Capítulo 1

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Emily abre os olhos lentamente mas volta a fechá-los logo de seguida, a luz que entrava pela janela e batia no seu rosto era demasiado forte para ela. Mantém os olhos fechados por mais uns instantes e volta então a tentar abri-los novamente. Olha em volta, não fazia a mínima ideia de onde estava, mas também não sabia se era ali que era suposto estar. Ao erguer a sua mão, entende que está ligada a uma máquina e que foi o soro que a alimentou enquanto dormia. Todo o seu corpo estava dormente, talvez fosse o efeito de alguma coisa que lhe tivessem dado ou então dormiu numa má posição simplesmente.

Momentos depois, ouve o som da porta do quarto a bater e depara-se com uma senhora que, assim que olha para ela, coloca as mãos à frente da boca e começa a chorar. Emily não reage, não era capaz de entender o porquê daquela estranha estar assim só de a ver.

- Ro...Ro...Ger... - Gaguejou a mulher.

Roger? Aquele nome era-lhe familiar, mas também não era assim tão difícil, o que não falta no mundo são indivíduos do sexo masculino com aquele nome.

Logo de seguida, entra um homem no quarto, o suposto Roger, que se agarra à mulher também a chorar. Emily começa a sentir-se incrivelmente nervosa, queria entender de uma vez por todas quem eram aquelas pessoas e porque é que estavam naquele estado apenas pela sua presença.

- O que se passa? - Perguntou Emily, com a voz fraca.

- Oh! - Gritou a senhora, agarrando-se a ela. - Filha, eu tive tantas saudades tuas, eu ainda não posso acreditar que estás finalmente acordada, eu larguei tudo para ficar aqui contigo todos os dias, dia e noite, eu sabia que tu ias acabar por voltar a abrir os olhos, eu sabia.

- Filha? Mas do que é que está para aí a falar? Largue-me, nós não nos conhecemos, está louca! - Respondeu, atordoada.

- Como não nos conhecemos? Querida, sou eu, a tua mãe, é impossível não te lembrares de mim, tu tens de te lembrar de mim, tu não me podes ter esquecido em apenas um ano! Por favor, diz que te lembras de mim! Roger, porque é que ela disse aquilo? Porque é que ela disse que não nos conhecemos?

- Ellen... - Disse Roger, puxando-a calmamente para junto dele, abraçando-a. - Os médicos avisaram-nos que isto podia acontecer, tens de ser forte...

- Podem-me explicar do que é que estão a falar? Quem são vocês? O que é que os médicos lhes disseram acerca de mim?

- É melhor chamar alguém... - Conclui-o Roger, saindo do quarto.

Emily sentiu o seu coração a bater ainda mais rápido e as lágrimas começaram a cair-lhe pela cara abaixo. Estava completamente perdida e precisava que lhe dissessem algo, qualquer coisa servia naquele momento, ela só queria entender aquela situação.

Instantes depois chega uma médica acompanhada por duas enfermeiras. A médica aproxima-se dela e coloca a mão no seu braço cuidadosamente, enquanto as enfermeiras começam a analisar as máquinas.

- Olá, Emily... - Disse a médica, com um sorriso. - Consegues dizer-me o que é que sentes?

- Sinto o corpo dormente e dói-me um pouco a cabeça... mas, por favor, explique-me de uma vez por todas o que é que aconteceu, eu não estou a perceber nada. Eu deveria lembrar-me de quem são aqueles senhores?

- O que é que lhe disseram na minha ausência? - Perguntou ela aos pais. - Eu disse-lhes que se ela acordasse não deviam de modo algum começar a disparar informação porque o mais certo era ela não se recordar de nada! As coisas têm de lhe ser ditas pouco a pouco, só assim é que a vão conseguir ajudar.

- Eu exaltei-me um pouco... - Confessou Ellen.

- Chamou-me filha e disse que esteve um ano à espera que eu acordasse.

- Mas tu és minha filha sim! Tu tens de te lembrar de mim, pelo menos de mim, eu não te peço mais nada além disso!

- Por favor, senhor Roger, leve-a daqui e esperem por mim lá fora... eu preciso de falar um bocadinho a sós com a Emily. - Pediu a médica.

Eles assim o fizeram.

- Agora que estamos sozinhas, pode-me explicar o que aconteceu?

- Emily, o que eu tenho para te dizer não é fácil, mas eu quero que saibas que vai ficar tudo bem, é tudo uma questão de tempo...

- Diga-me de uma vez por todas!

- Calma... Há um ano atrás, quando ias numa saída com os teus pais e o teu irmão para um almoço de família, um carro despistou-se e acabou por ir contra o teu... Os teus pais e tu ficaram em muito mau estado, o único que pouco ou nada sofreu foi mesmo o teu irmão, Bradley, que apenas partiu um braço...

- Aqueles eram mesmo os meus pais... - Murmurou Emily. - Eu estive em coma este tempo todo?

- Sim, um ano...

- E é por isso que eu não me lembro de nada?

- O mais certo é não te lembrares de nada por causa de teres batido com a cabeça com muita força, mas todos vamos trabalhar para que consigas recuperar a memória, aos poucos...

- Como é que é suposto eu viver se não sei quem sou? - Perguntou Emily, inundada em lágrimas. - Eu não me conheço, como é que me vão ajudar a voltar a ser eu?

- Tu agora tens de descansar, estás muito alterada...

- Não, eu não quero descansar, eu preciso de me lembrar!

- Enfermeira... - Chamou a médica, fazendo-lhe um sinal. - Faça-o e depois mantenha-se aqui com ela um pouco.

A enfermeira solicitada aproximou-se de Emily e espetou uma seringa no seu braço, que a fez cair novamente no sono.

Ao sair do quarto, a médica dirige-se aos pais.

- Demos-lhe uma injeção para que dormisse mais um pouco, não podia continuar naquele estado de nervos... - Informou. - Bom, nós andamos a analisar a história da vossa filha já há muito tempo, como sabem, tínhamos de estar a fazer conta que isto acontecesse e penso que não seja tarde, nem cedo, para vos informar de uma coisa... que mesmo que seja contra a vossa vontade, tem de ser feita.

- Diga o que é que, que nós fazemos. - Respondeu Ellen.

- Roger, sei que problemas pessoais e mesmo o seu trabalho vos obrigou a mudar de casa, mas agora a Emily tem de voltar para o lugar onde nasceu... a vossa mudança tinha sido muito recente, todas as memórias da Emily estão em Rosewood.

- Então, a única solução é voltar para Rosewood? - Perguntou Roger.

- Sim, o melhor que têm a fazer é levarem-na de volta para Rosewood.

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