Por debaixo do Véu

Capítulo 7

Levantei da cama.
Caminhei até o banheiro com uma baita dor de cabeça. Joguei uma água no rosto, escovei os dentes e desci.
São cinco horas da manhã e eu já não consigo dormir desde às quatro.
Peguei um remédio no armário de remédios, que por acaso está quase vazio.
Tomei o remédio para dor de cabeça e preparei um cereal para mim.
Sentei na sofá e assisti algo aleatório, acho que era uma série infantil.
Comi e fiquei vendo tevê até dar o horário de eu me arrumar.
Então tomei um banho, vesti uma calça jeans e uma blusa de frio fina. Calcei uma bota e peguei minha bolsa.
Fui caminhando lentamente, escutando uma música no fone e pensando se devo ou não contar a Doug sobre Jack. Sei que isso não vai prestar, então melhor deixar quieto.
Sei que nunca deveria ter saído com Jack, ele é louco.
Chego finalmente.
Entrei direto pra sala, sem nem procurar saber de Doug.
Quanto mais fugir dele, melhor.
Fiz tudo que o professor pediu, depois pedi pra sair mais cedo da sala, como sou uma aluna exemplar ele deixou.
Tomei uma água e fiquei sentada no jardim, só que atrás de uma árvore distante.
Uma vontade de chorar me percorreu. Não sou uma garota chorona nem nada, mas estou um pouco mal.
Minhas mãos começaram a tremer de nervoso. Sempre acontece isso quando meu sistema nervoso ataca.
Me controlei e logo parou.
- Te encontrei! - Uma voz familiar entrou pelo meu ouvido e um sorriso apareceu e logo desapareceu, acho que pelo fato da minha expressão estar tensa.- Que houve? - Doug ficou tenso também.
Minha mão começou a suar e eu me levantei.
- Preciso te falar uma coisa. - Simplesmente saiu e eu logo me arrependi. Não quero ter que falar.
- Pode dizer. - Disse sorrindo, mas logo ficou sério novamente.
- Ontem aconteceu algo...
As palavras não saíam.
- Fala logo Jennifer! - Ele estava apreensivo.
- Tem um cara que vai lá no bar, o Jack. Ele me convidou pra sair e...
- E você quer ir? - Droga Doug, não complica.
- Na verdade, eu já fui.
- O que? Quando? - Quase gritou.
- Ontem.
- Por que? Você nem conhece o cara.
Doug ficou nervoso e eu recuei um pouco pra trás.
- Ele disse que queria só amizade, Doug.
- Nenhum cara olha pra você e pensa em apenas amizade. Olha pra você. - Disse fazendo gesto pro meu corpo.
Ok, eu até me acho bonita, mas não acho que sou tudo isso.
- Tem mais uma coisa...
- Fala logo!
- Ele me beijou e eu retribui.
- Não acredito que você fez isso.- Ele começou a ficar vermelho e seu olho exalava cada vez mais fúria. - Eu sempre lutei pelo nosso relacionamento, sempre te amei, sempre fiz de tudo por você, por nós. E você faz isso? Depois de todo esse tempo?
- Me desculpe, Doug. Eu não queria...
- Aah, você não queria? Saiu com ele por que então? Foi só o cara se fazer de amiguinho que você saiu? por que é tão ingênua?
- Quer saber Doug, não vou ficar aqui discutindo. Eu já disse, foi ele quem me beijou. Quando você transou com aquela vagabunda eu não disse nada.
- Q-que? Quem? - Ele não sabia que eu sabia.
- Ah, você não se lembra né? Se acha o senhor certinho do relacionamento né? Mas eu sei que você dormiu com a Bianca.
- Aquilo foi um erro, mas não justifica você devolver na mesma moeda.
- Eu não devolvi nada. Não fiz isso por vingança, até porque já tem muito tempo.
- Quem te contou da Bianca?
- Ela mesmo. Ela foi toda arrependida no dia seguinte me contar.
- Jennifer, me desculpe por isso.
- Tava brigando comigo agora e já está pedindo desculpas? - Saí andando.
- Eu quero um tempo. - Gritou.
- Tempo dado. - Gritei de volta.
Não estou chateada porque Doug ficou bravo com beijo, ele tinha mesmo que ficar, eu errei, mas to brava porque ele foi hipócrita. Quase me xingou por um beijo sendo que ele me traiu pior.
E depois as amigas de Bianca ficaram espalhando que também dormiram com ele e que eu era a maior corna da história.
E eu fiz o que? Esqueci, porque pensava que até mesmo Bianca estava mentindo, mas hoje ele me provou que era a mais pura verdade.
Então ele poderia pelo menos conversar direito.
Fui até o refeitório, já estava na hora do almoço.
Botei na bandeja um pouco de espaguete, suco de maracujá, uma maçã e um pudim.
Comi e fiquei mexendo no celular.
Fui para sala quando acabou o almoço e o professor deu um trabalho em sala.
Tive que fazer em dupla, e o professor me botou com a Esther, uma menina popular e nada inteligente.
Aposto que ele me botou com ela só para ela tirar nota boa.
Terminei sem ela fazer nada e entreguei com nosso trabalho.
Fui embora depois de todas as aulas acabarem.
Cheguei em casa exausta, larguei minhas coisas num canto e deitei no sofá.
Fiquei pensando na minha briga com Doug.
Passou tudo na minha mente várias e várias vezes e eu não conseguia tirar nada da minha cabeça.
Acabei dormindo depois do meu cérebro fritar dezenas de vezes.