O dia começa calmo e sereno. Como sei disso? Porque são 8 da manhã e eu estou deitada, com a luz do sol iluminando meu quarto.
Meu despertador para de tocar assim que o pego. 8:01 da manhã.
Bocejo e levanto, caminhando lentamente em direção ao banheiro. Lavo o rosto e suspiro, pensativa. Estou disposta a fazer de tudo para que hoje seja um dia diferente dos de sempre.
Vou ao guarda-roupa e escolho uma blusa branca com detalhes amarelos, e um short jeans. Coloco uma sandália, arrumo meu cabelo, deixando-o solto, e pego minha bolsa. Dentro dela há uma câmera fotográfica amadora simples e 20 reais.
Na mesa da minha pequena sala há um bilhete. É da minha mãe, e como sempre, diz que saiu para o trabalho e vem por volta das 6 da tarde.
Pego minhas chaves e saio para o dia clássico de sol. Não que eu não goste, pelo contrário, acho os dias mais confortáveis, porém também os mais comuns.
Ah sim, meu nome é Denise Cayl, mas me chamam só de "Nise". Tenho 15 anos e sou uma pessoa bem normal. No momento estou saindo para aproveitar o primeiro dia das minhas férias de verão. O meu normal para esses dias é ficar em casa sem fazer absolutamente nada, mas isso me cansou mais do que se estivesse fazendo alguma coisa. Por isso decidi simplesmente sair. Não posso dizer que o meu é o melhor bairro, mas é um dos mais tranquilos de se andar, e é isso que pretendo fazer, simplesmente andar por aí.
Talvez não seja uma coisa super diferente, mas é algo. Andar um pouco é sempre bom, e há sempre a possibilidade de uma mudança de planos.
Além da câmera também peguei meu celular, mesmo estando com a bateria em 15%.
Talvez eu devesse ter chamado alguém para vir comigo, mas as possibilidades de alguma das pessoas que eu conheço não estar dormindo e pretendendo ficar assim até meio dia ou uma hora são bem pequenas. E eu queria aproveitar o horário. Adoro ver como as ruas ficam com o sol das 8.
Minha desatenção e pressa em sair foi tanta que acabei deixando de lado o fato de estar morrendo de fome. Vinte reais dá para tomar algo, só penso se algo além disso venha a surgir... De qualquer jeito, resolvo ir numa pequena padaria perto de onde estou.
O movimento agora aumenta, mas nem tanto.
Quando chego à padaria peço uma xícara de café e um pão de queijo, para depois me dirigir à uma mesa pequena, de dois lugares, onde fico sentada somente pensando.
- Os pães daqui são os melhores, não são? – diz uma voz atrás de mim - Principalmente os de queijo.
Viro-me e encontro uma garota da minha idade, olhos e cabelos pretos, com um meio sorriso simpático. Ela veste uma regata cinza estampada com uma mão com um "dois" e uma calça preta com alguns bordados coloridos.
Ela dá a volta pela mesa e senta-se na cadeira do lado oposto.
- Esse lugar é ótimo, não acha?
Ignoro por um instante a estranheza da situação e sorrio.
- É sim – respondo – Desculpe, mas eu te conheço de algum lugar?
- Agora sim, da padaria.
- É, acho que sim.
- Enfim, me chamo Melissa, e vim te convidar para se divertir um pouco.
- Me divertir? – perguntei, desconfiada – Com uma estranha?
- Não só com uma, na verdade. Há mais quatro pessoas lá fora.
- Não vou sair com desconhecidos.
- É, já esperava essa resposta, então me deixe explicar. – Melissa colocou os cotovelos na mesa, olhando para mim – Considere que somos apenas pessoas entediadas, que acharam outras pessoas entediadas. Nenhum de nós realmente se conhece, o que deixa tudo melhor. – ela abriu um sorriso – Podemos fazer o que quisermos, não vamos nos ver mais mesmo.
Levantei uma sobrancelha, ainda não convencida.
- Olha, não precisa aceitar se não quiser...
Estava prestes a responder, quando um garoto apareceu em seu lado.
- E aí, a menina já aceitou? – perguntou ele, olhando entretido para mim.
Ele tinha olhos azuis, cabelo preto e vestia uma blusa colorida com calça jeans azul claro.
- E então, vem ou não? – perguntou a Melissa novamente.
De repente, uma onda de calor e animação me invadiu. Que mal teria, em plana luz da manhã, com muitas pessoas à volta, fazer algo totalmente... louco. Pois sair com cinco estranhos por aí definitivamente não era uma boa coisa. Mas também não tinha de ser necessariamente ruim...
Olhei para a garota e finalmente respondi.
- Vou.
- Ótimo – falou ela, abrindo novamente um sorriso – Então vamos conhecer o restante do pessoal – ela se levantou, eu fiz o mesmo – Ah, aliás, qual o seu nome?
- Nise – respondi eu – podem me chamar de Nise.
- Seja bem vinda, Nise. Esse, antes que me esqueça, esse é o Evan. – falou, apontando para o menino, ao seu lado.
- Bem vinda. – disse Evan, e piscou um dos olhos.
- Obrigada.
Eu sorri, um sorriso pequeno por fora, mas enorme por dentro, e deixei a padaria, com uma xícara de café vazia e migalhas na mesa.
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Mais um Dia
RomanceDenise , uma menina com uma vida escolar parcialmente agitada, finalmente entra em férias. Porém, até mesmo esse período de descanso se tornara algo repetitivo para ela, sabendo disso pelas experiências passadas. A garota - que possui um reprimido i...