Meu ânimo estava igual ao dia que amanheceu hoje, cinzento. Uma quarta-feira chuvosa, perfeita para dormir até mais tarde. Porém aqui estava eu, às sete horas, esperando a condução para ir trabalhar. Os primeiros anos em uma cidade diferente da que você cresceu são muito complicados, ainda mais sem os pais para ajudar. Meu ônibus finalmente deu o ar da graça e eu embarquei para mais um dia cansativo na loja de roupas.
— Bom dia, flor do dia. — Annie comentou em um tom empolgado demais para essa hora da manhã.
— Hum, pelo visto seu encontro de ontem a noite rendeu. — Eu disse com um sorriso arteiro.
— Você não imagina o quanto. — Ela disse sonhadora e eu apenas continuei guardando as minhas coisas no armário.
— Espero que esse não seja um cafajeste igual ao último. — Encarei Annie e ela balançou a cabeça concordando.
— Sabe Dul, eu vou perguntar ao Alfonso se ele não tem nenhum amigo ou primo que esteja solteiro também.
Nós voltamos para a frente da loja, enquanto Anahí tagarelava sobre eu arranjar um namorado. Eu fingia que a escutava, apenas maneava a cabeça concordando. A verdade era que eu não tinha encontrado alguém que mexesse comigo. Não que eu não tivesse namorado ninguém, eu apenas não sabia o que era sentir aquele frio na barriga. O dia inteiro nós andamos bastante e eu agradeci mentalmente, pois assim ela não deu continuidade à minha vida amorosa.
— Estou morta. — Anahí comentou assim que saímos da loja.
Nós caminhávamos até o ponto de ônibus juntas, depois cada uma seguia para o seu lado.
— Nem me fala, meus pés estão moídos. Quero tomar um banho e hibernar até amanhã. — Eu comentei e ela soltou um riso.
— Olha, não esqueci de você, não. — Eu suspirei. — E não faz essa carinha, você precisa sair, namorar.
— Ok, Annie. — Respondi sem vontade.
— É sério Dul, eu só quero a sua felicidade.
Olhei para a rua e o meu ônibus se aproximava, fiz o sinal e encarei a loira.
— Tchau, até amanhã. — Acenei para ela antes de entrar no veículo.
Passei pela catraca e fui para o interior do ônibus, perto da porta dos fundos. Fiquei em pé - como de costume nos horários de pico, é bem complicado achar um assento vazio. No meio do caminho eu consegui sentar em um banco, em um daqueles altos. Olhei pela janela, os carros passavam, mas eu estava longe. Anahí iria arranjar um encontro para mim, eu tinha certeza que ela faria eu sair com todos os amigos do seu mais novo paquera. Eu suspirei cansada, eu até gostaria de encontrar alguém e ser correspondida. Amar e ser amada, era isso que eu procurava, porém meus antigos relacionamentos foram um fracasso total e agora eu estava acomodada.
O som da catraca do ônibus me tirou das minhas reflexões e por impulso olhei para a pessoa que entrava, um homem alto e de cabelos castanhos apareceu no meu campo de visão, e ele parou um pouco a frente do meu banco. Eu fiquei um pouco incomodada com a situação, eu não sabia explicar o porquê, então tentei distrair a minha mente, voltei a encarar a rua pela janela, entretanto, a imagem dele refletida no vidro só me atraiu ainda mais. Reparei no quanto o cara era bonito, tinha um corpo definido e seus olhos amendoados me chamaram a atenção. Percebi que ele me olhava interessado também e foi nesse momento que eu decidi tomar uma atitude, virei a minha cabeça para frente e fixei meus olhos nos dele. Eu estava curiosa para saber até onde isso iria dar, eu flertei descaradamente com ele. O homem não mostrou incômodo algum e por isso eu permaneci com a minha atenção toda para ele.
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Os Uckermann: Como tudo começou
FanfictionEles estão de volta! E dessa vez vocês irão descobrir como os Uckermann se conheceram. Mas não esperem que tudo seja uma festa cheia de glamour e com bebedeiras de perder o juízo porque eles, geralmente, não são esse tipo de casal. Depois de uma árd...