Clitch, o Instigado Fantasma Incompreendido

Dentista

Pobre Henrique... um menino tão novo de 7 anos de idade com tanto medo do mundo é perturbador. Onde já se viu tamanho medo de ir ao dentista?! Tudo bem, as brocas e os alicates assustam a todas as crianças, mas o coitado chega a se mijar nas calças. É um absurdo!

É sempre a mesma ladainha, Henrique ficava com medo de ir ao dentista. Ele insistia para que eu entrasse junto dele na sala e ficasse lá, segurando sua mão. Eu nunca entendia o menino, ele parecia ter tanto medo que parecia que ia ser atacado ou coisa assim. Nunca me importei, sempre fui uma mãe ausente...

Contudo, os dentes do menino precisavam de um tratamento específico e de cuidados. Era algo relacionado a falta de cálcio nos dentes. O que é irônico, já que sua primeira carie foi graças ao excesso de achocolatado. O menino de uns tempos pra cá se tornou o maior inimigo da escova de dentes e eu não tinha a menor ideia do porquê.

Bom, após algumas sessões de idas e vindas do dentista ao longo dos meses, percebi que o incômodo do menino estava mais grave. Ele mordeu e apertou o braço do Dr.Ricardo. Foi perturbador o berro de Henrique, seguido das agressões. Juro que aquilo parecia só mais uma coisa de criança!

Decido leva-lo ao psicólogo, então. O medo volta, ele sente desconforto ao ficar sozinho com o psicólogo. " Por Deus, qual o problema deste menino?! " Me perguntava todas as vezes. Decido mudar de ideia, levo-o à uma psicóloga. Os ataques começam a ficar normais, parecia uma outra criança. Inacreditável! A psicóloga realmente resolveu todos os problemas do menino Henrique.

Meu filho parecia mais calmo, mas a história se repetiu na próxima ida ao dentista. Decido que vou deixa-lo na casa do pai uma semana inteira. Ele só o via nos finais de semana, mas ainda assim, ele é pai o pai e possui obrigações.

Eu queria nunca ter tido esta maldita ideia...

Henrique retornou à psicóloga depois de duas semanas, já estávamos nessa função de dentista, psicóloga e casa do pai há uns 8 meses. Senti que era hora de me perguntar o que diabos podia estar errado.

Eu trabalho em uma revendedora de carros. Sempre tive o dom da fala e da persuasão, sendo a vendedora mais requisitada da loja. Me sinto lisonjeada por ser um sucesso naquele emprego, já que é meu único sustento desde o divórcio entre mim e Jonathan. Por conta disso, nunca consigo ter muito tempo com Henrique...

Até que, um dia, eu recebi um telefonema da psicóloga de Henrique, requisitando minha presença em uma das consultas. Fiquei surpresa, de verdade, não imaginava uma ligação dela. Mas Henrique parecia mais inquieto que o normal, então eu fui.

Chegando lá, ela pede para que Henrique mantenha-se na área de espera das crianças. Ele olha para a psicóloga e pergunta se o urso gigantesco de pelúcia vai obriga-lo a escovar os dentes igual ao pai. Ela diz para ele não se preocupar e que o urso é inofensivo. Então, eu entro e a conversa começa de imediato.

Sabe, ela me olhou no fundo dos olhos com um olhar penetrante. Era uma mistura de tristeza, foco e inquietação. Já viram uma psicóloga inquieta? Poisé, é assustador!