Sétima Filha - Beijada

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A viagem até Inclandescin se estendeu por vários dias. Não houveram mais imprevistos como os que acontecera dias atrás perto da divisa de Forceu com Terril, na verdade nem sei ao certo o que realmente fora aquilo. — Paramos para montar acampamento cinco vezes, Korgan cumpriu com grande empenho o papel de proteger a mim e Hybrid. Faltavam somente algumas horas para chegarmos ao palácio de Leônidas quando a carruagem parou.

— Dez minutos.

Korgan disse impaciente aparecendo a janela e jogou uma bolsa de couro para Hybrid, que apenas assentiu e a apanhou.

— Vamos, Calyn.

Ela pegou em minha mão e me puxou para fora da carruagem, sem dizer mais nada.

— O que...

— Não pensou que chegaria ao palácio maltrapilha com o cabelo desgrenhado e, bem... cheirando...

Ela fez uma careta em desaprovação.

— Já entendi Hybrid! — Brandeei exasperada.

Estaria ela falando que eu estou fedendo?

A viagem teve poucas paradas em lagos e riachos que Korgan conhecia pelo caminho, mas nunca tínhamos mais que alguns minutos, para nosso total desagrado. Portanto, os banhos foram escassos...

Pude notar que Hybrid estava se segurando, mas logo caiu na gargalhada, era tão alegre que não pude ficar com raiva dela por muito tempo, minutos depois, já estávamos rindo juntamente.

Me lavei em um rio só depois que Hybrid confirmasse que estávamos sozinhas, sem nenhum dos guardas por perto fazendo "rondas", para nossa segurança. — Achei estranho o fato da água ser quente em meio a uma pequena floresta, mas não comentei nada com Hybrid. — Ela ajudou-me a me vestir com um vestido que não tinha várias camadas como de costume, era de um tecido mais leve; sustentado por alças que não passavam de linhas finas para mim, descia trançadas por minhas costas nuas. O vestido era de um preto avermelhado, mas sua leveza era tanta que dava a impressão de que na verdade eu estava realmente, completamente sem nada. — Hybrid explicou logo em seguida que minhas roupas seriam assim pois, Inclandescin é as terras do fogo, o que significa que são quentes. O próprio palácio se encontrava entre as paredes adormecidas de um vulcão inativo a décadas. — Quase estremeci ao ouvir essa última parte. — Ela deixou meus cabelos soltou; dizia que me deixavam mais bela. Não queria parecer bela, não estava indo para impressionar á ninguém, mas ela não me escutou... É claro não.

Seis horas. Foi esse o tempo até chegarmos ao palácio opulento de Leônidas. Hybrid estava feliz por enfim chegar ao lar, não parava mais de falar sobre suas façanhas em meio à vida entediante da corte e criadagem. Fiquei feliz por ela não querer saber como me sentia em relação a tudo isso; afinal, nem eu mesma saberia como responder tal pergunta. — A carruagem diminuiu sua velocidade, abri as cortinas e pude perceber que em fim atravessavamos portões de ferro entre uma enorme muralha de rochas negras. Hybrid estava inquieta ao meu lado, precisei segurar sua mão para que ela se acalmasse. Ambas nós duas não sabíamos o que esperava por mim neste reino.

Depois de passarmos por um vasto Jardim repleto de esculturas feitas com rochas, — De diversas formas e tamanhos; uma arte um tanto impressionante — paramos à frente de uma grande escadaria que levava as imensas portas de carvalho do palácio incrustado na rocha do vulcão.

Trombetas ressoaram assim que meus pés tocaram o chão ao sair da carruagem. Minha acompanhante, quase que imediatamente, ficou tensa ao meu lado.

Ao topo da escadaria estava o rei, imponente e grandioso; com sua túnica de um preto avermelhado, — exatamente igual a cor de minhas vestes — e um uniforme militar preto acinzentado como as cores das paredes do palácio negro que se estendia atrás do mesmo, com um emblema de uma cobra de fogo bordado sobre o peito, na direção de seu coração. O peso de seu olhar e dos dois homens que o acompanhava recaiu sobre mim, quase fazendo com que engolisse em seco sobre suas presenças. — Assim que estávamos perto o suficiente, Hybrid fez uma reverência puxando discretamente meu braço, para que fizesse o mesmo.