Eu podia jurar que me tinha metido no curso errado. Eu não gostava disto, era boa até certo ponto, mas a partir do momento em que começo a não gostar de uma coisa, torna-se impossível suporta-la.
A minha cabeça ergueu-se e olhei para a janela. Estava a chover, o céu estava cinzento e os ramos das árvores mais altas faziam barulho contra os vidros da sala. O universo conspirava contra mim, só podia ser isso.
A minha mãe quer sentir-se realizada através de mim, o meu pai acha que ela tem um par de asas, e para piorar o meu “explicador” deve ter me achado burra. Bom na verdade ele deve achar muitos alunos do secundário burros.
-então podemos deduzir que Kant queria um universo perfeito. Para ele a felicidade não importava desde que tudo e todos respeitassem a lei. É ai que se baseia a vida, para Kant devemos ser punidos se formos contra a lei.
Punição han? Será que eu fiz alguma coisa mal para ser tão má a matemática? Céus, eu preciso de me distrair da escola, estou a ficar maluca com tudo isto, não aguento. Preciso de sair
A campainha tocou e eu decidi que ia pela primeira faltar às aulas. Peguei na mala e sai disparada pela porta. Obvio que não tao rapidamente como os rapazes, céus parecem carros de corrida.
-Connie?
Virei-me e o Louis estava mesma atras de mim, enquanto eu descia as escadas, abradei o passo para poder falar com ele.
-vais a algum lado?- ele perguntou de sobro olho franzido?
-vou sair.- disse curta.
-sair onde?- ele sorriu.
-vou dar um passeio, estou com uma dor de cabeça desde ontem.- Expliquei.
-queres que vá contigo?
Por momentos o meu cérebro parou de funcionar, ele queria ir comigo? Ele acabou mesmo de me perguntar isto? Senti o meu peito encher de algo desconhecido e um frio na minha barriga fez-me estremecer. Senti que o mundo parou.
-não… quer dizer, é melhor não.- Conclui.
-vou dar-te o meu número para o caso de não te sentires bem.
Ele agarrou o telemóvel da minha mão e digitou lá o número, pressionando a tela do mesmo. Deu-me para a mão, virou-se e caminhou na direção oposta, todo ele super sexy.
Passei o cartão na entrada e sai da escola. Alguns estudantes estavam cá fora a fumar, fazendo com que uma forte tosse quisesse sair, mas achei melhor esperar até estar o máximo longe que conseguisse deles.
Quando me afastei o suficiente já estava a andar com um passo normal. A minha mão prendia a mala no meu ombro com força. Ouvia os meus próprios passos, e nunca me senti tão bem a fazer uma coisa tão errada.
Quando dei por mim estava á porta do centro comercial. Eu não era a típica miúda viciada em compras, mas gostava de passear pelo shopping quando estava meio vazio. Era assim que estava agora e eu estava a gostar.
Subi as escadas rolantes e decidi que queria um chá, talvez um chá me acalmasse. Havia uns copos de plástico pra levar com chá numa loja qualquer, era disso que eu precisava, de algo que me aquecesse, nada de gelo e palavras frias, para me fazer sentir mal.
-bom dia.- sorri ao empregado.
-bom dia, o que vai ser?- ele sorriu de volta para mim.
-humm, um Lady Grey forte por favor.
O meu chá apareceu no copo de plástico engraçado com uma pequena abertura para os lábios em cima. Era engraçado beber por aquilo.
Quando me virei para sair choquei com o cliente atrás de mim derramando metade da minha bebida.