Capítulo 6

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Cheguei na minha sala me sentindo contente. Eu sabia que em breve teríamos novos funcionários e isso iria ajudar a empresa a lucrar. Liguei o computador e sentei-me na cadeira. Me dei conta de que tinha esquecido minha caneca na sala de Elliot. Levantei para ir até a sala dele, eu já sabia que ele tinha chegado então sua sala estaria com a porta destrancada. Eu já tinha uma mão na maçaneta quando ouvi a voz dele discutindo com outra pessoa.

-Não. Ela já tem alguém.-Essa era a voz de Elliot.

-Então, eu quero ter certeza. Quero perguntar a ela para ter certeza.-Era Rafael.

-Pra que? Já não te dei a certeza?

-Quero ouvir da boca dela.

Eu fingi não ter escutado nada e entrei de supetão quando ambos ficaram em silêncio por uns segundos. Rafael iria falar algo, mas se calou. Ambos olharam para mim como duas crianças que foram pegas fazendo besteira. Rafael se recompôs mais rápido ao passo que Elliot ficou me encarando com os olhos semicerrados por mais uns segundos.

-Alguém viu minha caneca?

Elliot foi até a sua estante e pegou minha caneca. Então me entregou.

-Hoje nós iremos na fábrica.

-Certo.

-Eu e Rafael. E antes que você pergunte,-ele disse quando eu emburrei a cara.-precisamos de você aqui hoje. Vão chegar algumas encomendas e contas. Como eu não vou estar aqui, você vai assiná-las para mim.

-Ah, que ótimo.-Revirei os olhos.

-Que ótimo o que? Achei que ficar aqui era melhor que ficar em casa.

-Eu disse que queria estar a par de tudo.

-Então, você está.

-Ficar assinando documentos não é estar a par de tudo, Elliot!

-É claro que é! Você nunca recebeu encomendas e contas!

-Já sim.-Era verdade. A gerente que recebe me mandou assinar naquele dia, pois ela estava ocupada.

-Mentira! O que você já recebeu?

-Encomendas na fábrica.

-Vou fingir que acredito!

-Então fingi que acredita, seu grosso! Você tem uma mania de não me levar a sério!

-Ah, pelo amor de Deus. Não comece o drama por favor!

-Eu não faço drama!-Falei revirando os olhos.-Faça o que quiser.

Me virei e fui pegar meu café. Só o café para me deixar de bom humor.

***

Na hora do almoço eu resolvi sair mais cedo. Queria comer lá no restaurante. Peguei minha bolsa e sai da sala, rumo ao elevador. Entrei no elevador e apertei o botão do térreo. E então aconteceu. O elevador parou e as luzes apagaram.

-Ah, caralho...

Escorreguei pela parede atrás de mim, o ar fugindo de meus pulmões. Senti minhas batidas ficarem mais fortes a medida que tudo se fechava a minha volta. Estava muito quente e ao mesmo tempo muito frio. Comecei a suar e ficar tonta. E então a escuridão me abraçou.

***

-Sai de cima, eu sei o que estou fazendo.

-Sabe mesmo? Por que ela continua...aí meu Deus, ela se mexeu!

Senti uma mão tocar delicadamente meu rosto. Eu conhecia aquela mão. Conhecia bem demais. Abri os olhos devagar e tentei levantar. Elliot me olhava preocupado e depois aliviado. Sua mão me amparava enquanto eu tentava levantar. Minha cabeça estava começando a dar uns picos, e eu sabia que teria que ir para casa.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora