Desculpa

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[...]

Respirei fundo e me encostei na grade.
Minha respiração perdeu seu compasso e eu desabei. Cada parte de mim doía e eu sentia como se tivesse deixado o mundo escapar por entre os meus dedos como a areia fina da praia. Eu podia ouvir sua voz abafada por conta dos gritos e naquele momento ele pareceu estar mais distante do que nunca esteve de mim. Eu queria o ouvir cantar de perto e ter a sensação de que tudo o que nos separava por tantos anos tinha sido pisado por sua voz rouca e por tamanha a minha vontade de estar ali. Fechei meus olhos por um segundo e ao abri-los todo o choro que eu segurava se derramou pelas minhas bochechas.

— Que inferno – eu murmurei, baixinho.
Eu não consegui ouvir quando alguém se aproximou de mim. Notei os pés parados ao meu lado e quando subi os olhos até o rosto que me fitava estranhamente, tive a sensação de perder os sentidos por um instante. Senti meu peito subir e descer lentamente e fiquei imóvel; eu não podia me mover. Uma arma engatilhada estava apontada para mim; meu corpo se tornou gelado e minha garganta de fechou, mas eu não consegui mais chorar. Eu queria gritar ou ao menos olhar em volta e pedir ajuda, mas eu não não pude. Eu não ouvi quando me pediu que entregasse tudo o que eu tinha a ele, mas eu o fiz sem nem ao menos saber o que estava fazendo.

Eu estava sozinha de novo.
Comecei a chorar como se a arma ainda estivesse apontada para mim e me sentei no chão, passando as mãos sobre o rosto e tentando respirar fundo. Transtornada.

Eu estava transtornada em busca de ar, fiquei de pé e comecei a andar.

Isso não pode estar acontecendo comigo.
Mordi meus lábios com força na tentativa de conter o choro e os soluços e senti o gosto de sangue em minha boca. Eu não sabia onde eu estava indo ou o porquê; eu só queria sair dali e esquecer aquele momento e tudo o que tinha acontecido.

Era para ser a melhor noite da minha vida.

Primeiro toda essa confusão com a minha faculdade e como se não bastasse isso, eu ainda perdi todo o dinheiro que tinha conseguido com o ingresso. Puta merda, Ella. Eu deveria ter ficado com o ingresso e depois me virar para pagar a faculdade.
Agora estou eu aqui, sem ingresso, sem o dinheiro e provavelmente sem uma vaga na faculdade. Eu precisava me acalmar.
Caminhei mais um pouco e me sentei em uma guia gelada, abaixando a cabeça e suspirando. Meu Deus, era brincadeira.

— Diz pra mim que essa dor vai passar – eu sussurrei baixo, engolindo o choro.
Ele é simples mas consegue ser o necessário para mim. É fotogênico; não sei qual foto dele gosto mais. É apaixonado por música e é possível que eu me apaixone todos os dias por ele, pelas suas manias, e até pelos seus defeitos. Tudo o torna o garoto dos meus sonhos, tudo faz com que eu o queira.

Seu jeito de ser, suas palhaçadas, e até os arrepios que ele me causa sem nem imaginar. Ele sorri e então o mundo inteiro entra em harmonia; tudo para. Sua voz é como um algodão e meus ouvidos são fãs número um. Meu coração já se acostumou a viver acelerado sempre que ouço sua risada, é como um jogo no qual ele comanda a brincadeira. Ele é o dono do meu sorriso, e ele nem ao menos sabe. Todas as noites em que sonho com ele, acordo mais feliz. É como se fosse uma anestesia que só ele possui. Só ele saber usar.

Ele é incrível.

E que saber? Ele é meu, meu ídolo.

— Eu me sinto... quebrada. Eu sei que é idolatria e que é pecado, mas céus, ele é um pecado por si só. Deus me perdoe por meus pensamentos impuros, mas você tem que entender que Justin é gostoso pra caramba e a culpa é toda sua – falei.

Céus, como e porquê eu estava falando com Deus daquela forma?

Balancei a cabeça negativamente e dei uma risada sem humor.

A Fresh Start / #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora