Et sanguis in umbra

Seus olhos sombrios

enxergam a maravilha
que se esconde
aos olhos apressados.
E sua voz fria
canta uma melodia,
ouça-a cantar:
"olhares mortos por toda parte."

Ela não pode mostrar
e nunca vai sentir por você.
Você está preso e não pode sair,
está ilhado em si mesmo para sempre.
Preso em um corpo oco e desfalecido
Que clama por uma idéia imutável.

Há um momento
quando você percebe que suas escolhas
já não pertencem mais a você,
tudo perde o fundamento,
todas as bases que estruturam a realidade
ruem sob o martelo implacável.

Seus olhos sombrios
agora conseguem ver
o que se esconde.
E essa voz estranha
canta uma melodia:
"olhares mortos por toda parte."

Ela brinda às almas solitárias
que nunca puderam ter o controle da vida.
E a todos que reconhecem o caos,
espera que a escuridão que eles encontraram lhes dê a luz.

Seus olhos sombrios
enxergam os fragmentos de destino
que se escondem
aos olhos apressados.
E sua voz fria
canta uma melodia,
veja-os passar:
olhares mortos por toda parte.

Nossos corações seguros
estão selados
e protegidos
da própria vida.
A moral tirou nossos olhos.

Os olhares apressados
não conseguem enxergar
Mais do que seus ídolos.

Olhares mortos por toda parte...

A verdade é que não há verdade.
Em todas as vezes
eles falharam em
criar uma verdade.

Seus olhos sombrios
enxergam a vida
que se esconde
aos olhos apressados.
E sua voz fria
canta uma melodia,
ouça-a cantar:
"olhares mortos por toda parte."

A vida é fria por aqui.
Um templo sagrado,
porém vazio.
Dentro da sua cabeça
ela consegue ver
o infinito e o devir ser.
Amor fati.