O tempo está chegando
Está chegando logo
Eu sinto isso em meus ossos, eu sinto isso em meus sapatos.
Eu estava perdida, mas agora me encontrei.
E todos meus problemas estão se transformando.
– Susie Suh
Isabelle puxou as rédeas de Hunter, parando-o. Ele parecia irritado por estar ali, mas Isabelle não o culpava: da última vez que ela estivera no esconderijo de Meliorn, ela tinha ido embora de supetão e seu cavalo tinha sido o maior prejudicado. Além disso, Isabelle tinha certeza que Hunter genuinamente detestava seu amante.
— Meliorn — ela bateu na porta levemente, tentando não chamar atenção. Por mais que ele vivesse em um lugar isolado, cautela nunca era demais — Meliorn, abra a porta, por favor.
Ela ouviu movimento do lado de dentro e a porta abriu em um supetão, revelando Meliorn. Ele parecia mal: estava mais magro, os ossos da maçã do rosto proeminentes; suas roupas estavam largas, sujas e rasgadas; seus cabelos longos estavam sujos e quebradiços e seus olhos estavam fundos e com olheiras enormes. Ah, Meliorn...
Seu coração se encheu de culpa. Enquanto ela estava se fartando de boa comida e boas roupas, cheia de conforto dentro de uma mansão, Meliorn estava naquele buraco passando todo tipo de necessidade – e tudo isso por causa de uma briga que ela instigara.
Isabelle esqueceu tudo e pulou nos braços dele, apertando-o em um abraço, sentindo o quão magro o jovem estava. Ela tentou transmitir a saudade que sentia e o carinho que tinha por ele. Justamente por isso que ela sentiu suas estruturas se abalarem quando ele não retribuiu. Isabelle o soltou, olhando-o confusa; ele parecia furioso.
— O que aconteceu? — ela perguntou.
— O que aconteceu? — ele ironizou — Isabelle, eu estou aqui há semanas comendo o pão que o diabo amassou sendo ignorado por estupidez sua enquanto você fica no luxo daquele lorde miserável.
— Não é bem assim, Meliorn — ela disse em voz baixa, sabendo que era verdade, sim.
— Não?! Isabelle, olhe suas roupas, seus calçados. Ele está te transformando em uma deles e você gosta disso. Antes de você vir para cá éramos nós dois contra todo mundo e agora tudo que fazemos é brigar e a culpa é toda sua!
— Eu sei que errei e quero me desculpar. T-trouxe isso pra você. — não era culpa de Isabelle sua voz lhe faltar, também não era culpa da jovem o arrepio que lhe corria a espinha, era resultado da criação de Robert Lightwood.
Isabelle estendeu o braço timidamente, mostrando a cesta cheia de frutas, queijos e uma garrafa de vinho que tinha pegado na mansão bem cedo naquela manhã; Maia, nem Simon reparariam no sumiço devido à fartura da dispensa. Meliorn tomou a cesta com força, colocando-a sobre a mesa com a madeira podre atrás dele.
— Pelo menos algo de bom saiu deste seu "noivado"— ele cuspiu, arrancando a rolha da garrafa com a boca e tomando um longo gole. — E não é que o velhote sabe escolher vinhos?! Se bem, com a fortuna dele ele pode comprar o que ele quiser, comprou você.
— Meliorn, eu... — ela deixou a voz morrer, sentindo-se cada vez mais desnorteada. Um nó se formando no peito, nunca imaginara que Meliorn podia intimidá-la tanto.
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Liberta-me
FanfictionO nome Lightwood está em ruínas. O filho mais velho, cujo nome era impronunciável, havia fugido para não se casar e as más línguas diziam que o menino havia escapado para viver com outro homem. A única esperança da família é a jovem Isabelle Lightwo...