Capítulo Cinco

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"Boas vindas ao bastardo!"

    Observo atentamente a tempestade que cai por todo o castelo e ouço o som dos trotes dos cavalos na terra molhada — no barro que toda a lama estava se formando —, se aproximarem e o desespero vai tomando conta de mim, forçando os meus batimentos cardíacos a ficarem descontrolados e martelando em meus ouvidos, fazendo com que tudo ao meu redor comece a se parecer surreal. Meu pai e Kirdec, esperam junto a mim, a carruagem de Válion chegar. Eles me confortam discretamente enquanto olhamos a chuva cair no jardim da entrada do castelo. Já fazem seis dias que esse momento me atormenta, desde que a carta foi enviada ao Papa para consolidar a aliança, minhas noites se tornaram agonizantes e nem sequer consigo dormir, pensando nesse dia que infelizmente chegou. Kirdec ultimamente nem parece ser o mesmo, o seu semblante ficou consideravelmente frio e inexpressivo, durante esses últimos dias, mas contudo ele está me dando a maior força possível, apesar de que ele mesmo está ficando sem.

  — O meu coração está se desintegrando a cada batida dos cascos no chão...

    Kirdec sussurra em meu ouvido e isso me desmonta por completo, fazendo-me virar para olhá-lo.

  — Não faça isso comigo, vossa Alteza. — levo minha mão até seu rosto e limpo uma lágrima solitária que insistiu em cair em sua bochecha, Kirdec fecha os olhos com o contato e suspira triste.

  — Aurora, vire-se agora! — meu pai fala autoritário — A carruagem acaba de chegar.

    Ao escutar "a carruagem", o nervosismo fica ainda pior. Viro-me rápido o suficiente para ver os cavalos todos ensopados parando em frente a entrada. Assim que o cocheiro acalma os garanhões, ele vai até a porta do transporte e abre-a já executando uma reverência para a pessoa que sai dela. Logo um homem alto - de idade aparente de vinte anos - sai da carruagem e corre em direção a entrada, onde estávamos todos o esperando. Ele aparece em minha frente, um pouco molhado pelo trajeto que teve que fazer do jardim até a porta principal de entrada. Seu cabelo variava de cor, tendo em vista nuances de loiro claro e escuro, seus olhos eram de um castanho escuro intenso e em seus lábios, um sorriso torto se fazia presente.

  — Vossa Majestade... — ele faz uma reverência em frente ao meu pai — Vossas Altezas.

    Ele repete o ato para nós dois e logo fica ereto, sorrindo gentilmente para todos.

  — É um prazer conhecê-lo, senhor... — Kirdec começa a falar, demonstrando carisma, mesmo que fosse contra sua vontade.

  — Ah, meu Deus, que modos são esses? Se meu pai visse-me agora, eu provavelmente não teria um final de noite agradável. — o garoto ri irônico — Deixe apresentar-me... Sou o príncipe Apollo, bastardo do antigo rei de Válion e irmão do atual soberano.

  — Hum... Bem... É um prazer o conhecer, Vossa Alteza — eu seguro meu vestido e faço uma reverência.

    Apollo dá um sorriso abertamente e pega minha mão direita, depositando um beijo na mesma enquanto olha-me fundo nos olhos.

  — Presumo que você seja a futura esposa do meu irmão, então o prazer é todo meu, princesa Aurora — engulo em seco e o lanço um sorriso fraco. —, vejo que é muito bonita, faz jus ao seu nome.

  — De fato ela é sim, porém não devemos esquecer que ela está com o casamento marcado, que aliás é com o seu irmão!

    Kirdec alfineta sem nem ao menos disfarçar o ciúme presente, enquanto Apollo apenas afastá-se de mim e ri sarcasticamente revirando os olhos.

  — Sim sim, longe de mim insinuar ter segundas intenções com minha adorável cunhada — Kirdec solta um rosnado e Apollo apenas ignora.

    Drillian e Sara logo chegam para dar as boas vindas ao príncipe, sendo escoltados pelos guardas. Minha irmã agora usava vestidos mais chamativos e elegantes, com o seu cabelo preso em um coque perfeito e sua coroa de rainha, reluzia acima de seus cabelos ruivos. Seu marido agora, se portava com mais seriedade, e usava uma roupa semelhante aos dos oficiais, mas com mais detalhes e com certa luxuria nas mesmas, seu cabelo estava penteado para trás com a coroa encima. Eles pareciam mais adultos e se portavam como soberanos, mesmo que faça pouco mais de uma semana que se casaram.

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