Capítulo I: Plantio

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Antigamente, os povos eram divididos em castas.

Os elfos, fadas e feiticeiros ficavam no topo. Eram os seres mais respeitados da terra, considerados os mais fortes e gentis.

Dragões e sereias, ficavam no segundo. Eram criaturas perigosas. Os dragões por sua vez, colocavam terror nos vilarejos e florestas, incendiando tudo o que veem pela frente. As sereias, com seu canto, matavam todos os navegantes que navegassem pelos seus mares. Mas, a magia dos elfos, fadas e feiticeiros, poderiam matar um dragão e espantar uma sereia. Sendo assim, podendo ser derrotadas com magia, ficaram abaixo do escalão mágico.

Duendes e humanos, ficavam no terceiro. Eram de pequena importância, magia bastante limitada. Os duendes eram seres das florestas, que faziam pequenos consertos nas matas, e os seres humanos eram de grande quantidade na terra. Às vezes, os humanos tinham talento em dominar a magia, porém não tanto quanto o alto escalão mágico.

Se os seres humanos são tão efêmeros, então por qual razão as bruxas estão abaixo dos seres humanos?

Sim, a quarta casta.

As Bruxas.

Consideradas demônios e seres cruéis da noite, aterrorizavam os próprios humanos. Com bruxarias e magia negra, eram consideradas versões aterrorizantes dos bons feiticeiros. O mal feiticeiro, a má feiticeira. A bruxa.

O alto escalão mágico, detestava as bruxas, e logicamente fazia de tudo para combate-las.

Anos antes, as bruxas ficavam na terceira casta, pois eram perigos tão grandes quanto os dragões. Mas, houve lutas travadas contra os dragões. Os dragões aos poucos foram erradicados da terra, diminuíram muito a quantidade, dando cada vez mais poder e soberania ao escalão mágico. Porém, ainda existem e ainda causam estragos, garantindo assim a sua segunda posição nas castas. Então, sobrou as bruxas. Houve um grande massacre de bruxas após o massacre de dragões. A Grande Queima, como foi chamada.

Milhares de pessoas foram queimadas injustamente naquela época. A vontade de dizimar as bruxas era tão forte, que o cabelo ruivo foi considerado simplesmente o cabelo de bruxa, a manifestação da magia. O cabelo ruivo era comum na época, porém com tanta perseguição, as pessoas procuraram métodos para tingir os cabelos, tentando fugir da Grande Queima.

E assim, o poder do escalão mágico foi subindo. Bruxas eram mortas incessantemente, o perigo dos dragões parecia um pesadelo passado. Os humanos eram fortemente protegidos, e orientados a participar da queima. Serviam principalmente como delatores. Foi uma década inteira assim. A década da grande queima, que aconteceu nos anos 790 até o ano 800.

50 anos depois, as bruxas foram para a quarta casta, rebaixadas até mesmo pelos duendes e seres humanos. Humilhação total para quem possuía cabelos ruivos ou para quem demonstrava qualquer suspeita. A fogueira era certeira. Até mesmo aparecer no sonho de outra pessoa, indicava relações com a magia. Então pode-se dizer que a queima continuava diariamente.

Mas, no ano 850, as coisas dariam uma reviravolta. Se iniciava então a Revolta das Bruxas.

Na parte mais desconhecida e inabitada do reino, ficava a Floresta da chuva. Lá, a morte parecia reinar. As árvores pareciam secas e sem vida. Mas mesmo assim, eram juntas o suficiente para impedir a entrada do sol, e seus galhos faziam arabescos grotescos. Os animais que se aventuravam por lá, apodreciam na terra pobre. Nenhum som, nenhuma vida. Era a perfeita imagem da morte naquele lugar. Um lugar tão morto e tão sem vida, que não fornecia uma única fonte de magia. Nenhuma tênue linha que pudesse indicar a existência da vida ali. A hipótese das bruxas se reunirem na floresta, era descartada. Não havia como. Não havia fontes de magia no local. Então, as bruxas não iriam se reunir lá.

Meia-NoiteWhere stories live. Discover now