Capítulo sete

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O medo

Rebeca já não conseguia mais esconder o seu pavor naquele momento. Bruno fez sinal para que subisse as escadas.
_Me leve a seu quarto. _ela não se mexeu. _Agora !
Eles subiram, ao entrar no quarto Bruno tranca a porta.
_Por que fez isso ? Por que postou a foto ? Eu disse que você não deveria fazer isso, eu não queria ter que te machucar.
Ele dizia isso se aproximando, e ela andando pra trás, até que ela caiu na cama.
_Perfeito.
Ele disse pegando Rebeca pela cintura. A essa altura ela já estava chorando de medo.
_Por favor Bruno, o que você vai fazer ? Não por fav..._ ele tapa seus lábios.
_Quietinha, não quero ouvir reclamações. Sei que seus pais não estão em casa, e sua empregada não vai poder te ajudar. A gente só vai se divertir. Ou melhor eu vou. _ele disse isso dando gargalhadas.
O medo se transformou em desespero, ela se debatia. Bruno era capaz de tudo.
_Eu disse pra ficar quieta. _ele disse dando um tapa na cara dela. _Eu disse que você não me conhecia, e que iria se arrepender.
Ele disse levantando o vestido azul e passando a mão pela sua cintura. Em nenhum momento a beijou. Apenas passava a mão por todo seu corpo.
A virou em rapidez de costas para ele e tentou tirar seu vestido ela se mexia, então ele rasgou. Gerson havia dado aquele vestido. Bruno beijou suas costas e descia até a panturrilha. Rebeca alcançou seu celular e conseguiu desbloquear. Escondeu quando ele subiu pelas suas pernas, até chegar em sua vagina. O celular caiu da cama fazendo barulho.
_Você é uma má garota. _Ele disse com um sorriso malicioso. Pegou o celular e o tacou longe o fazendo quebrar.
_Quem iria chamar ? Gerson ? Ele só serve pra isso não é ? Cachorrinho seu ?
_Não fala assim dele! Bruno por favor o que vc ta fazendo é errado.
_NÃO ADIANTA SUPLICAR. _Ele gritou. _quanto mais vc pede, mas eu quero fazer isso. _ele susurrou em seu ouvido.
_Mas porque fazer isso por uma foto ?
_Foto ? Querida eu quero isso a muito tempo, a foto foi só um gatilho a mais pra eu tomar coragem de vir até você.

Tudo o que Rebeca temia que um dia acontecesse em sua vida, aconteceu naquele dia.
Rebeca havia desmaiado de pavor, acordou em sua cama nua. Olhou para os lados e não viu ninguém. Se pôs a chorar. Naquele momento Rebeca queria sumir, estava com nojo de si mesma. "Como ele foi capaz ?" Ela pensava.

Gabriela se arrumava para ir à escola. Desceu, mas dessa vez não tomou café com sua mãe. Estava atordoada.
Chegou na escola e todos olhavam para ela, olhares curiosos, alguns inclusive maldosos, acusadores. Cruzou com Hugo na entrada da sala. O olhar dele estava triste, cansado, como de alguém que não havia dormido por dias. Se olharam. Gabriela olhou pra baixo para despersar os olhos dos dele que estavam gritantes como se quisesse falar bem alto o que estava sentindo, mas não podia.
_Ella ? Como você está ? _Carol disse a abraçando forte.
_Tudo bem, na medida do possível. _Começou a chorar. _Não consigo acreditar no que ela fez, ela sabia que não podia.
_Calma, ta tudo bem, a essas horas ela já ta super arrependida, não vai ficar nessa pra sempre não. Daqui a pouco outro casal é visto se pegando e vocês param de ser o centro das atenções. _Esther dizia sorridente e piscando para Gabriela. Virou-se e sentou em sua cadeira.
Era aula de Geografia, mas Gabriela não prestava muito atenção. Estava de frente,mas podia sentir o olhar fixo de Hugo em sua direção, e não conseguia se virar. Estava com vergonha e medo do que ela fez. E nem ela sabia o porquê estava tendo aquilo. Aquele sentimento, porque sentia que havia o machucado, que não podia fazer isso com ele. Quem fez algo para acabar com a felicidade dela foi ele e agora ela estava mal ? Ela não conseguia entender. O ódio dentro dela foi virando algo que ela não sabia o nome, só não queria sentir. Fechou os olhos com força, tentando assim abafar o choro, mas não conseguiu e se deitou. Chorava baixinho, na verdade quase não se ouvia. Ela aprendeu desde muito pequena a chorar em silêncio, a sofrer em silêncio.

_Rebeca não veio para a aula hoje novamente, dois dias consecutivos ? O babado nem foi com ela diretamente. _Hugo dizia a Gerson.
_Estou preocupado, a amizade dela com Gabriela sempre foi muito boa,e pelo jeito que a Gabriela está, a situação não ta nada legal. Provavelmente visitarei ela hoje. Quer vir comigo ?
_Você acha mesmo que vou com você ? Pra atrapalhar o possível retorno do casal ? Você sabe que ainda acredito em vocês dois né ?
_Sei, sei sim. _disse Gerson sorridente.
Tocou o sinal e eles sairam para o intervalo. Gabriela não achou Hugo entre os olhares das pessoas, nem Rebeca, nem Bruno. Estava preocupada por Rebeca, Bruno ela sabia que poderia se cuidar sozinho, mas também estava preocupada com ele. Ela estava andando em direção à parede de grafites e Hugo a seguiu. Mais uma pessoa sabendo do esconderijo.
_Você não cansa disso não é ? _Hugo disse, fazendo ela se virar muito rápido e quase cair.
_Do que está falando ? _Gabriela disse entre dentes, se forçando a prender o choro.
_Você sabe do que estou falando Gabriela, não cansa de brincar comigo ? Não cansa de relembrar o passado mesmo que indiretamente, não cansa de fingir que está bem. Sim porque eu sei que você finge, eu sei que você não está bem.
Gabriela se pôs a chorar na frente dele, ali, sentou-se com as mãos nos joelhos e cabeça abaixada.
_Nada vai me fazer não te odiar. Não foi fácil pra mim, e tenho certeza que pra você é, por isso eu tenho ódio de você. _ela se levantou. _Você que não cansa de pertubar a minha vida não é ? Tinha tudo para passar e decidiu repetir pra que ? Pra ficar na mesma sala que eu e me atormentar com o passado ?
_Eu não te atormento, quem me atormenta com o passado é você. Eu queria esquecer, mas é impossível. Deito todos os dias a minha cabeça no travesseiro e lembro de tudo o que aconteceu. Você acha que foi minha culpa, mas não foi.
_Eu não quero conversar sobre ele. Não aqui, não agora e muito menos com você.
Nesse momento eles se viraram para o lado, algo estava pegando fogo no local perto da biblioteca. Estava começando a incendiar parte da escola, houve tumulto do lado de fora. Hugo puxou a mão de Gabriela e eles correram. Ao chegar na saída da área do grafite para o pátio da escola, caiu uma árvore em chamas, por pouco não pegou a perna de Gabriela que caiu.
_Vamos, rápido. _Hugo disse a levantando. E saíram correndo de lá.

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