Capítulo 2

117 15 7
                                    


22 de junho de 2012.Sete da manhã.

- Ei, Gus, acorda. - disse enquanto sacudia ele, incessantemente.

Como sempre, nós acabamos dormindo durante o filme, coisa típica, somos o casal mais preguiçoso da face da Terra.

- Ah, não, Isabela, me deixa dormir, vai. - ele disse com uma voz irritantemente sonolenta, enquanto me empurrava pra fora da cama.

- Isabela, o café já tá pronto! - escuto minha mãe dizer, provavelmente da cozinha, já que a voz estava distante.

- Será que com sua sogra chamando o imprestável vem? - taquei uma almofada nele - ANDA GUSTAVO, A GENTE TEM AULA DAQUI A POUCO!!

Sim, mesmo sendo sábado, teríamos aula. Pelo menos uma vez por mês, o nosso colégio, o São Vicente, colocava aulas aos finais de semana.

Tudo isso porque era ano de vestibular e tinha toda aquela pressão típica de terceiro ano do ensino médio.

Aulas durante o dia todo, milhares e milhares de exercícios, tarefas enormes... Tudo bem que, para mim, não era tão necessário assim. Sempre quis ser jornalista, um curso que não é tão difícil assim de entrar. Já o Gustavo, bem, ele sonhava em ser médico e todo mundo sabe o quão difícil é entrar numa faculdade de medicina, quer dizer, difícil pros outros. O Gustavo sempre foi super nerd, mesmo sem estudar ou se esforçar para isso. Parecia que ele já havia nascido sabendo de tudo.

- Bom dia, meu amor - o Gus disse, enquanto me sufocava num abraço apertado.

- Ué, agora tá acordado? - dei uma risada - anda, vamos descer logo.

Minha mãe estava em casa, era sábado, e ela não tinha obrigação alguma de já estar acordada aquela hora da manhã, mas esse era o lance esquisito com meus pais: eles gostavam de acordar cedo. GOSTAVAM. De verdade, mesmo. Enquanto eu achava um martírio acordar antes do meio dia.

- Bom dia, mãe! - dei um beijo na bochecha dela, enquanto ela ajeitava a mesa do café.

- Bom dia, Luciana - o Gustavo disse, ainda meio desanimado de sono.

- Bom dia, meninos, já estava indo acordar vocês, hein. - ela deu uma risadinha - Aposto que ficaram vendo filme a noite toda e hoje não vão prestar a mínima atenção nas aulas. - ela falou enquanto saía da cozinha - tem café, suco e pão de queijo, tudo que o Gustavo gosta. Podem comer tudo, seu pai e eu já comemos e o Gabriel não dormiu em casa, pra variar.

Gabriel é o meu irmão mais velho, e único, aliás. Ele já tem 23 anos e cursa engenharia, a ovelha negra numa família cheinha de pessoas de humanas, já que a mamãe é publicitária e o papai é professor de história. E eu não sei nem contar quanto é dois mais dois de cabeça.

Gustavo comeu praticamente a mesa toda, no mais profundo silêncio, enquanto eu fiquei só no café - nunca gostei de comer de manhã - pensando em como tudo estava tão diferente entre nós.

A verdade é que, apesar da noite aparentemente divertida, o Gus já não era o mesmo fazia um tempo e isso martelava na minha cabeça, todas as horas do dia.

Nos arrumamos correndo e fomos andando pro colégio, que era na esquina da minha casa.  


Você, de novo!Onde histórias criam vida. Descubra agora