A jabuticabeira

Capítulo 11

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"Ana, melhor você dormir" tudo o que queria era provar de fato sua boca, mas ela estava bêbada, não existia outro motivo pra ela estar me cantando assim. "Você ta me recusando, Vi?" Ela fez um biquinho com a boca e eu ri "Você ta tão bêbada que ta imaginando o gosto do meu beijo, Naclara" eu falei, ainda rindo "Oxe, mas eu conheço ele já" ela falou séria demais e eu dei mais risada "Ana, a gente nunca se beijou" eu dei uma batidinha na testa dela "Você lembraria se não estivesse tão bêbada quanto eu to agora, que você me chamou pra deitar bem nessa cama e depois me beijou..." Ana falou se embolando e tropeçando em algumas palavras, mas eu não ri como antes, fiquei séria. Eu não lembrava de nada daquele dia, eu poderia muito bem ter feito isso. "...eu te beijei também, mas você me beijou primeiro, podia ser o contrário hoje né". Mesmo deitada, senti minhas pernas tremerem e arrepiei toda a espinha. Ana ainda estava sentada na cama, enquanto eu, deitada, apenas com a cabeça encostada na cabeceira, a fitava. Foi aí, que eu senti Ana Clara segurar firme minha mão e com a outra, fazer um carinho na minha bochecha com o polegar. Devagar, ela deixou minha bochecha e passou a mão por trás do meu ccabelo parando na nuca. Suspirei. Seus olhos me fitavam de uma forma que eu nunca havia visto antes, nem mesmo aquela hora antes dos meninos chegarem foi tão profunda. Ana foi aproximando seu rosto do meu, fitando minha boca e somente ela. Sorri ao perceber que ela mordeu o lábio. Quando estava próxima o suficiente de mim, Ana me olhou uma última vez, quase que pedindo permissão, minha reação foi apenas acabar com aquela mínima distância, juntando logo nossos lábios, num beijo lento e, ao mesmo tempo, quente. Nossa boca se encaixava perfeitamente uma na outra, e se eu soubesse não teria me esquecido do nosso primeiro beijo, que deve ter sido surreal. Ana se afastou, pra recuperar o fôlego e colou sua testa na minha, sussurrando um "eu te amo", a única coisa que consegui fazer foi a puxar pra um outro beijo, agora com mais desejo. Sua mão percorria minha cintura, meu quadril e minhas pernas, enquanto a minha aprofundava o beijo colando nossos corpos cada vez mais. Ana parou, por fim, me olhando e eu sorria, provavelmente só conseguiria sorrir nos próximos dias. "Eu te amo. Espero que não se esqueça disso ao acordar amanhã"  Ana terminou de falar, e voltou a se aninhar no meu corpo, eu a aconcheguei no meu peito, como ninho faz com passarinho, e a apertei, querendo numa mais solta-la.

(...)

Acordei no dia seguinte, com Ana me chamando, ao abrir os olhos, a vi sentada do meu lado, me observando. "A gente precisa conversar, não acha?" Ana Clara disse quando eu já estava sentada "A gente precisa conversar" eu concordei e me endireitei na cama, esperando ela começar.