou todos ali presentes, quase todos, a tempo consegui pegar você e Miriam sua irmã, com a ajuda de um guarda consegui tirar vocês do castelo

A essa altura eu estava chocada demais e não conseguia compreender

-Castelo? Guardas? Eu não entendo

-Eu era muito amigo de seus pais para não ajudar, além de meus patrões eles eram ótimas pessoas

-Patrões? Mas uma amiga minha disse que você trabalhava para o rei

-Exatamente, meus patrões eram o rei e a rainha, seus pais.

O chá que estava em minha boca já não se encontrava lá e sim no chão, assim como eu que desmaiei