Capítulo 28 - 27-31/03/2012 Seu amor é resistência

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27/03/2012

Ana Mel entrou no quarto de Vicente e sentou-se na grande cama dele. Era esquisito estar fora do hospital, ficou confinada quase dois meses e agora sentia a agonia de voltar para o lado depois da porta do leito dela. Rapidamente lembrou-se de Cléo e da teoria de que ela estava realmente sendo mantida em cárcere. Se aquilo fosse realmente verdade, sentia absoluta alteridade em relação a ela, afinal, se alguns meses já lhe fez mal, imagina ficar assim por anos. Mas espantou esse pensamento, no fundo no fundo desejava que Vicente não tivesse absolutamente nada a ver com isso, e mesmo com as provas, que na opinião dela não significavam nada, ele não fosse o verdadeiro autor do sumiço da garota.

- Parece que ela dormiu. - Comentou Vitória, entrando no quarto com uma xícara de chá de erva doce, entregando-a para sua cunhada.

- O pediatra disse quando teríamos que voltar lá?

- Talvez semana que vem. Mas agora você precisa descansar e se alimentar bem. E o mais importante, beber muita água. - Ana Mel deu uma risadinha, dando um gole no chá feito por sua cunhada.

- Tudo bem. Não ligou para o Vicente para avisar que tivemos alta, né? Quero fazer uma surpresa para ele. - Comentou Ana.

- Não comentei não, fique tranquila. - Elas deram uma risadinha e Vitória ficou de pé. - Bem, agora eu vou ter que voltar pro salão, marcaram pintura hoje e minha mãe vai ter que ir no banco mais tarde, então vou precisar ficar no lugar dela. Olha, se você precisar de mim, me ligue, tá? Vou subir com ela para que você não precise descer as escadas. - Ana Mel balançou a cabeça afirmando e viu sua cunhada sair pela porta.

Não demorou para Vitória voltar segurando a pequena bebê, que não tinha mais do que 40 centímetros e um quilo e meio.

- Pronto, aqui está sua princesinha. - A moça magra, de longos fios castanhos pegou aquele bebezinho no colo e segurou-o.

- Ela puxou vocês, olha esse olho. - Vitória deu um sorriso de lado.

- Espero que não puxe o caráter do pai. - Ana Mel ignorou o comentário da outra e subiu sua blusa para amamentar sua filha.

- agora que eu tô vendo minha filha comigo, imagino como deve ser horrível para uma mãe ficar longe de seu filho ou filha.

- A Mônica quem o diga. - Ana subiu o rosto para olhar nos olhos de sua cunhada. Estava ficando farta daquelas indiretas, mas segurou-se para não falar nada, afinal, precisava dela. - Bom, agora estou indo. Cuide bem dessa bonequinha. - Vitória deu um beijinho na testa pequena de Alanis e saiu, deixando Ana e sua sobrinha, sozinhas.

Vitória foi incisiva com Tiago sobre as provas, que lhe garantiu que elas seriam entregues no momento certo, mas infelizmente, a mãe do rapaz não sabia que essas tais folhas com dados já haviam virado cinzas graças à sua cunhada querida. Naquela casa, só Rosana não sabia que o grande causador daquele caos era Vicente, ou sabia e fazia vista grossa.


Vicente tomava seu café na sala dos professores esperando seu tempo vago acabar para poder ir para outra sala dar aula. Enquanto bebericava o líquido escuro que estava em seu copinho de plástico branco, pensava em Cléo. Há tempos estava juntando um dinheiro para poder fugir com Cléo para outro lugar e ter pelo menos como se sustentar por um tempo, até precisar conseguir dinheiro. Ir embora com sua filha junto também estava em sua mente, mas ele precisava arquitetar tudo muito bem feito para não haver qualquer furo. Pôs sua casa da serra à venda e esperava ansiosamente por aquele dinheiro para que pudesse finalmente se mandar.

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