Jeongguk mal podia esperar para completar 21 anos.
Embora partilhasse da um tanto negativa filosofia de que coisas como aniversários, mudanças e viradas do ano não significavam nada se a pessoa em si não tomasse alguma atitude, não podia impedir seu humor esperançoso conforme a data se aproximava. Sentia que algo mudaria com os seus 21 anos, e quando a contagem regressiva se iniciou, sorriu animadamente para Yugyeom, o amigo da família que havia passado a noite ao seu lado. Jeongguk sabia o que aquela presença constante significava, mas quando a contagem chegou ao fim, alertas vermelhos foram acionados em seu cérebro, fazendo com que ele rapidamente buscasse a mão do garoto e a envolvesse em um aperto desconfortável.
— Fe-feliz ano novo, Yugyeom — Jeongguk gaguejou.
Tentando esconder sua óbvia decepção, Yugyeom apertou a mão de volta, dando um sorriso forçado.
— Feliz ano novo, Jeongguk.
—
Jeongguk acordou na manhã seguinte mal-humorado, com dor de cabeça e pena de si mesmo. Era um dia lindo lá fora, com uma doce brisa entrando pela janela. Tudo seria perfeito se não fosse pela covardia que Jeongguk sentia queimando no peito.
Por que diabos você não o beijou?
Interrompendo seus pensamentos, um pequeno furacão entrou em seu quarto, jogando-se sobre o seu peito.
De todas as coisas favoritas sobre sua família, Taehyung era talvez a maior. O menino dois anos mais novo parecia ter um espírito leve e livre, sempre dizendo o que pensava e lendo sobre expressionismo pelos cantos. Não tinha medo de mostrar afeição e Jeongguk, com a sua perpétua timidez e dificuldade de dizer o que sentia, era grato por esse temperamento. Deixava as demonstrações de afeto mais simples. Tudo parecia simples e belo para Taehyung.
— Bom dia, dorminhoco. Appa quer falar com você — ele comentou de algum lugar no meio das cobertas azuis.
— Obrigado, Tae. Vou levantar.
O mais novo não se moveu, talvez percebendo que algo estava errado. Taehyung era sensível demais a humores para deixar algo passar.
— Yugyeom nem é tão bonito assim, Gukkie.
— Mark-hyung também não, e você o beijou mesmo assim.
Taehyung se calou. Ele tinha razão.
— Sim, mas eu quis beijá-lo, então beijei.
— Eu também queria beijar o Yugyeom.
Taehyung levantou a cabeça do peito de Jeongguk, confuso.
— Então por que não beijou?
— Eu entrei em pânico!
O garoto soltou uma gargalhada.
— Não se preocupe, Jeonggukie. Não beijar alguém na virada não significa que não irá beijar ninguém esse ano. Agora levanta, appa está esperando.
Com um molhado beijo em sua bochecha, Taehyung se levantou e saiu, deixando para trás um rabugento Jeongguk se perguntando como seu irmão conseguia.
—
Jeongguk gostava de dizer que tinha uma família peculiar. Com um irmão que se movia como uma força da natureza, era "de se esperar" que seus pais fossem um casal não muito convencional. Essa era uma dedução um tanto equivocada.
Jeongguk havia aprendido que seres humanos são únicos e que pessoas extraordinárias como Taehyung podiam ser geradas de casais completamente normais como seus pais, e que não havia problema algum nisso.
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questão de tempo; jikook
RomanceJeon Jeongguk tinha 21 anos quando descobriu que os homens de sua família tinham um segredo: podiam viajar no tempo. Decide então que sua missão dali em diante era usar seu poder para conseguir o que mais queria: um namorado.