CAPÍTULO 8 - ESPECIAL

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      A claridade do meu quarto queimou meus olhos, eu me levantei ainda desorientado e fechei as cortinas do quarto. Cai na cama de novo, foi quando o despertador começou a tocar, hoje ia ser um dia daqueles. Fui direto para o banheiro, meu humor estava pior, bem pior que outro dia. Mas eu pensei na única pessoa que conseguia fazer tudo mudar, do negro para o colorido pra mim, da pessoa que girava meu mundo do lado contrário, as vezes. Vítor.
      Me chamo Pablo, isso não é novidade. Eu tenho 20 anos, mas eu sempre aparentei ter mais que isso, Vítor sempre diz que eu sou velho demais, mesmo não sendo. Sou muito alto 1,80, e alguns centimetros a mais. Minha pele é clara, um pouco bronzeada, mas bem pouca coisa, cabelo louro e olhos verdes, eu gosto dos meus olhos, eu posso ser considerado um cara bonito, galã, mas eu ainda acho que o que salva em mim são meus olhos, eles tem um tom de verde bem intenso, o mais estranho é que nem meu pai, nem minha mãe tem olhos verdes, acho que herdei de um parente mais distante.
Eu tenho covinhas e aquele furinho no queixo, isso também não é de família, minha mãe constuma dizer que essa minha beleza eu puxei da parte da família dela, mas eu sei que ela gosta de irritar meu pai. Eu malhava muito, era bem abusivo com a academia, era uma forma de manter as lembranças afastadas cuidando do meu corpo.
      Desde que éramos pequenos eu e Vítor sempre fomos bem apegados um ao outro, a primeira vez que nos vimos ele era bem pequeno mesmo, e tinha uma vergonha danada, e como eu era sempre o mais "sem vergonha" levei ele para brincar comigo na minha casa, ele era um anjinho, e eu sempre gostava de ficar com ele, mesmo crianças, não sabendo de nada da vida, nem o que sentiamos. O tempo passou e sua família veio viver na fazenda do meu pai, quer dizer, do meu pai e da mãe de Vítor. Desde então vivemos mais ligados ainda, já que moravamos na mesma grande casa da fazenda.
      Vítor tinha uma personalidade forte, e já tinha perdido a vergonha dele. Crescemos juntos, iamos pra escola juntos, lá eu protegia ele dos valentões da quarta série. Eu tinha dez anos quando ele foi embora. Eu com a minha pouca idade já era maduro demais, e sofri demais, por varios fatores, tínhamos uma promessa de sangue de nunca deixar um ao outro, e então tudo acabou.
Desde então eu me fechei pro mundo, eu não fazia nada mais além de odiar Vítor profundamente por ele ter me deixado, e meus tios também por terem me tirado ele.
      Eu estava com treze anos quando eu tentei me matar, eu tinha ficado três anos sem saber dele. Mas como sabem, Beto me salvou. Ele era um cara legal, e devo dizer, foi com ele que eu tive minhas primeiras experiências sexuais. Beto foi uma anestesia. Mas que também acabou. E com quinze anos eu deixei a fazenda e meus pais e fui estudar fora. Passei boa parte dos anos fora. Quando voltei tudo tinha mudado de novo, meu pai havia construído a loja de artigos esportivos. E eu fui morar com ele. Eu era agora um homem de dezenove anos e muito bonito digamos.
      Fui pra minha surpresa que eu me encontrei com Vítor lá de novo, ele estava tão diferente, tinha mudado tudo, estava forte e muito, mais muito lindo. Ele também ficou estático quando me viu, mas eu tinha uma coisa maior que a felicidade em ver ele, o ódio. Odiei rever ele, me lembrei que foi culpa dele eu ter jogado anos da minha vida em uma depressão, sei é egoísta já que ele não tinha nenhuma culpa. E desde então vivemos em guerra.
       Eu fiz muita coisa ruim enquanto eu estava fora do país, uma delas me deixa muito arrependido. Mas eu gosto de deixar o passado no passado.
      Eu terminei de me arrumar, coloquei uma roupa bem leve, e que deixava meus braços a mostra, Vítor passava a maior parte do tempo olhando para eles. Fui buscar ele na escola. Eu não sei muito dessa coisa de ser o namorado perfeito, mas eu amo Vítor, e eu li alguma coisa na internet de como ser um bom namorado. Risos. 

      Ele estava saindo da escola quando eu fui até ele, que arregalou os olhos, as expressões de surpresa dele eram as minhas preferidas.

— O que você veio fazer aqui? Aconteceu alguma coisa com minha mãe? Meu pai? Tia clara… — Eu o beijei para fazer ele se calar, isso deixou ele muito nervoso, eu senti ele estremecer nos meus braços, claro, estávamos na frente da escola com adolescentes nos olhando. Eu sorri e o soltei.

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