Clitch, o Instigado Fantasma Incompreendido

Nuvem

Flutue sem rumo, olhe para os céus e ao além e sinta... Sinta a inconcebível sensação de solidão.
Sinta-se acolhida por ela, molde-se nela e dela tire sua verdade. Sua única verdade.
Há verdades tão perdidas e perdições tão falsas... Conjugações momentâneas.
Momentos distantes. Momentos marcantes em momentos que não estão aqui e nem ali.
Momentos que não estão em lugar algum, nem mesmo neste tempo. Seu próprio tempo. Estão perdidos, tão perdidos... tão vagos. Vagando pelos momentos, mastigando velhas lembranças que não nasceram ainda.
Vivendo momentos não vividos pela necessidade de momentos.
Momentos marcantes, não planejáveis, não constantes, apenas vivíveis; Vivendo em sua inacreditável suavidade.
Quando olhar aos céus, esvaziar o coração e ouvir sua própria mente, há quantas mentiras que serão caladas? Há quantas verdades ditas?
Há quantos momentos imprevisíveis importantes?
-Cá estou eu, novamente amarrado à esta cela. Uma cela sem grades...
Há formas, o azul celestial... Proporções vivas, presentes apenas na sombra.
A sombra que esfria a emoção do olhar; Que abstêm o prazer de sentir.
Transformar-se no corredor oval do corredor cético é encarnação. Encarnação da vida eterna.
Os olhos fechados com os ouvidos tampados, no ato de auto-persuasão, repedindo à mesma alma meio vazia, a mesma positividade que a alguns momentos atrás, com seu espírito condizia.
-Para onde iriam aquelas outras nuvens?
Para o futuro.
Para o rumo imprevisível.
Para o eterno " e se...? ".
Se, naquele momento, a vida não fosse tão agraciada com o prazer de ser finalmente vivida, para onde seria guiada, àquela pobre alma sofrida neste presente tão deslumbrante e real, tão intenso e poderoso, tão grande e eterno, o famigerado passado?
O que você faria, jovem nuvem?
Una-se às outras, absorva-as e encontre o caminho para a tempestade.
Tempestade que criou o rio sob você.
Tempestade que, ao seu fim, dissipara-la aos céus; Aos ventos.
Então, nesta bela e clara alvorada, flutue.
Flutue sem rumo, olhe para os céus e ao além e sinta... Sinta a inconcebível sensação de solidão.