Introdução

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Emily começa a soprar de aborrecimento. Saídas em família eram sempre a mesma chatice, primeiro que se conseguisse sair de casa era um problema, havia sempre alguém que não estava totalmente pronto ou alguma coisa necessária tinha sido esquecida sabe-se lá onde numa outra divisão qualquer da casa, era por isso mesmo que sempre que a mãe alertava para a partida, ela não se dirigia à porta, limitava-se a sentar-se no sofá, no telemóvel, à espera que tudo estivesse finalmente pronto.

Desta vez, a sua serenidade é interrompida pela agitação do seu irmão Bradley, em torno do sofá onde ela se encontrava. 

- O que é que tu queres? - Perguntou Emily, já irritada.

- Não encontro o meu carro preferido e eu tenho a certeza que o deixei aqui.

- Tu  estás sempre a mudar de carro favorito, já que não o encontras talvez seja uma boa altura para arranjares outra preferência.

- Mas eu quero o meu carro favorito agora! - Gritou ele, em tom de choro.

O grito de Bradley chamou à atenção da mãe que, já a par da conversa, se dirigiu à sala de imediato.

- Não irrites o teu irmão, ele tem apenas seis anos, deixa-o estar.

- Deixo-o estar? Mãe, por causa dele nós já estamos atrasados para o almoço com os avós, caso vocês ainda não tenham percebido isso.

- Que exagerada, não é assim tão tarde.

Emily não responde. Não sabia porque é que ainda tentava ter um diálogo decente com a mãe quando o assunto era o seu irmão mais novo, claramente que ela tomava sempre partido dele, ao que parece, é uma das vantagens de se ser o mais pequeno.

Para se abstrair, abre o twitter. O Zack comprou um carro novo, a Lola vai de férias para a Austrália, o Liam e a Cacy terminaram, a Alison acabou de acordar. Ah, a Alison, tinha tantas saudades dela e a verdade é que ainda não tinha conseguido entender o porquê de se terem deixado de falar. Talvez tivesse sido pela distância e pela sua partida para fora de Rosewood na altura errada. Não tinha dúvida alguma que se se tivesse mantido lá, as coisas teriam sido completamente diferentes para ambas, pois, embora nunca o tivessem pronunciado, era claro que existia um clima, um clima que ao início nenhuma delas queria aceitar mas que com o tempo começou a deixar de causar medo.

- Emily, vamos! - Gritou o pai, já do lado de fora da porta.

- Finalmente! - Respondeu.

Agora que já tinha saído de casa e já estavam todos dentro do carro, esperava-lhe a segunda etapa das saídas em família: que cd é que se iria ouvir pelo caminho. Sim, claro que há a opção de ouvir rádio e assim já não havia discussão, mas a antena tinha-se estragado já há um bom tempo e o pai ainda não se tinha dignado a comprar uma nova.

- Vocês já sabem em que cd eu voto. - Disse Emily.

- Não, eu não quero ouvir as músicas feias de que a Emily gosta, eu prefiro ouvir o Panda E Os Caricas.

- É que tu nem penses, estou farta de ouvir essa porcaria!

- Porcaria és tu!

- Está calado, Bradley, que chato! Não vou ouvir isso e pronto.

- Quietos os dois! - Gritou o pai. - Não vamos a ouvir nada e acabou-se a discussão.

Típica decisão tomada pelos pais nas alturas de tensão, não era nenhuma novidade.

Instantes depois, os avós ligam a perguntar se tinha acontecido algo para estarem tão atrasados, o que faz com que a mãe se aperceba que realmente tinham perdido muito tempo, mas como não queria dar o braço a torcer, limitou-se a pedir ao marido que acelerasse um pouco.

- Estamos atrasados, não é? Eu avisei.

- Emily, querida, não comeces, por favor. - Pediu a mãe.

- Vá, não discutam, não há nada que um bocadinho de mais velocidade não resolva.

- Assim até parece que estamos numa corrida. - Disse Bradley, animado.

- Achas que o pai consegue ganhar a corrida, filho? - Perguntou, olhando para ele.

- Roger! - Gritou a mãe.

"Roger" foi a última palavra que a Emily ouviu, acompanhada pela visão de um carro descontrolado a ir na direção do seu. Tudo estava escuro agora e por muito que tivesse vontade de abrir os olhos, mover-se ou mesmo soltar um grito, não o conseguia fazer. Era como se tivesse acabado de entrar num sono profundo em que nada estava sobre o seu controlo e onde de alguma forma conseguia ter consciência de que algo se passava ao seu redor.

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Hey, espero que tenham gostado deste começo, se gostaram, não hesitem em votar e em comentar, a vossa opinião é importante para mim :) 

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