capítulo 7

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      A enfermeira trouxe uma espécie de macarrão para mim, com um copo de suco, salada, e gelatina, tudo numa bandeja, não tinha um gosto ruim, mas também não era a melhor coisa do mundo. Fiquei um pouco incomodada por precisar comer com talheres de plástico.Após jantar, vasculhei minha mala e lá estava ela, a boa e velha escova de dentes, fui ao banheiro e escovei os meus dentes, depois voltei para a cama e continuei a leitura, mais uma vez, entraram no quarto sem pedir, mas não era uma enfermeira, era um homem alto, loiro, cabelos bem lisos e olhos verdes, usava uma espécie de uniforme com jaleco por cima, deve ser o tal psicólogo.Ele sorriu para mim, não retribui, ele não se abalou.

     -Olá senhorita Albuquerque.- disse e se sentou na poltrona ao lado da cama.

    -Olá doutor...-é, eu já não lembrava o nome dele.

   -Kaiser.-refrescou minha memória.

    -Então doutor Kaiser... o que o senhor faz aqui?

   -Eu sou o seu psicólogo. -disse como se fosse óbvio. -Como você se sente hoje, senhorita Albuquerque?

   -Bem, na medida do possível. -respondi dando uma meia verdade.

   -Mas não parece, a senhorita parece triste.-disse convicto. -Me conte, o que lhe aflige?

    -Eu não estou aflita doutor.

    -Não, não minta para si mesma, se abra comigo, estou aqui para isso. -insistiu.

   -E se eu não estiver a fim de me abrir com você? -retruquei.

   -Aí eu não vou poder te ajudar. -respondeu.

   -Mas e se eu não quiser a sua ajuda?

    Ele me olhava como se eu fosse louca.

    -Você não tem que querer, você precisa!-mesmo calmo, senti mais seriedade em sua voz.

    -E o que te faz pensar que eu preciso da sua ajuda?

    Sim, eu estava desafiando o psicólogo, como uma garota mimada que não aceitava nada que não fosse do jeito dela, só que numa situação um tanto inusitada.

    -Se a senhorita não precisasse da minha ajuda, não estaria aqui agora. -respondeu.

    -Ah, então é você que vai me "curar" ?-perguntei em tom de ironia.

   -Bem, sim, levando em conta a parte principal do seu tratamento. -confirmou.

    -Realmente vai perder seu tempo comigo? Sinceramente doutor, não tem nada que você possa fazer por mim.-abri o jogo. -Não vai me fazer mudar de ideia.

    -Senhorita, a primeira coisa que vamos trabalhar é esse seu pensamento negativo, isso não faz bem.-disse e começou a fazer umas anotações. -E a senhorita é rebelde, mas não creio que esse seja o problema.

  
      Ele já está me diagnosticando? Nem conversamos direito, eu não disse nada que ajudasse.

   
     -Hey, quem pensa que é para me chamar de rebelde? -perguntei debochada.

    Ele riu. Que filho da P@#%

    -Você tomou seu remédio hoje? -ele sorria enquanto me analisava dos pés a cabeça, não parecia assustado com o meu comportamento.

     Normalmente eu fico deprimida, mas agora eu estou com raiva. Será que tenho transtorno bipolar? Pensando bem, eu esqueci completamente os meus remédios.

   -Não...

  -Está explicado. -ele levantou e foi até a porta chamar uma enfermeira. -Preciso de calmantes aqui, obrigado.

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⏰ Última atualização: Aug 24, 2017 ⏰

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