P.O.V. Regina
Abri os olhos com um pouco de dificuldade por conta das luzes dos carros que vinham na pista oposta e que invadia o ônibus pela janela. Ajeitei meu corpo na poltrona e percebi que os assentos a minha volta já estavam vazios, e poucas pessoas permaneciam no veículo que, aliás, nem saiu lotado da rodoviária de Atlanta, o que me lembrou Zelena dizendo que o estado estava esquecido. Certeza que enquanto eu babava no moletom as pessoas iam desembarcando nas diversas cidades que eu deixei de saber quais eram por conta do cansaço. Notei que estava escurecendo e me perguntei quanto tempo devo ter dormido, provavelmente o dia todo e mais uma vez pensei o quão útil seria meu aparelho celular ali. Balancei a cabeça com o intuito de me livrar desses pensamentos e foquei minha visão para a estrada que corria ao meu lado. Na verdade, pela velocidade do ônibus só conseguir ver um borrão verde que só poderiam ser árvores plantadas por toda a margem da pista. Num determinado momento uma placa, também verde, passou por nós e de relance vi algo como "Storyb..." escrito em letras brancas, mas por conta da rapidez não consegui ler o resto, e por isso não podia adivinhar onde estava. Nem seria capaz, já que não conhecia nenhuma cidade daquela região e jamais saberia dizer se estou no começo ou no final do trecho. Aliás, se quer sei se já estou no Maine.
O ônibus aos poucos foi diminuindo a velocidade e adentrando por uma nova cidade. Parecia ser pequena e bem menor que Carrollton, mas era tão aconchegante. As casas não eram exuberantes, mas as ruas em que passávamos eram largas, e cobertas por árvores. Algumas pareciam até tuneis de tão fechada a vegetação a sua volta. Um carro ou outro passava por ali, e conclui a ideia de que deveria ser uma cidade muito tranquila. O ônibus estacionou finalmente, e quando olhei para a janela do lado oposto, avistei o mar pela primeira vez naquela viagem pelo trecho litorâneo do Maine, e o pequeno balanço de suas ondas junto ao movimento das aves que faziam voos rasantes me hipnotizou. Fui tirada de meu transe pela voz do motorista, que também ouvi pela primeira vez. Eu estava realmente muito cansada para desmaiar assim, pois meu sono normalmente não é nada pesado.
- Boa... noite. – Disse o homem olhando para o relógio no seu pulso. - Estamos na cidade de Storybrooke, no Maine. – Agradeci mentalmente por ele me responder o que estava escrito na placa que não consegui ler a minutos atrás. – Para quem vai ficar por aqui, obrigada pela preferência. Para quem for seguir viagem, faremos uma parada de 20 minutos para um café rápido.
CAFÉ!
Aquela palavra quase me fez pular do assento. Céus, como eu sobrevivi sem café por tantas horas? Peguei minha mochila e me encaminhei pelo corredor apertado do ônibus até descer o primeiro degrau e receber uma lufada de vento no rosto.
- Estamos em qual parte do trecho? – Perguntei ao motorista assim que terminei de sair do ônibus.
- Já passamos da metade, senhorita. – Ele me respondeu de forma simpática, indo até a frente do ônibus para fechar a porta automática.
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sou•nós
Romance"Eu fugi de casa e do inferno que minha vida se tornou. No meio da minha fuga, me deparei com um paraíso na terra chamado Storybrooke. Apesar de estar determinada a não formar laços afetivos na nova cidade, não consegui cumprir esse objetivo ao conh...