Capítulo 98

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"Eu preciso me informar de tudo, não quero continuar com essa sensação de vazio, de que eu to perdido no tempo."





Anahí

Alfonso continuou segurando minha mão com força, enquanto encarava seu prontuário. Fazia uns cinco minutos que tínhamos contado tudo pra ele sobre a sua internação e como o tiramos de lá. E agora ele estava sério e contemplativo. Às vezes ele me encarava e eu via em seus olhos que ele ainda duvidava de que eu estava viva.

- Aconteceu mesmo então? - ele falou pela primeira vez e piscou algumas vezes.

Quando Jhon e Bianca chegaram, agradeci por Alfonso não ter nos despido, só precisei sumir discretamente com a minha calcinha rasgada que tinha ido parar debaixo da mesa. Fiz isso, enquanto Jhon ligava para Santiago. Ele veio com a Rachel e agora estávamos todos na cozinha, conversando.

- Do que você lembra Poncho?

Alfonso me encarou e logo em seguida abaixou a cabeça e fechou os olhos com força. Percebi que ele estava se lembrando de novo da minha suposta morte, a suspeita se confirmou quando ele apertou minha mão com força suficiente pra machucar.

- As fotos dela. - sussurrou. - E eu quebrando o apartamento da Sophie.

- E do seu período na clínica, você lembra? - Rachel perguntou.

- Só alguns flashes confusos. Como se fossem sonhos e não a realidade. - respondeu.

- Como se sente agora?

- Não gosto do que to sentindo. - resmungou. - Me sinto confuso, perdido, atordoado. Sem falar que meu corpo parece drenado e é muito estranho saber que dias se passaram e nem consigo me dar conta disso.

- É normal Poncho, os medicamentos eram muito pesados, você estava praticamente em um coma induzido, levou alguns dias pro seu organismo se livrar dessas substâncias, ainda está se livrando. Talvez quando você estiver totalmente livre delas, você comece a se lembrar melhor das coisas.

- Quanto tempo isso pode levar?

- Varia, eu achava que você ia passar mais alguns dias "inconsciente", mas você voltou a si até que depressa. Talvez em dois ou três dias você esteja totalmente recuperado.

Alfonso levou a mão livre até a cabeça e fiquei preocupada.

- Não é melhor darmos um descanso pra ele?

- Não! - Poncho discordou de mim. - Quero saber o que você passou no cativeiro e quanto tempo ficou lá. E eu quero que a clínica onde Sophie me internou seja processada. Quero fechar aquele lugar.

- Já estou cuidando disso. - Santiago respondeu.

- Ótimo, quero ficar a par de tudo.

- Poncho você tem que ir devagar, você acordou agora e....

- Any eu fiquei quinze dias apagado, ainda não consigo olhar pra você e realmente acreditar que está aqui. Tem momentos que me convenço, mas depois volto a duvidar do que to vendo. Eu preciso me informar de tudo, não quero continuar com essa sensação de vazio, de que eu to perdido no tempo. - me olhou sério.

- Mas...

- Onde era o cativeiro? - ele me cortou.

- Não vou saber te explicar. - dei de ombros.

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