Chama do pecado - Em revisão

Capítulo 3

Tento manter a calma e acreditar que seria uma festa como qualquer outra que já tinha ido. A questão é que nunca fui à festa de empresa. E a única pessoa que poderia dizer que conhecia era Gilmar. Que aparentemente, é o braço direito do chefe, fora ele, não conheço ninguém. E o problema é que eu odeio socializar e justamente hoje eu preciso passar uma boa impressão para todos. Ah, sem dúvidas, vai ser inesquecível.

O problema é que nem sei o que vestir numa festa assim! Procurei não exagerar e ser o mais básico possível. Dizem que a primeira impressão é a que fica, se for assim, acho que não passei a melhor para Gilmar. Uma louca que se joga na frente dos carros? Definitivamente, eu tinha começado mal. Muito mal. Mas por sorte, teria tempo suficiente para mudar essa imagem.

Não tinha roupa para noite, para festas grandiosas, sempre fui muito simples e básica. Então escolhi entre os poucos, um vestido, que era o mais novo no meu roupeiro, regata no estilo camponesa verde com alguns floridos em branco, midi, uma gladiadora dourada de trançar. Não sei se era apropriado para o evento.

Sempre fui muito vaidosa, maquiagem é um amor sem fim pra mim. Mas quando se trata de alimentos, de trabalhar diretamente com alimentos, a vigilância sanitária pega no pé, super exigente, e essa é a única parte ruim do que eu mais amo fazer.

Como é uma festa, acho que não tem problema usar mais maquiagem que o de costume, base, contorno, pó, blush, iluminador, delineador, cílios postiços, rímel e aquele batom vermelho. Não tenho que parecer uma advogada de coque, vou com os cabelos soltos e umas trancinhas. Não abusei das minhas bijuterias. Me olhei no espelho e gostei do que vi. Simples mas não despercebida.

Ainda não me acostumei com a cidade e nem sei bem os horários de ônibus, deve até ser engraçado ver uma pessoa tão arrumadinha andando de ônibus, mas fazer o quê se eu não aprendi a dirigir? Eu nem teria dinheiro para comprar um carro... Para não perder tempo, chamei um uber. Antigamente eu me enganaria tão facilmente com as aparências. Precisou uma dose de chá amargo para evoluir e ver o mundo como ele é, o mais importante é que eu rompi o casulo.

Aviso Gilmar que estou saindo de casa, e ao chegar no hotel ele já está a me esperar na entrada, até parecia aquela coisa de filmes americano, onde o empregado fica esperando a madame, só que aqui é o contrário. São exatamente 19 horas. Ele me olha surpreso com o que vê! Poderia dizer admiração. Abaixou a cabeça, em forma de cumprimento, esticou o seu braço até mim, para que pudesse me apoiar, e assim eu fiz, acompanhando seus passos, lado a lado, novamente até o seu escritório.

Toda mulher é uma princesa, porém, só um príncipe de verdade consegue enxergar sua coroa e assim tratá-la como tal. Por mais que achasse improvável, sentiu algo diferente por ela, tipo uma pontinha de desejo. Seus olhos eram apenas para vê-la. Sua atenção era toda dela.

Naquele primeiro momento de manhã, eu não tinha reparado ainda como o Gilmar é bonito, bonito demais. Assim como eu, parecia que ele também se preparou para essa festa, as roupas eram diferentes, não mais o comportado terno preto, seu cheiro tomava conta de todo o espaço. Não conseguia prestar atenção em outra coisa.

Eu estava tão preocupada e focada em conseguir um emprego que só conseguia pensar nisso, mas agora que posso respirar aliviada comecei a prestar atenção e a admirar sua beleza. Em como ficou atraente usando esses óculos, assim parece ser ainda mais inteligente.

Alto, bem alto. Pele branca levemente bronzeada, cabelos castanhos, alguns fios iluminados em um topete desajeitado. Sobrancelhas bem desenhadas e parecem estar sempre arqueadas. Olhos castanhos escuros. Um nariz perfeito, até parecia ter pago para deixá-lo tão perfeito. Lábios médios, com um desenho exclusivo. A barba que contorna o rosto, o que deixou mais atraente, mais viril, acho que ficou perfeita pra ele. Seu sorriso maravilhoso com seus dentes brancos, pontudinhos e alinhados, em seu rosto existe um equilíbrio, uma harmonia. Ele está sempre sorrindo, mas reparando fundo em seus olhos nem tudo parece ir bem. Às vezes os rótulos escondem o que tem por dentro. A camisa branca deixa ele tão... Iluminado.