Ele é meu filho!

15 0 0
                                    


Pov Justin Bieber

Dezesseis anos tinham se passado desde que a mulher da minha vida disse não; desde que me tornei alguém que eu não podia mais reconhecer. Dezesseis anos e duas vidas.

Bom, era isso que eu achava.

Naquela tarde eu recebi um vídeo no meu e-mail. Não reconheci o rosto. Nem a voz.
Mas quando notei os olhos, senti a minha garganta se fechar; não parecia ser e não podia ser verdade. Eleanor não podia ter me privado de tudo durante os dezesseis anos que deveriam ter sido os anos mais importantes da minha vida. Ela não podia.
Eu não consegui prestar atenção no que o garoto dizia; minha mente continuava me torturando e repetindo que tinham sido os dezesseis anos mais importantes de toda a minha vida. Mas eu não os tinha vivido.

Porque eu não sabia.

"Eu o via pela televisão e eu sentia a sua falta mesmo sem nunca ter te visto de perto, porque, sem saber, parte do meu coração ainda espera você. Por favor, pai, me escolha dessa vez, eu sei que minha mãe decidiu partir, mas você deu motivos a ela. Escolha me dar amor, escolha ser o meu pai ao invés de ser o que muita gente diz que é. Não tire isso de mim. Conte comigo para te fazer bem, eu posso te fazer feliz, me deixa tentar. Me escolha, pai. Não me tire o direito de te ter aqui. Você já perdeu muito, mas ainda pode ter muito se escolher a mim agora. Por favor."

As palavras dele ecoavam depressa.

Eu tenho um filho.

Eu tenho um filho de dezesseis anos.

Suspirei, abaixando a cabeça. Era hora de tomar uma iniciativa. Levantei a cabeça e coloquei o vídeo para rodar outra vez. Eu tinha que ouvir o que o garoto tinha a dizer.

"Eu me chamo Henry Marcuzzo Dallas, mas creio que devesse ser Bieber. "

Aquilo me atingiu como fogo.

"Mesmo sem entender nada do que acontece ao meu redor, sei que algo está errado. Nos meus dias sinto falta de algo e essa falta, mesmo em meio a tanta coisa que sinto, é de você e da sua presença. Não consigo e não posso entender por quais motivos você não pode estar aqui, talvez um dia eu saiba, talvez não. Só que a única coisa que realmente importa hoje é o que sinto, e eu sinto sua falta, pai. Você não sabe?"

Ri ironicamente.

Como eu poderia saber, Henry?

"Pai, talvez você não consiga enxergar o quanto sua presença na minha vida teria sido importante e benéfica para nós dois, o quanto você perde em não presenciar cada sorriso, e o quanto cada sorriso desse motiva minha mãe, John, Natalie, Rudy e Raphaella, a ter esperança de que você vá realmente mudar."

Meus amigos estavam nessa também?

Eles sabiam sobre meu filho?

"Enxergue que existem maneiras de ser feliz e que tudo é uma questão de causas e consequências."

Respirei fundo. Ele tinha razão.

"Muitas coisas mudaram desde a última vez que você viu a minha mãe. Logo que eu nasci, ela e Cameron cuidaram de mim e eu queria muito que você estivesse aqui curtindo cada evolução minha, queria que você vibrasse com meu desenvolvimento, como todo pai orgulhoso. Eu não posso entender hoje quais motivos nos mantém afastados, mas eu não pedi para nascer, e é um direito meu ter você comigo. Só sei que preciso de você."

Aquilo estava doendo, me corroendo.

"Será que você pode fazer isso por mim, pai? Ao menos uma vez na vida você poderia escolher o que realmente importa além do seu dinheiro?"

Senti meu corpo queimar. Henry era uma cópia fiel da mãe. Sabia exatamente quais os meus pontos fracos e não tinha medo de me atingir.

Ele respirou fundo e parou só por um instante, parecendo pensar.

"Cameron fez muito por mim durante o tempo em que esteve aqui."

Deveria ter sido eu;

eu era o pai dele.

Mas eu ao menos sabia de sua existência.

"Mas deveria ter sido você. Deveria ter sido você a me incentivar nas melhores escolhas, deveria ter sido você. Quem deveria me proteger quando eu temesse algo? Você tirou isso de mim, pai. "

Não foi minha escolha, Henry.

"Por mais que minha mãe me ame e se esforce para que eu não sinta a sua falta, todos os dias ela me contava sobre você e sobre como era encantador. Eu o via pela televisão e eu sentia a sua falta mesmo sem nunca ter te visto de perto, porque, sem saber, parte do meu coração ainda espera você. Por favor, pai, me escolha dessa vez, eu sei que minha mãe decidiu partir, mas você deu motivos a ela. Escolha me dar amor, escolha ser o meu pai ao invés de ser o que muita gente diz que é. Não tire isso de mim. Conte comigo para te fazer bem, eu posso te fazer feliz, me deixa tentar. Me escolha, pai. Não me tire o direito de te ter aqui. Você já perdeu muito, mas ainda pode ter muito se escolher a mim agora. Por favor."

Ele limpou as lágrimas que escorriam por suas bochechas e desligou a gravação.

Peguei meu celular e disquei o número de Rudy. Quem atendeu foi Raphaella e ela parecia surpresa com a minha ligação.

— Onde Ella e Henry estão? – perguntei.

— Justin você...

— É meu filho, Raphaella. Vocês têm que me deixar concertar as coisas. Ou ainda querem me privar de mais um ano perto?

Eu estava com raiva.

Eles não tinham o direito de me esconder algo tão importante. Minha vida teria sido tão diferente se eu soubesse de Henry; as minhas atitudes teriam sido tão melhores.

— Como ficou sabendo sobre Henry?

— Ele me procurou – respondi, seco.

— Sabia que isso iria acontecer em algum momento... Gabbie colocou na cabeça de Henry – ela disse, suspirando em seguida.

— Me diga onde eles estão. Você e Rudy não tem direito de continuar me privando de conhecê-lo. Dezesseis anos foi muito tempo, você não acha? Não é como se tivessem me escondido um simples segredo. Ele é meu filho – sussurrei – Henry é meu filho.

A Fresh Start / #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora