Chama do pecado - Em revisão

Capítulo 8

Não seja duro consigo. É normal ter momentos de incerteza sobre a vida. São períodos de transformação para encontrar seu propósito.

Doi tanto em mim. De uma maneira que eu não consigo explicar, nem entender.

Meu Deus, o quê é esse treco que cresce aqui dentro?

Essa angústia que não sai, que dilacera, arranca todas as energias? Pra quê tudo isso? O que eu fiz? O problema não é o ambiente... é dentro, bem no fundinho do meu ser que está o inferno. Nunca vai passar?

Eu olho pra cima e imploro por trégua, por qualquer coisa, qualquer sinal de vida.

Não tem.

Eu devo estar morta, e isso é um pouco confortante.

Eu queria estar morta. É melhor do que sentir todos os dias como eu me sinto. Eu sou um lixo, dá pra entender?

Eu sou a pior pessoa do mundo. Eu sou uma porcaria, e não consigo fugir. Onde foi que eu errei? Eu quero ir parar aonde eu não precise sentir isso, onde não precise sentir absolutamente nada.

Fui para minha casa com meus pensamentos, de raiva, com ódio de Gilmar. Com repulsa de mim. E de tão distraída que eu estava no ônibus, passou do meu ponto e eu já nem sabia onde vim parar.

Esperei o ônibus fazer a linha de volta, depois de uma meia hora desci no ponto e dessa vez no ponto certo. Em poucos passos, entro pelo portão, me sento no meio do jardim e começo a chorar de raiva.

Soluçando e pensando em como as pessoas podem usar outras assim? Como se fossem objetos e depois fazerem de conta que não é nada!

O que essas pessoas têm dentro do peito?

Eu definitivamente não estou conseguindo lidar comigo hoje.

Não depois de tudo que eu vi hoje.

Eu estou cansada de saber que ele não me merece. Eu preciso seguir em frente, preciso esquecer. Eu não aguento mais ouvir minha consciência me chamar de trouxa. Eu simplesmente tô perdida no meio do caminho. Sei que o melhor pra mim é ir embora. Não posso continuar desse jeito. Mas como vou fazer isso?

Ele me fez um bem danado, tudo com ele foi muito bom. Mas o mal que me causa é muito maior. O grande problema é que mesmo agindo de uma forma tão filha da puta, eu ainda sinto sua falta. Eu ainda queria que estivesse comigo. Mesmo sabendo que não posso querer, que não posso deixar que ele brinque comigo e com meus sentimentos desse jeito.

É verdade que eu sempre fui emotiva e essa de usar as pessoas, eu acho ridículo! Independente do motivo, eu nunca beijei ninguém só por beijar, pelo menos um sentimento por mais bobo, tinha que ter.

Dei sempre o meu melhor, ou não dava nada. Ninguém merece alguém que ama pela metade. Nasci intensa, preciso de alguém que transborde. Caso contrário, não é o suficiente pra mim.

De repente, começo a sentir umas gotas frias escorrendo pelo rosto, olho para o céu imenso em sua escuridão e a chuva desce mais forte, me molhando completamente. Como se Deus tivesse me escutando, eu comecei a falar alto.

- Nunca mais, eu prometo!

Eu não quero gostar, porque gostar de alguém é como chegar na beirada de um rio e olhar atentamente para o fundo dele. Se espera que esse rio seja limpo e que não seja traiçoeiro, e muito menos poluído. Pois ninguém merece lutar para chegar na beirada de um rio, enfrentar todos os tipos de problemas para conseguir alcançá-lo, para então entrar nele e descobrir que tudo de mais podre se encontra ali. E quando se descobre que esse rio tem tantas coisas pobres, nos dificulta a nadar para que consigamos sair de lá e a luta se torna árdua, pois assim como entrar foi difícil, sair tem lá suas dificuldades, pois existem inúmeras barreiras para passarmos por cima e, muitas vezes, não temos força para isso e só vamos nos desgastando e torcendo para que no fim estejamos inteiro.