Meu pai havia me pedido para levar uma cesta com alguns suprimentos para sua irmã. Ela havia descoberto um tumor há dois anos, estava piorando cada vez mais, mas resistia em vida impressionantemente. Enquanto enchia o tanque do carro, ouvi dois homens comentando sobre o assassino sangue frio que vêm cometendo uma onde de mortes há uns meses, estava foragido. Ninguém nunca foi capaz de ver seu rosto, alguns dizem que se esconde atrás de uma máscara, outros que é tão meticulosamente sábio que nunca deixaria ser pego. A polícia estava lidando com homicida profissional que vêm atacando moradores da região, não há pré-requisitos para ele, se houver oportunidade ele ataca.
Entrei de volta no carro, liguei o rádio e segui meu caminho. O caminho era longe e a estrada estava deserta. Gostava disso, por mais que parecesse aterrador, me trazia calma, uma certa paz no coração.
Quando cheguei em minha tia, vi como estava mal. Apenas ossos revestidos por uma fina camada de pele ressecada e cheia de feridas. Pobrezinha, pareceu surpresa ao me ver. Acho que não esperava me ver aqui no meio do mês. Costumo vir no começo de cada mês ou no final, para trazer coisas já que meu pai não traz, ou arranja uma desculpa para não vir vê-la, ele não tem estômago para isso. Mas no fim das contas eu não me importo em vir.
-Olá tia Susan, como tem passado?
Ela não conseguia falar mais, os músculos atrofiando devem ter afetado a capacidade de fala. Tudo bem, sei que não serei interrompido por ela.
-Trouxe mais suprimentos. Papai mandou um beijo e disse que vai tentar passar aqui até o final dessa semana o que ambos sabemos que é mentira, ele nunca viria. Espero que a Kátia esteja cuidando bem de você, estamos pagando uma fortuna e sempre que venho nunca a encontro aqui.
Enquanto ela me seguia com os olhos eu abri as cortinas, o dia estava acinzentado e não era motivo para evitarem a luz externa. Peguei o vaso de flores e troquei a água. Kátia me parecia um desperdício essas horas, a casa estava tremendamente empoeirada. Seria melhor contratar uma faxineira do que alguém que receba por dia para alimentar uma mulher. Decadente, imagine chegar aos 56 anos e ter que comer tudo em forma líquida. Esse sofrimento todo estava durando muito. Minha tia era realmente muito resistente.
-Vou pedir que um médico venha vê-la. Acho que esteja começando a ter úlceras de pressão. Até poderia tentar trocar o colchão da senhora, mas não acho que adiante muita coisa.
Me aproximei dela, ela tirou os olhos de mim e fitou a porta com a boca aberta.
-Sim, creio que Kátia não demore tanto na rua.Está na hora da sua injeção e por favor, não precisamos de lágrimas como da última vez, sabe que devo fazer isso, certo?
Retirei os equipamentos da mochila. Observei se não havia vizinhos bisbilhotando pela janela. Kátia me contou que as crianças do bairro achavam que minha tia era uma bruxa por nunca sair de casa de dia, pressupunham que só saia a noite. Crianças são tão inocentes e burrinhas, deveriam achar que ela fosse uma vampira com uma descrição dessas. De qualquer forma, quanto menos espectadores olhando, melhor.
- Pronto titia, apliquei uma dose menor hoje. Viu como penso na senhora?! Não precisa encenar pra mim, sabemos que a senhora não aguenta mais sobreviver assim. Não se preocupe, isso logo terá fim. Mais umas cinco ou seis dessas doses, eu garanto.
Guardei minhas coisas, liguei a TV para ela e decidi que era hora de partir. Com um pano embebido a álcool, limpei todos os vestígios que comprovassem minha visita. Adorava ter acesso aos horários de Kátia. Sabia também que ela costumava demorar na farmácia propositalmente, afinal estava transando com o farmacêutico. Aposto até que ela já o trouxe para cá, enquanto Susan dormia.
-Virei ao final do mês, não precisa temer outra visita surpresa. Deus é testemunha, sei o quanto é indelicado, mas sua saúde depende disso, dessas injeções. Quem diria que inseticidas misturadas a soro fisiológico causariam tantas alterações no organismo?! Acho que sei como Victor Frankstein se sentia, incompreendido pela acadêmia cientifica naquela época. De qualquer forma, nossa diferença foi que ele ele tentava criar vida, já eu, como nosso segredo, tento expôr ao limite, e ver até onde aguenta. Mas não pense que faço isso por ressentimentos, por favor, não sou tão desprezível a esse ponto.
Antes de sair, dei uma última olhada em tia Susan. A coitada está sendo meu experimento mais bem sucedido. Quem precisa de ratos de laboratório, não é mesmo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
HORROR STORIES: NEW VERSIONS OF OLD CLASSICS.
HorrorDesde histórias populares até creepypastas, nenhuma versão ficará impune. Tem certeza que é uma boa hora para ler isso? Curtos contos fantasiosos como você nunca viu antes.