Capítulo 9

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O bar estava agitado como da última vez. Eu fui vestida com minha habitual roupa do trabalho: jeans e camisa de botões. Pus minha sapatilha preta para dar aquele contraste mara com a blusa branca. Meu cabelo dessa vez estava preso num rabo de cavalo, eu usava apenas anéis e a maquiagem era apenas um delineador, rímel e brilho labial. Rafael estava no mesmo estilo que sempre vai durante a semana. Nos cumprimentamos com um beijo- sim, e na boca tá?- e entramos no bar.

-Então, o que vai querer?-Ele perguntou.

-Pode escolher.

-Dois daiquiris de morango.-Ele disse para o carinha do bar. Então virou-se para mim e sorriu ajeitando os óculos.-Essa semana foi agitada né?

-Sim, foi. Pena que eu não pude estar presente em todos os momentos. Você ficou um pouco sobrecarregado, né?

-Nem tanto na verdade. A matriz é que dá trabalho de verdade.

-Eu imagino.

-Pois é.

Os daiquiris chegaram e eu dei um pequeno gole.

-Então? Retomando aquela conversa...você já pensou em como poderia distrair zumbis para poder fugir?

-Na verdade não.-Ele riu.-Eu penso apenas em um transporte para fugir de uma orla deles.

-Prossiga.

-Carro. De preferência alto.

-Certo.-Eu ri rapidamente e beberiquei minha daiquiri. Aquilo estava gostoso, então eu tinha que tomar devagar.

Rafael sorria enquanto falava e fazia gestos. Ele já terminara sua bebida e pedira outra ao passo que eu ainda estava com o meu daiquiri chegando na metade do copo. A coisa toda foi rápida e eu consegui me divertir bastante. Ele disse que iria ao banheiro e eu assenti ficando encostada no balcão. Meu celular vibrou no bolso e eu o peguei para ver quem era. Vi o nome de Elliot e atendi.

-Acredito que não voltarei em poucos dias.

-O que? Por que?

-Minha família está com um grande problema e só dará para resolver se eu estiver aqui.

-É muito complicado?

-Mais ou menos. Não se preocupe.-Ele suspirou.-Está sentindo falta das minhas patadas?

-Não, pelo amor de Deus!-Dessa vez eu que suspirei.-Você faz falta nas reuniões. O Rafael tá arcando com muita coisa.

-É o dever dele. Que barulheira é essa?-Ele perguntou. As dançarinas/cantoras estavam se apresentando e as pessoas elogiando-as.

-Não que seja da sua conta né?-Usei as palavras dele de uma forma mais grosseira.

-O que? Vai falar comigo assim agora?

-Assim como? Eu sempre falei com você assim.

-Não, você está muito além da habitual grosseria.

-Ata. Então só você pode ser grosso de várias maneiras comigo?

-Isso mesmo.

-Você é um babaca mesmo.

-Ei? Vamos? Eu já paguei a conta.-Rafael apareceu tocando minha mão.

-Quem está aí? É o Rafael?

-Não te interessa. Já que não tem mais nada de útil pra dizer, isso é um boa noite.-Então desliguei sorrindo para Rafael.-Vamos?

Como da última vez, paramos na porta do bar e ele chamou um táxi. E para minha surpresa e excitação, ele segurou firmemente minha nuca e me deu um beijo ardente. Senti o típico frio na barriga que sempre sinto quando o cara tem aquela pegada. Uma clara mudança desde a última vez que nos beijamos. Entrei no táxi tentando tirar o sorriso idiota do rosto, e vi Rafael acenar para mim com uma das mãos no bolso e os lábios vermelhos.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora