"Sabe, Tsukki terminou comigo."
Um sorriso zombeteiro estava sempre presente no rosto de Kuroo. Qualquer coisa que saia da boca dele sempre tinha um tom de afronta, um brincalhão beirando a provocação. Até mesmo em partidas onde encaminhavam-se para o caminho da derrota aquele maldito sorriso estava lá, zombando da própria desgraça.
Mas nessas simples palavras Kenma não encontrou nenhum sorriso, não identificou nenhum tom de provocação ou zombaria. No rosto não tinha nenhum traço de divertimento.
Kenma questionou ao amigo como ele estava, recebeu um "acho que era pra acontecer, não tinha o que fazer" de forma indiferente, com uma mão sendo levada ao próprio pescoço em um sinal de normalidade. Kuroo não o encarava nos olhos. O olhar estava distante, os pensamentos talvez no mesmo caminho afastado.
"Não finja que está bem. Não na minha frente, seu idiota."
Era a frase que Kenma gostaria de dizer, mas a guardou consigo. Assim como guardou os questionamentos e curiosidade envolvendo os motivos do fim do relacionamento do amigo, não lhe diz respeito.
Segundos depois o levantador chegou a uma conclusão que não queria chegar. Não precisava ser um gênio para descobrir um certo detalhe, Tsukishima não tinha vindo fazer visita nenhuma, o termino aconteceu pelo celular.
Kenma se considerava uma pessoa observadora. Sempre gostou dessa característica sua, percebia coisas que ninguém mais percebia ou demoravam para notar. Mas pela primeira vez na vida ele tinha desejado não ser assim, tinha desejado ser um pouco aéreo ao seu redor porque reparar na falsa alegria de Kuroo durante o treino... foi sufocante. Queria ter um botão para finalizar a partida ou pula para próxima fase do jogo, a fase que Kuroo estaria bem de novo.
Pare de dá esses sorrisos falsos. Está me deixando irritado, e ficar irritado cansa.
Errou o bloqueio de novo...
Se não está animado, não precisa fingir estar.
Ficar preocupado era cansativo, Kenma reparou.
A caminhada até o metro nunca foi tão silenciosa. O único som era do pequeno console que o levantador do Nekoma estava jogando. Nenhum dos dois falavam algo. Kuroo aparentava nem estar presente, e Kenma não sabia iniciar diálogos. De segundo a segundo olhava o amigo pelo canto do olho, que nem sequer reparava.
- Neh, Kuroo — arriscou alguns segundos depois de entrarem no metrô e se sentarem, mas sem tirar os olhos do jogo. E agradeceu que falou em um tom normal.
- Hm? — Kenma quase soltou um suspiro aliviado por sua voz ter chegado até Kuroo.
- Está tudo bem, Kuroo — continuou, ainda sem tirar os olhos do visor ou parar de jogar. Sentiu o olhar sobre si e quase desistiu de falar. — Você pode chorar. Está tudo bem, não tem problema. Não tem ninguém aqui pra ver. E não é nenhuma vergonha isso, pare de prender o choro.
O capitão de Nekoma arregalou os olhos como se tivesse sido pego desprevenido por um tapa. A expressão deu uma leve suavizada, para logo depois...
Kuroo ainda tentou. Tentou impedir e soltar alguma resposta brincalhona digna de Kuroo Tetsurou, ele até a tinha na ponta da língua pronta para ser solta.
Mas a medida que foi sentindo seus olhos ardendo, sua garganta parecia se fechar, o impossibilitando de falar ou pronunciar qualquer som. Água acumulava no canto dos olhos, foi desfigurando o rosto em uma careta tentando inutilmente impedir o que estava prestes a vir.
E elas desceram.
Pequenas lágrimas desceram livremente.
Uma seguida de mais uma.
Depois mais outra.
E outra.
Kenma sentiu um peso no ombro esquerdo e automaticamente seus dedos param de fazer as coordenadas do game, o fazendo perder.
A breve música de game over foi trilha sonora por segundos, depois o silêncio se seguiu.
E Kuroo foi finalmente liberando sua tristeza, o choro que veio prendendo desde o início, um grito silencioso de um coração partido. A cada lágrima seu coração pesava mais, apertava mais, sufocava mais; suas lágrimas não eram apenas uma manifestação da tristeza, mas também uma aceitação da realidade. O termino realmente aconteceu. Estava encarando de frente sem uma máscara de indiferença agora.
Kenma ficou parado, sendo o pilar do amigo. Não podia fazer aquela dor passar, mas pelo menos podia ser a pessoa que ele se apoiaria.
Difícil dizer por quanto tempo durou, os dois pareciam alheios ao tempo decorrido. A única coisa que Kenma prestou atenção foi ao redor, e agradeceu por não ter ninguém, as únicas pessoas presentes estavam um tanto longe deles e pareciam dormir.
Quando Kuroo levantou a cabeça e se endireitou melhor no banco, Kenma não o encarou como forma de respeito, continuou olhando para frente esperando algum sinal.
- Eu devo estar patético, que vergonha. Como um capitão pode agir assim? — com um grande alivio, o levantador do Nekoma percebe um leve indicio daquele tom zombeteiro na fala. Kuroo esfrega as mãos pelo rosto, numa tentativa de melhorar a aparência, possivelmente inútil, porque os olhos continuariam vermelhos. Quando o Kozume estava prestes a recomeçar seu jogo, fazendo uma breve careta por ter que começar tudo de novo, sente uma mão no topo de sua cabeça, o forçando para baixo, quase o desequilibrando e o fazendo cair do banco. — Obrigado.
Kenma não reclamou de ter que recomeçar o jogo.
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Acho que consegui fazer como queria :'3 que dor, eu matei meu KuroTsuki ;;
Mas ai, o momento KuroKen ficou bom? Enxergou mais algo entre eles além de amizade? XD espero que tenha gostado \=3=/
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Just Cry
Fanfiction"Sabe... Tsukki terminou comigo." K U R O O & K E N M A || BROTP Broken!KuroTsuki