Her (Segunda Temporada)

Confiança

Lauren POV

Camila estava chorando ao meu lado. Eu não soube o que fazer no início, mas apenas puxei sua mão para a minha e a segurei firme. Ela olhou pra mim. Se aproximou e descansou a cabeça no meu ombro enquanto ainda dirigia.

Eu nos levaria para a casa dos seus pais agora, mas ela pareceu tão frágil. Talvez precisasse de um tempo seu antes de encarar mais uma conversa séria. É claro que seus pais a confrontariam por ter ido embora no dia do seu casamento e não mandado mensagens sobre onde estava. Dinah não a havia ligado mais.

Não a perguntei para onde queria ir. Tive que soltar sua mão para controlar melhor o volante. Ela abraçou meu braço e continuou descansando a cabeça em mim. Eu me senti mal por lhe causar um caos enorme em todos os momentos da sua vida. Me doía a alma a ver mal. Eu me vi pensando sobre nossa vida.

- Você não vai me deixar agora? Vai? - Camila perguntou com a voz cheia de emoção, fraqueza, dor. Eu respirei fundo.

- Jamais! - A disse. Repeti a palavra jamais na minha cabeça. Eu lhe tinha feito tanto mal, talvez essa fosse a hora de mostrar que eu poderia ser capaz de lhe fazer bem de verdade, que poderia ficar dessa vez e pra sempre, que eu tinha controle para a amar e cuidar dela como prometi uma vez. Eu tinha amadurecido para isso e estava pronta para a amar infinitamente e jamais a deixar novamente.

Camila me pertencer nunca significou que ela deveria estar comigo para sempre. Quando anos atrás eu parti, foi porque iria lhe fazer mal se ficasse e eu fiz até o momento em que ela me encontrou e voltou pra mim, me forçando a reconhecer que eu teria de voltar pra ela também. Agora poderíamos viver o que planejávamos quando éramos mais novas. Agora nós estávamos ambas prontas para enfrentar a vida juntar. E eu jamais a machucaria assim de novo.

- Por que estamos aqui? - Ela perguntou quando parei o carro.

- Você precisa respirar um pouco. Sentir um pouco do ar puro. Vem. - A chamei saindo do carro. Camila fez o mesmo ainda receosa e com lágrimas nos olhos.

Quando observei Camila conversando com Ariana pela janela e a conversa pareceu agitada demais apenas para a outra mulher, eu soube o quanto aquilo iria a doer depois. Camila não a amava o quanto me amava, era visível, mas ela esteve com ela por alguns anos e é claro que tinha sentimentos por ela. Eu não me senti mal, fora de controle ou com ciúme em vê-las juntas. Eu sabia que iria doer mais para elas agora do que para mim e Camila sempre esteve em primeiro plano, agora não seria diferente. Ariana a beijou antes de fechar a porta e eu vi a dor em seus movimentos após ser deixada. Ela amava Camila.

Voltei ao seu lado e segurei sua mão novamente. Ela tentou limpar as lágrimas sozinha, mas fiz isso por ela. Camila sorriu. Me beijou e me abraçou forte. Senti sua dor atravessar minha alma. Ela havia me escolhido sempre. Eu a respirei, a senti, a amei, a vivi, a abracei com tudo o que eu era. Ela teve que saber, eu estaria ali para ela agora e sempre.

Beijei seu rosto e tomei sua mão outra vez. Nós guiei até a areia. Estávamos na praia. Era quase pôr do sol. Paramos de frente ao mar. Ela inclinou a cabeça para meu ombro mais uma vez. Eu a abracei de lado. O som do vento forte batendo contra nós. As ondas quebrando pouco mais a frente. Ela soluçou. A trouxe mais pra mim. Beijei o topo da sua cabeça.

Eu soube que não seria fácil. Nunca seria. Mas aqui estávamos tentando nos apoiar até nossas últimas forças. Eu não a deixaria desabar nos meus braços agora. Eu a manteria forte. Talvez o pior tivesse passado. Eu tive que pensar positivo para permanecer forte por ela.

Não dissemos nada por um longo tempo. Camila havia parado de chorar quando o sol se pôs no litoral. As aves migrando para o sul. O inverno estava próximo, mas Miami nunca foi frio.