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Ela coloca seu pé direito pra fora de sua janela e respira fundo.

Volte pra dentro, pequena garota. É perigoso. Você é frágil.

Ela coloca o pé esquerdo. Pego sua mão mesmo que ela não sinta minha presença. Seu corpo começa a equilibrar aos poucos e se mover pouco a pouco. Ela olha pra baixo e respira fundo.

--Calma. --ela sussurra pra si mesma.

Com isso ela chega onde queria. Meu quarto. Ela abre a janela aos poucos e sem barulhos. Entra devagar.

Tudo estava do exato jeito que deixei quando fui pra escola naquele dia que morri. Minha cama meio arrumada, meu mapa do Canadá rabiscado de pontos que gostaria de conhecer exposto na parede, algumas caixas de mudanças que nem tinha guardado ainda, minha guitarra... Tudo ali.

Ela olha com entusiasmo e curiosidade.

--Shawn tinha sonho de viajar por todo Canadá! --ela diz observando de perto o mapa.

--Sim, Brooklyn, eu queria te levar comigo. --respondo inutilmente.

--Queria tanto que ele me levasse um dia. Mas ele nunca vai. --ela ameaça chorar mas segura.

--Não foi minha intenção desistir desse plano. E nem dos outros. --digo.

--Ele usava manteiga de cacau pra manter os lábios hidratados. Aqueles lábios macios... que agora estão debaixo da terra.

--Os seus também são macios. E tem cheirinho de cereja.

Ela chega perto de meu bloco de inutilidades. Sim, inutilidades. Ela vai gostar de coisas que estão aí.

GREEN [Shawn Mendes] ☆Onde histórias criam vida. Descubra agora