We Are Everything

Capítulo I: Uma Fuga Planejada

[...]
Era uma noite fria e ventava muito lá fora, eu nem sei por que raios mantive essa vontade. Meus pertences já a tempos estavam dentro da bolsa, aquela imensa bolsa (agradeço ao titio Louis por me ter presenteado ela ano passado, era uma excelente bolsa de acampamento).
Agora só me restava mandar o sinal, eu estava pronto! Peguei meu celular e liguei para ela:

Chamando...
Chamando...
Chamando...

?: Alô!?

- Shh, fala baixo - digo quase sussurrando - como você está?

?: Preparada! Eu só preciso dar o fora daqui mas parece que há alguém na sala...

- Isso é ruim. Tente sair pela janela.

?: Que clichê.

- Eu vou sair daqui agora, antes que acordem, logo eu tô aí.

?: Vem logo tá...

Encerrando chamada...

Então eu peguei aquela bolsa. Cara aquilo estava bem pesado. Coloquei nas costas e saí o mais calmo que pude pela porta dos fundos. Acho que ninguém me ouviu.
Eu pensei em "pegar emprestado" o carro de papai mas isso acordaria a todos pois aquela maldita lata velha fazia um barulho extraordinariamente alto para ligar (era um carro ou um caminhão?) Então fui andando mesmo. A casa de Andy não era muito longe então eu estaria lá em menos de vinte minutos (esse seria o tempo que ela teria para poder sair de casa).
Eu andei... E andei... E andei mais um bocado quando a vejo sentada aos "pés" de uma árvore, em uma praça próxima a sua casa, eu só a vi e reconheci por que ela estava usando o celular e a luz que ele emitia clareava seu rosto, fora isso, seria impossível vê-la pois o breu que estava era surpreendente. Eu me aproximei e ela levantou.

Andy: Com essa demora pensei que tinha desistido.

- Chega de enrolar, vamos sair daqui logo antes que alguém nos veja.

Andy: Sério!? Em plena três da madrugada? Quem irá nos ver...?

- ...Só vamos sair logo daqui... E já são quase quatro.

Andy: Você marcou o lugar?

- Tá aqui no meu celular...

Andy: Então é a nossa hora...

Você deve estar se perguntando o que está havendo não é? Bem, eu explico para ti, caro leitor.
Faz uns seis dias que eu venho planejando uma fuga (na verdade eu já planejava a muito tempo, porém só a seis dias tive certeza que iria), sabe, minha vida não é das melhores. Porém, eu conheci uma garota que assim como eu, não gosta de onde vive, nem como vive, tudo para nós é tão cinza e repetitivo. Queremos mais "ação" na vida, mostrar que somos diferentes, não precisamos ficar dentro de nossos quartos, odiando a família que temos, sendo esquecidos pelo mundo...
Basicamente, queremos viver, de modo literal.
Após dias de conversa com ela, começamos a planejar essa fuga, entrar nos mínimos detalhes, pensar em cada situação, onde ficaríamos, pra onde iríamos, coisas assim. Mas agora isso é irrelevante, eu nem queria saber pra onde iria, só queria sair daquele maldito lugar e levar ela comigo. Ah, antes que pensem besteira, Andy é só minha amiga okay.
Cautelosa e Pensativa, a garota ia na frente, eu só levava as tralhas (esqueci de mencionar que ela estava com duas bolsas, uma mochila que levava nas costas assim como eu, e uma maior que eu fiz questão de levar para ela. Essa segunda era provavelmente a que estava com suas roupas e por isso não era tão pesada assim).

Andy: Certo, estamos perto da estrada, me empresta teu celular?

- Minhas mãos estão ocupadas, ele tá aqui no bolso esquerdo da jaqueta.