Capítulo 8

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ERIK

A garota mais linda, mais esperta e faladeira do mundo inteiro correu em minha direção e pulou em meus braços.

— Tio Erik!

— Pensei que estivesse zangada comigo!

— E estou. — Laisa falou explicadinho, com a voz aguda característica dos seus quatro anos. — Você prometeu me levar ao cinema e não veio.

— Oh, meu amor... — Dei um beijo demorado em sua bochecha. — O tio não pôde vir, mas avisei ao seu pai. Aquele malandrinho não lhe disse?

Ela fez carinha de manha.

— Disse, mas eu fiquei te esperando.

— E o que me diz de irmos agora?

— Agora?! Vamos ver o filme da Barbie, agora?! — Fiz que sim. — Posso ir vestida de princesa?

Eu ri, imaginando as pessoas olhando um homem de 1,90m de mãos dadas com uma princesa de 80cm.

— Você pode tudo, Laisa.

Coloquei-a no chão e ela saiu correndo, gritando pela mãe como se houvesse um incêndio.

A casa de Thomaz era grande e bem localizada, em um condomínio fechado. Cada cômodo me lembrava muito as casas dinamarquesas, com tons crus e tapetes para todos os lados.

Encontrei meu amigo na sala de jantar. Estava terminando sua refeição.

— Ah! Eis o culpado de toda essa gritaria! — Apontou para mim, terminando de limpar os lábios com um guardanapo de linho.

Sentei ao seu lado e belisquei o assado no centro da mesa.

— Você não me convidou, mas já estou comendo. — E comecei a me servir de frikadeller: almôndegas de porco — uma comida típica da cozinha dinamarquesa —, com batata roast.

Thomaz me passou a salada, mas dispensei.

— Não vai à Drakkar hoje? — Perguntou, enquanto mastigava.

— Passo lá depois do cinema.

Devorei o meu frikadeller, sentindo-me extasiado com o sabor. Só depois de um tempo, me dei conta de que Thomaz me observava com um ar de riso.

— O que foi?

— Você está animadinho demais, Erik. O que aconteceu?

Limpei os lábios e me servi de um pouco de água.

— Está dando na cara assim?

— Sabia! — Thomaz lançou o guardanapo sobre a mesa, empolgado. — Desembucha!

Fiz um pouco de mistério. Não havia muito para contar, mas Thomaz era a única pessoa com quem eu conversava.

— Saí com a Bellanne.

Pousei os braços sobre a mesa, aguardando o queixo dele cair. Porém, a expressão que vi não foi bem a que eu esperava. Ele ficou parado me olhando e depois soltou o ar com um riso meio sem graça.

— Você tá brincando, não é?

Bebi a minha água de uma vez.

— Por que estaria? Fomos jantar e foi muito legal.

— Erik... — Tom franziu as sobrancelhas. — Com tanta mulher linda por aí!

Desta vez, fui eu que ergui a sobrancelha e me recostei na cadeira, sem entender a reação do meu amigo. Não foi ele mesmo quem rasgou mil elogios à Bellanne?!

Bellanne-se! - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora