24 - Destruidora de corações

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Chuto a bola com atrocidade, ela rebate na trave e cai diretamente nas mãos de Gianluigi Donnarumma

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Chuto a bola com atrocidade, ela rebate na trave e cai diretamente nas mãos de Gianluigi Donnarumma.

Não consigo.

Meses atrás eu estaria feliz feito um adolescente prestes a perder a virgindade por jogar contra o Milan, mas, não dá. Eu não aguento mais!

Começo a chorar no meio do estádio e pouco me importo se milhares de pessoas estão a olhar para mim, confusos. "Você tá bem, Paulo?" Pjanic toca meu ombro, preocupado.

Não consigo encara-lo nos olhos. Ponho as mãos no rosto para tapar as lágrimas que deslizam incessantes por minhas bochechas e sinto-me envergonhado.
"Vamos, Paulo!" Allegri grita do banco de reservas. Puxo um pouco de ar e tento ter força para encarar o rapaz a meu lado.

O árbitro vem até mim. "Você quer continuar?"

Balanço a cabeça, assentindo. Faltava pouco menos de seis minutos para que a partida se encerra-se e já estávamos a ganhar. Eu não podia abandonar eles agora.

Uno toda a força que ainda possuo e com o sinal do árbitro para que voltemos a partida, roubo a bola de Suso, passo por Boaventura durante segundos de distração, toco para Gonzalo, que fechado, toca de volta para mim e estou a frente de Donnarumma. Com precisão, dou um chute certeiro, ultrapassando as mãos do jovem goleiro.

A torcida vibra com o gol mesmo em minoria ali, no estádio do Milan. Um de nossos grandes rivais.
Os jogadores vem até mim e me abraçam. Forço um sorriso comemorativo mas estou tão impaciente para sumir que nem mesmo me recordo de fazer a comemoração da máscara.
Talvez as pessoas nem percebam. Desejo.
Ou talvez eu esteja pálido o bastante para que elas assimilem que estou mal e decidam não me perguntar. Como diz Buffon.

O sopro do árbitro contra o apito irritantemente anuncia o fim da partida.

Suspiro aliviado por aquilo chegar ao fim, mas não estou preparado para encarar todos os repórteres que nos aguardam na beira do gramado.

"La Joya" uma das pessoas grita pra mim. "Você teve notícias do paradeiro de Katrina Cavalieri?"

Estou rígido.
Decidido a ignora-los pouco antes de deixar o estádio, reinvidico daquela ideia e estou a frente dos jornalista. "Estão me filmando?" Eles assentem. "Katrina e eu engatamos um relacionamento a poucos meses, e na noite do último domingo, ela saiu de minha casa e não foi mais vista."

"Vocês haviam brigado?" Uma repórter supõe. Fico vermelho.

"Não vem ao caso o que fazíamos." Suspiro. "Quero reprisar que quaisquer informação que tiverem sobre minha namorada, entrem em contato. Ela é arduamente importante para mim e imploro que não liguem para repassar notícias falsas. Não estamos em uma brincadeirinha! É a vida de alguém e estou disposto a pagar o que for para tê-la de volta."

Um homem está a minha frente, com a câmera muito perto de meu rosto. "Na internet rolam comentários sobre você ser o verdadeiro oposto do ditado: "Azar no jogo, sorte no amor". -ele ri, e é acompanhado pelos outros. Não encontro graça alguma naquilo. "Você por um momento já chegou a ir se benzer na igreja ou algo do tipo?"

Olho para ele. Para seu microfone. Para o flash daquela câmera tão próximo e estou desesperado.

Alguém envolve meus ombros e olho para o lado apenas para ver Buffon a me puxar. "Vamos, Paulo!"
Balanço a cabeça. Atordoado.

Esqueço quaisquer chamado dos repórteres e sigo o goleiro para a escada que nos leva até o vestiário. "Você precisa de um banho. Tem de por essa raiva pra fora. Chore, se preciso for, mas não desista. Não ligue para piadinhas como essa!"

Fecho os olhos. Trêmulo.
"Ele está certo! Porque sou sempre eu a ter de passar por isso, Gian?" Me sinto devastado. "Eu nunca consigo ser feliz com alguém, porque Deus sempre as tira de mim! Estou tão...cansado!"

O jogador aperta meu ombro ainda com suas luvas em mãos. "Olhe para mim!" Ele sussurra. Olho em seus olhos. "Você é um bom rapaz e se está passando por tais tempestades é porque há um lindo dia de sol esperando por você lá na frente."

Meu coração está quebrado. "Estou com medo desse dia nunca chegar"

Minhas esperanças desapareceram junto com os cacos estilhaçados de meu coração. Jogados ao lixo.

"Desistir não é coisa do Paulo que conheci." Ele está sério. Olho mais uma vez para seu rosto sem o entender. "Aquele garoto transferido do Palermo para minha equipe sempre me disse para nunca desistir do meu sonho de ganhar a Champions, e mesmo que difícil, sempre o ouvi, até que o próprio me ajudou a conquista-la."

Seus lábios estão numa linha reta. Sua expressão é irreconhecível para mim. "Eu não vou te deixar desistir. Nunca te deixaremos." Buffon completa com seu tom paternal, antes de me deixar na porta da casa de banho no vestiário.

Percebo então que metade dos caras estavam olhando para mim. Para nossa conversa.
Foi naquele instante que percebi que eu não estava sozinho. Todos estavam lá, por mim, e sempre estiveram.

KATRINA | DYBALA ✨ Onde histórias criam vida. Descubra agora