Capítulo 55

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Mesmo Gilmar me contando isso não consigo o perdoar. Sempre fui de guardar rancor fácil e para perdoar sempre foi mais difícil mas também me deixei levar pelo beijo de Hector, sei que ele está com raiva disso tanto quanto eu estou dele. Decido ficar de boa com ele mas sem sentimentalismo bobo.
Passeamos pelo centro de Viena, é tudo perfeito, algumas estátuas e a catedral é fantástica. Andamos de charrete também, em Viena não estava tão frio como em Innbruck mas também tinha neve, pouca mais tinha. Não era muito diferente, com prédios antigos de arquitetura excepcional.

- Gilmar, quero descansar. Esse tour pela cidade me cansou demais.

- Tudo bem, quer comer alguma coisa? Parece que ele adivinhou!

- Quero batata frita com bastante maionese e um refri. Paramos em uma lanchonete e ele faz o pedido, ele me ajudar a comer também.

- Acho que comi demais.

- Só não vai passar mal aqui, por favor. Melhor nem lembrar da última vez.

Apesar do que ele viu, continuou me tratando bem. Será que ele sabia de mais alguma coisa?
Voltamos para o hotel, e Gilmar faz planos para o bebê .

- Já tem um nome para por? Ele me surpreende me fazendo essa pergunta.

- Acho bonito Yohana ou Enzo.

- Bonitos mas eu gosto de Nathalia e Pietro. Nada mau. Também gosto desses nomes.

O combinado foi que se fosse menino Gilmar escolheria e se fosse menina eu ia escolher. Conversamos muito nosso filho ou filha e dormimos, eu ainda não tinha aceito essa história dele com Eliza, por isso dormi distante mesmo dormindo na mesma cama. No outro dia bem cedo saímos para conhecer mais de Viena, o centro da cidade é perfeito, acho que não tem lugar mais bonito do que aqui, a Áustria também é encantadora. Se eu pudesse voltaria aqui outras mil vezes.
Gilmar, quase não deu muita atenção para mim, estava muito ocupado resolvendo seus assuntos do hotel pelo celular. Eu estava nem ai, eu queria ir para casa logo, o dia foi longo, jantamos no hotel, uma dessas comidas típicas que sempre acompanha batata e carne. Logo depois fomos para o aeroporto, conversamos pouco mas esse pouco me deixou muito triste. Será que ele já cansou de mim, e não quer mais ter nenhum tipo de relacionamento comigo?

- Quando estivermos lá, quero que você fique em sua casa, descanse! Preciso pensar nisso tudo que aconteceu mas prometo te pegar a noite para passar a virada com minha família.

- Vai ser melhor assim. Não posso dar o braço a torcer.

E passamos o resto da viagem sem se falar, alguns momentos ele passava a mão em minha barriga, eu sentia que ele queria manter a esperança de algo. Eu me mantive firme, não queria ser fraca e ceder. Da mesma forma que fui, eu voltei, ou seja dormindo.

*

Chegamos perto do almoço em Florianópolis e de volta ao hotel, Gilmar me dá um beijo na testa e eu vou para o hospital, preciso saber de Roberto.
Chegando lá, eu já podia esperar por isso, Suzi está ao seu lado super abatida, já vem soltando os cachorros em cima de mim.

- Viu sua vagabunda, o que você fez com ele. Foi para isso que o tirou de mim? Nem me dou o direito de responder, não vim aqui para bater boca com ela.

Roberto teve traumastimo e está em coma, em sua testa uns 10 pontos e os médicos não sabem dizer se vai ter sequelas. Sua perna que ficou presa, foi moída e nela tem aquela antena.
Como a obsessão de uma pessoa chega a esse ponto?

Sai do hospital e fui para casa de Gilbran, Joice e ele estavam no maior amasso enquanto David brincava com Thai. Mato a saudades do meu filhão e conto da viagem para Joice mas não contei da gravidez nem da Eliza e Hector. Já são quase 7 horas quando Gilmar chega para nos levar para Balneário Camboriú, são poucas horas de carro e nossa ida naquele silêncio total.
Assim que chegamos ao hotel a família de Gilmar já esta toda lá, isso me dá um nervoso e corro para o banheiro, vomitando, é óbvio.
Gilmar bate a porta e pede para me arrumar.

- Amor, sei que você ta passando mal mas quero que você se arrume, fica ainda mais linda do que já é, minha mãe comprou um presente para você e quer que você use hoje. Vou deixar no quarto aqui ao lado. To muito cansada, queria dormir mais, só que não é possível .Tomo meu banho e Joice está a minha espera no quarto.

- Oi tia, vim te ajudar porque sei que você gosta de opiniões.

Delineado de gatinho, cílios postiços e máscara, um batom rosa bem claro, base e corretivo para as olheiras, pó, iluminador e um blush para me deixar corada. No meu cabelo ela faz alguns cachos, faz umas traças na lateral e preenche com margaridas brancas.
Só de olhar assim, to me achando a mulher mais linda, já faz um tempo que não me sinto assim. Tem uma caixa bem grande com um laço vermelho e deve ser este o presente que a mãe de Gilmar quer que eu use.
Abro a caixa e ali tem um lindo vestido longo branco, ele é uma regata grossa, com decote em v, marcado na cintura com uma faixa cheia de cristais, ele vem aberto na frente até a coxa. Eu visto e parece que ele foi feito perfeitamente para mim. Uso uma sandália de renda branca que combina com o vestido.
Joice sai e eu fico ali me admirando, perco alguns minutos conversando com o bebê e quando chego na sala, só está Gilbran e o David.

- Ai desculpa, Giba que hora que é? Eu me atrasei muito né?

- São 23:20, não ta atrasada não, é que Gilmar já foi levar eles para nosso espaço na praia. E você vai comigo. Descemos pelo elevador, conversando sobre coisas sem significados, até passarmos pela recepção e uma das recepcionistas comentar.

- Boa noite, Senhor Gilmar deixou esse presente aqui, pediu para entregar antes de você sair.

Um belo boque personalizado, andamos alguns minutos e Gilbran vai na frente porque David pediu para arrumar sua sandalinha. Ele estava tão lindo com aquela calça branca e camisa azul que combinava com o buquê. Vou até onde vi Gilbran ir, é inacreditável o que eu vejo, não consigo controlar as emoções, estou tremendo e chorando. Ele fez tudo isso escondido de mim...

Chama do pecado - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora