— Eu posso...? — o garoto apontava em minha direção. Ele cobria o lado direito do torso com uma grande toalha, o resto do corpo, mesmo que ainda um pouco brilhoso, parecia estar seco, ao contrário de seu cabelo.
Eu assenti, ainda o encarando um pouco. Ele... era bonito. Eu não podia negar isso. Eu vi mais de seu corpo do que de qualquer outro garoto em minha vida inteira e seu rosto... era especial, uma beleza inocente e paradoxal. Mas não foi sua aparência que me deixou vidrada, quem me dera. Não, foi algo em seus olhos inquietos, no seu limpar da garganta, na hiperatividade de seus dedos. Ele estava, sem duvidas, sentindo as mesmas coisas confusas que eu.
— Obrigada... — Disse ele hesitante quando se aproximou. Desliguei a música em meu celular e encarei minha frente. Apesar de eu finalmente estar sentindo algo, mesmo que levemente, acho que passei muito tempo dessa forma para me lembrar como demonstrar coisas assim. Mesmo com aquele pequeno nervosismo que eu senti na boca do estômago não foi suficiente para mudar minha expressão ou forma de agir. Ao meu lado, podia ver sua silhueta balançando as pernas. Quando o vai e vem cessou em meu campo de vista, pensei que ele finalmente tinha se acalmado e achava ser por eu aparentar estar calma. Mas não foi uma expressão serena que encontrei ao finalmente me permitir lhe encarar.
— Você... está bem? — Suas sobrancelhas baixas e franzidas me diziam que algo estava errado. Ele esticou sua mão em direção à meu rosto, tocou-o e levantou seu dedo para mostrar-me algo – uma lágrima.
— Ah, não... Está tudo bem, sim, eu lagrimo às vezes, já estou tão acostumada que nem noto — escutei alguma vida voltando a minha fala. Nada muito revolucionário, mas já era um avanço dos últimos dois dias.
— Isso não me parece muito normal, mas tudo bem, se você diz — passou a mão nos fios encharcados.
Depois de alguns minutos em silêncio, fiquei curiosa. Não entendia o porque exatamente ele estava ainda ali, então resolvi novamente o olhar de relance. Precisava saber se ele estava me esperando dizer ou fazer algo. Se eu demorasse mais ele talvez saísse dali e eu queria um pouquinho mais de tempo. Para minha surpresa, ele sorria. Bobo, para o nada, os olhos fechados formando ruguinhas que quase chegavam a linha do cabelo.
— O que foi?
— Nada, — ele riu, fracamente — eu só notei como eu sou louco.
— Como assim?
— Deixe pra lá — o sorriso que me deu agora não mostrava seus dentes, me permitindo admirar os leves furinhos em suas bochechas. Aquela era uma imagem tão inocente... minha mente começou a ferver em pensamentos, desta vez, não tão incômodos como os de costume.
— Você pode me dizer que horas são? — o nadador ajeitou a toalha sobre o torso enquanto eu ligava a tela do meu celular.
— 8:20? Céus, eu estou atrasada! — levantei-me às pressas e desci aos tropeços a arquibancada.
— Cuidado para não cair no caminho, Eunji! — ele ria, me seguindo mais calmamente. Olhei pra trás surpresa.
— Você sabe meu nome?
— Obviamente.
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The Evil Unknown [KTH]
FanfictionEunji... Por que você não nota? Eu sei que você tenta me contornar, tenta voltar a ser como antes, mas parece que não percebe o que realmente está acontecendo. Se você não faz a mínima ideia de com que está lutando, como pretende ganhar? Acorde. Esc...