Anjo da morte

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Você está em silêncio diante de mim,
suas lágrimas não significam nada.
Lá fora, apenas o vazio, a chuva e o vento forte.
O frio que você sempre me deu
eu lhe devolvo agora.

É gostoso não é?


O frio arde na pele e te deixa roxa.

Você realmente o merece

e não pode fazer mais nada.

Agora sou eu quem está no controle.

Durma na sua última lembrança,

minha querida.

Continua deitada minha querida,

respira fundo e tente dormir,

foi só um pesadelo está bem?
Vou cantar uma canção de ninar

para você fechar os seus olhos,

Adeus.

Deixe-me sussurrar em seu ouvindo, eu estou aqui:
sempre odiei tudo o que você fez,
e eu amava isso.

Pode me chamar de doente,
mas eu nunca senti o suficiente para chorar
por você.

Tão insignificante...

você não significa nada,

apenas uma pedrinha no sapato;
você nunca ocupou muito espaço
no meu coração.
Agora dorme inativa dentro de mim,
nessa última memória:
sua pele clara, pálida e gélida
contrasta com os seus olhos vazios,
ensopados pelas últimas lágrimas;
a enorme cabeleira negra,
bagunçada pelo desespero
de seu último segundo
jaz sobre seu rosto
lindo e perfeito
como o de uma boneca de porcelana;
o sangue ainda quente,
escorre livremente
pelo pescoço.

Durma minha querida,

deixe-me admirar seu corpo esfriar.

Talvez você esteja voando no alto das nuvens.
Talvez você esteja livre sem mim.
Aproveite, meu bem.

Você nunca vai me ouvir
dizer "sinto muito".
Fico me perguntando se você
realmente encontrou a luz,
ou se está chorando
em algum lugar.

É gostoso não é?

O frio arde na pele e te deixa roxa.

Vou cantar uma canção de ninar
para você fechar os seus olhos,
Adeus.
Adeus.

Et sanguis in umbraOnde histórias criam vida. Descubra agora